Preparar essa coletânea/premiação e escrever este release é como espremer um furúnculo. Desagradável, necessário e por fim aliviante. Trata-se das dez piores musicas sertanejas lançadas em 2011. Mas não piores por serem óviamente ruins, toscas ou mal cantadas ou produzidas. Ruins também por serem mancadas que caem mal no repertório de determinado artista por destoar do usual (ou do conveniente) ou então pela má influência que exercem no mercado e o triste legado que podem deixar para as próximas gerações.
Esperamos não ser mal interpretados. Não estamos aqui pra avacalhar com tudo e com todos e nem pra desrespeitas ou efender ninguém. Isso aqui tudo é uma brincadeira e a bem da verdade somos fãs de quase todo mundo nessa lista. E até porquê também, isso daqui é um release e devo adiantar que o CD é divertido. Então aumenta aí que isso daí também é sertanejão!
Bloco 1 - Abertura
10) Gustavo Lima & Reginho - Minha mulher não deixa não
Nem tanto pela ruindade, mas por merecimento e representatividade, para o último lugar e simultaneamente abertura das festividades, esta que foi a gravação primordial de um sucesso viral na música sertaneja em 2011. O Marco zero. Uma mancha na carreira de Gusttavo Lima, que é famoso por ser quase 100% autoral, mas cometeu essa gravação com Reginho, que se encontrava praticamente foragido no sul, porque tinha negociado essa musica com duas bandas de forró simultaneamente. Pegou dinheiro das duas e nenhuma das duas levou. No caso dessa gravação com Gusttavo, não se sabe quem pagou quem.
Bloco 2 - Novatos que já começam fazendo merda
09) Pedro Paulo & Alex - Adultério
08) Tom & Arnaldo - Dança com tudo
07 ) Janderson & Anderson - Madrugada (part. Stefhany)
06) Luis Fernando & Zé Miguel - Você quer
OK, a gente já ouviu o Latino fazendo isso de misturar funk com sertanejo, só que o Latino tem o dom pra fuleiragem, vamos nós caipiras lá arriscar um trem desses? Dá nisso. Então esses meninos: Pedro Paulo, Alex, Tom e Arnaldo, os nossos melhores cafetões tem um valiosíssimo conselho a dar, reconsiderem batalhar um vestibular enquanto o sucesso não vem?
Pra Luis Fernando & Zé Miguel a gente até dá um desconto, devem ter sido pego no calor dos acontecimentos e queriam ser o primeiros a replicar aquela pérola do cancioneiro de Youtube, não foram tão "conceituais" quanto aos agorotos do funk. Agora francamente, venhamos e convenhamos, a gravação de Janderson & Anderson é de constranger samambaias. Minha memória afetiva de Stefhany está intacta porque não aguentei esperar ela entrar. A caixa de comentários está aí para isso, se conseguirem ouvir até o final, me contem como ela se saiu.
Bloco 3 - Encontro de gerações no Meio de Campo
05) Henrique & Diego - Canudinho
04) Guilherme & Santiago - Triste e Alegre
Dentre a geração de artistas apadrinhados por Sorocaba, Henrique & Diego são os mais promissores. Com uma penca de músicas próprias e regravações bem sacadas, o segundo disco deles, lançado ano passado é impecável. Nada justifica terem gravado uma música que contém a infame frase "Por você eu bebo o mar de canudinho / e atravesso o pólo norte de xortinho". O compositor deve ter achado essa frase em um bilhete perdido no chão da Avenida Paulista após a parada gay. Só pode.
Já o caso de Guilherme & Santiago é ainda mais grave. Os dois são os grandes penetras da nova geração sertaneja. Estão na estrada a anos, mas conseguem se encaixar em quase todos os eventos e coletâneas dos novatos. Até aqui conseguiram! Não bastasse a letra ser primária, os caras ainda acham por bem fazer uma declamação no meio da música.
Bloco 4 Final - Vergonha Alheia: o pódium dos grandes pés na jaca
Tirem as crianças da sala, o mesmo pessoas de idade avançada, os três grandes vencedores não precisavam fazer o que fizeram, todos os três estavam muito bem obrigado no mercado e as razões que os levaram a cometer essas músicas provavelmente nunca virão à tona ou por serem inconfessáveis ou por não existirem.
03) Fernando & Sorocaba - Pega eu
O contraste é ofuscante. A um ano atrás a dupla Fernando & Sorocaba trabalhava as músicas de um sofisticadíssimo disco acústico, celebrava um contrato com a Som Livre e seu DVD era divulgado na Globo em horário nobre. Mais ou menos na época a supracitada cantora Stefhany era motivo de chacota por usar o mote "Leva eu" em seus clipes toscos. E o que temos aqui? Uma composição do aclamado criador Sorocaba cuja refão contém as pérolas "Pega eu, leva eu, chama eu". Com direito a passagem de hip hop.
02) Jorge & Mateus - Eu quero só você
Que chamem o antigo produtor deles, o maestro Pinochio, coloquem em suas mãos uma chibata e dêem ordens expressas de uma senhora surra nesses caras. Jorge & Mateus não precisavam ter cometido essa regravação. Depois de "Aí já era", o grande disco de 2011, a última coisa que eles poderiam ter feito é uma regravação de um Axé que por sua vez era uma versão para uma música do norte americano Akon. Cópia da cópia. O pior é que nada funciona, um arranjo terrível onde não se distingue direito os intrumentos, um Jorge mais perdido que filho de prostituta em dia dos pais, que não sabe se vai ou se não vai.
01) Michel Teló - Assim você me mata
O grande campeão acabou mesmo sendo o cidadão que com sua "obra" acabou nomeando nossa premiação. Michel Teló anda dando claras demonstrações de que está com medo de entrar para a posteridade como um "homem de uma sucesso só" por conta de sua "Fuginha". Ele já tentou reproduzir o relâmpago com "Se intrometeu" que não emplacou e agora nos aparece com essa nova tentativa de sucesso nas baladas. Não estamos aqui dizendo que ele não vai conseguir ou que essa música seja intríscecamente ruim. A versão do forró com a Estakazero é cativante, sucesso em todo o nordeste. O que ocorre é que ela não combina com a "proposta de carreira" - a essas alturas convém acrescentar: se é que ela existe - de Michel Teló. Se comentarmos a importação da coreografia pornográfica no refrão e levantarmos a lebre que de que a música veio de um funk, cuja regravações já foram publicamente criticadas pelo produtor Dudu Borges, a coisa fica ainda mais complicadas. Como vovó já dizia: a língua é o chicote da bunda.