"Eu sou o Jason do pagode!" brada Edcity antes de puxar a massa pra pilar ao som do refrão "... tome pau / tome paulada / tome pau / tome paulada / eu nunca vou morrer". A metáfora não podia ser mais adequada. O cantor Eddy já foi dado por morto diversas vezes. Seja quando saiu do Parangolé para criar o Fantasmão. Seja quando perdeu seu Fantasmão para empresários inescrupulosos e teve que recomeçar do zero com seu Edcity. Até mesmo quando lançou o pesadíssimo disco "Rap Groovado", considerado anti-comercial ou então quando apareceu com "Transfiguração", com musicas de outros artistas e considerado - pasmem! - comercial demais. Este ano, seu disco "Viva, levante-se e vibre" foi considerado por muitos inseguro, indeciso e sem foco e ainda por cima a música que se destacou não era autoral e o pior, versão de uma funk: "Bonde da Oklay". Pois no Salvador Fest deste ano Edcity deu um puta show e mostrou que sim, ele é o Jason do pagode que mesmo depois de morto, ressurge apavorando a concorrência.
E isso aconteceu sem nenhuma reivenção da roda, Edcity simplesmente foi ele mesmo, preparou um repertório de cunho pessoal, não necessariamente autoral e executado com a paudurescência que lhe deu a fama de voz do gueto. Simples assim, conseguiu fazer o melhor show do festival, que foi gravado, divulgado na Interner e aclamado por unanimidade por seus fãs.
Se levarmos em conta a diferença de extrutura e investimento ente esse show e "Confraria dos Fantasmas", o áudio do DVD do Fantasmão, esse pode ser considerado o melhor show fa carreira de Eddy, pelo que representa depois de tudo que aconteceu. Mandando as convenções e as espectativas medíocres do senso comum às favas, abriu com "Bonde da Oakley" e logo em seguida emendou "Sou Favela" recebida com entrega total por uma platéia que pulava alucinada e gritava o refrão aos berros. Uma vinheta de "O coro vai comer" de Charlie Brown Jr. e mais porrada com "Você no muro e nós no bagulho". O jogo estava ganho.
Na sequência, duas atitudes que fazem de Eddy a personalidade mais peculiar do pagode. Primeiro ele pára de cantar "Tão de rajada" para exigir civilidade de um segurança que expulsava um penetra. Foi aplaudido pela platéia. Depois, durante a execução de "Covardia", desce do palco, atravessa a multidão em direção a mesa de som para de lá afirmar sem rodeios que sua banda é FODA!
De volta ao palco, samba de roda de raíz com "Vai no sambão da nega".
A inédita "Papagaio de pirata" foi recebida de braços abertos e com certeza terá cadeira cativa em seu repertório. Após a supracitada "Jason" o hino "Liberdade", dedicado aos presidiários, com sua letra que chora a tristesa de quem, mesmo do lado de fora das prisões, vive aprisionado pelo medo e pelas grades nas janelas e portas de suas casas.
Uma dobradinha dançante "Edcity te pega e te panha / Na geral" e mais musica de conscientização, no caso "Bicudo" da banda New Hit com participação do cantor Dudu: "Me ofereceram pedra/ eu neguei / me ofereceram pó / disse não". "Chupa aqui pra ver se sai leite" é dedicada a Nenel do Sheik Style e que, ainda nos tempos de Parangolé, tece sua parcela de autoria na concepção do groove arrastado, a nova e moderna forma de se tocar pagode baiano que escontrou sua expressão máxima no Fantasmão.
"Acende, puxa, prende, passa, índio quer caximbo índio quer cachimbo índio quer fazer fumaça" serve de introdução da trinca final de "Vizinho conspirão", "Traíra" e "Papu Colombiano". Essa última fez e faz muito mais pelo combate ao crack nas periferias de Salvador que qualquer campanha de qualquer governo ou qualquer ONG: "Atire a primeira pedra quem nunca errou / mas não se jogue na pedra quem nunca se jogou".
No encerramento, tudo acaba onde começou, com um medley de "Bonde da Oakley" e "Sou favela". Enquanto na mídia se discute um projeto de uma deputada oportunista que luta contra as bandas que tocam músicas com letras repletas de baixaria, Edcity começa e termina o show com a versão de um funk, sem apelar nunca, sem deixar a peteca cair e provando que ainda existe espaço e público para seu pagode com conceito. Numa cena da qual o Brasil só conheçe "Rebolation" e "Liga da Justiça", Edcarlos Conceição, o Edcity continua sendo o segredo mais bem guardado de Salvador. Uma relíquia apreciada por algumas dezenas de milhares de sortudos. Como eu e como você, pois abaixo disponibilizamos a discografia solo do rapaz para download.
Baixe o show resenhado neste post > Edcity Ao Vivo no Salvador Fest 2011
Discografia:
Rap Groovado 2009
Transfiguração 2010
Raízes 2010/2011
3 comentários:
VC e o show da minha cidade de são francisco do conde
vc é mo gostoso se eu te pegasse eu fazia vc de um picolé me add paula.mourasantos@hotmail.com!
Edcity o Rei da Favela
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