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Assim o sertanejo se mata" gerou algumas reações que confesso que me surpreenderam, pois acho que peguei bem mais leve do que de costume. A reação mais supreendente foi do produtor Dudu Borges, que nem foi citado diretamente no texto. Recebi uma
sequência de mensagens revoltadas no Twitter, alegando que em meu texto faltei com respeito ao trabalho dele. Bobagem, inclusive ano passado postei que considerava "Fugidinha" a música de 2010 e falei super bem dele, podem conferir
clicando aqui.
Agora uma coisa ele precisa entender. Ninguém está imune a erros. Se na maioria das vezes ele tem acertado, em algumas poucas vezes ele costuma errar. Foi o caso de "Chuva" e "Abelha" de João Bosco & Vinicius e mais recentemente "Ai se eu te pego" com Michel Teló. Não que a música não seja boa, como alguns entenderam de meu texto - e não sem uma certa dose de razão, fui mesmo ambíguo. A música é excelente, mas simplesmente não combina com a proposta de repertório de Michel Teló. Vou tentar explicar.
Não adianta fazer biquinho Michelzinho, fez caca e acabou-se. Pode até fazer sucesso, mas nem sempre ele é duradouro.
Quando abandonou o grupo Tradição Michel num primeiro momento se viu diante da concorrência com Luan Santana como cantor solo. Luan rompeu todos os paradigmas e patamares e hoje em dia Michel nem perto concorre com ele. Apartir do ano passado Gusttavo Lima passou a azedar a polenta de Michel, com a vantagem de ser compositor e com isso garantir a unidade de seu repertório. Como o ex-franjinha não é compositor, precisa firmar-se como intérprete e não é abdicando da qualidade pela busca cega pelo próximo hit, pela próxima "Fugidinha" que ele vai consagrar-se como intérprete.
Não estou aqui isentando Gusttavo Lima de suas próprias cagadas, afinal foi ele quem começou a invasão de "Minha mulher não deixa não" no sul e sudeste e recentemente ele também gravou uma versão de forró, a música "Balada". Mas é que Gusttavo tem o salvaguardo de ser compositor e sempre poder se redimir com um próximo e perfeito disco.
Gusttavo Lima e Reginho, maculando uma discografia até então impecável
E por falar em perfeito disco, nem tudo são espinhos na crise criativa atual da música sertaneja.
Fred & Gustavo já estão com o terceiro disco disponível na Internet. Também autorais, os meninos arriscaram uma estratégia inédita para sua estréia em DVD. Ao invés de um apanhado geral da carreira, recolheram-se em uma sitio no Mato Grosso do sul e montaram seu repertório inteiramente do zero. Com exceção da música "Armadilha" o repertório é inteiramente inédito. E muito bom, convém muito frisar.
Tem de tudo no disco, desde a pegada pop moderna a modas de viola. Algumas faixas merecem destaque. "Lendas & Mistérios", a primeira música de trabalho, gravada com Maria Cecilia & Rodolfo tem uma letra maior que o padrão e o refrão é mais complexo que o usual. "Então valeu" tem uma cadência de arrocha e é permeada por uma sanfona muito bonita. "Inesquecível" é pau pra toda obra, caberia inclusive no repertório do Restart ou até mesmo Jota Quest. Frente a isso, qual não é a surpresa ao nos depararmos com "Sem você aqui", que está a altura dos grandes clássicos da música sertaneja.
Fred & Gustavo e a grande bola dentro de 2011
Ainda voltarei a escrever sobre esse disco, quando sair o DVD com a apresentação de Fred & Gustavo em Uberlândia. Citei o disco pra não me chamarem de chato, rabujento e resmungão que reclama de tudo. Existem coisas boas sendo lançadas. O disco ao vivo em Goiânia de Humberto & Ronaldo é muito bom. Tuta Guedes acabou de lançar seu segundo disco, que arrisca ser o mais pop do ano. João Carreiro & Capataz, mesmo amargando uma geladeira na Som Livre, estão se mantendo vivos no mercado, fazendo participações especiais em diversas gravações de amigos. Continuo um filho da puta de um otimista e não me incluo entre os que apregoam o fim do sertanejo jovem, moderno e urbano. Pessimismo só é saudável quando se aguarda a visita da sogra em um feriadão prolongado.