quinta-feira, 1 de julho de 2010

20 dos melhores nomes da Música Original Brasileira na fila de espera do sucesso nacional - parte 1

Praticamente todos os nomes da lista são sucesso em suas respectivas regiões, mas as dimensões continentais do Brasil faz com sejam desconhecidos em outras regiões. Os nomes, porque as músicas - devido as facilidades proporcionadas pelos downloads e redes sociais - são muitas vezes regravadas por outros artistas e o público desconhece quem são os verdadeiros autores.

Além de ser um guia para quem se interessar em conhecer o que está sendo produzido às margens da grande mídia, a lista é uma clara demonstração da incrível diversidade musical brasileira, que não encontra paralelo em nenhum outro país do mundo. Enquanto a MPB a anos não produz nada de relevante, o povo brasileiro, sem esperar pelo reconhecimento da cultura estabelecida, está produzindo sua música, sua arte e sua cultura.

Provavelmente nenhum artista desta lista será um dia considerado MPB, o que siginifica que de "popular" a sigla não tem nada, se é que um dia teve. Então, para que essa geração inteira de artistas, que compõe toda essa enorme diversidade supracitada, encontre um sentido maior para o desenrolar de suas carreiras, usamos o rótulo Musica Original Brasileira, ou Pop Mob, posto que esses sim, são os autênticos populares.

1. Forró do Muído



Era minha grande aposta para que o forró rompesse definitivamente as fronteiras do norte e nordeste e fosse consumido no resto do país. A pegada pé de serra, as letras jovens, o carisma e a beleza da dupla de cantoras e irmãs Simone e Simaria, mais o irresistível sax de Fabiano, seriam sucesso garantido. Acontece que a banda é propriedade da A3 Entretenimento e esta empresa é comanda por pessoas que tem um ótimo senso comercial, mas nulas pretenções artíticas.

Não fosse isso, os Aviões do Forró já teriam o satus de reencarnação de Jackson do Pandeiro e o hit "Colado em suas Mãos" do Muído já estaria na boca do povo. Mas não, só para me ater a esse exemplo, a A3 não quer pagar os direitos autorais da música, que é de uma artista venezuelana, para não perder a boquinha sobre todo o resto de apropriações indevidas que comete e que garante a arrecadação de uma fortuna para seus cofres.

Enquanto os Rolling Stones se vangloriam de ter juntado um milhão e cacetada de gente no seu show em Copacabana, o Forró do Muído fez o mesmo público varar a madrugada no reveillon deste ano na praia de Iracema, em Fortaleza. O show está no novo DVD da banda, para quem quiser conferir. O Muído é uma dessas bandas que os fãs cultuam com fervor religioso.

2. Edcity, ex-Fantasmão



Esse é O Cara. Já afirmei isso aqui diversas vezes. Ele levou às últimas consequências a revolução no pagode baiano que Xandy, do Harmonia do Samba, empreendeu no começo da década ao deslocar o foco de atenção das bundas das dançarinas para a pelvis do vocalista, assim como transferir o toque da viola do samba de roda do Recôncavo para os graves do contrabaixo.

Edcity veio à tona quando era vocalista do Parangolé, anos luz antes da degeneração chamada Rebolation, saiu da banda e montou o sensacional Fantasmão, que teve que abandonar por causa de desentendimentos societários e agora segue carreira solo. Seu disco Rap Groovado trás um visionário sincretismo entre samba de roda, hip hop e rock pesado, sem nunca soar forçado.

Ocorre que Edcity está sozinho, sem nenhum grande empresário ou produtor lhe dando suporte. Nas mãos de um Rick Bonadio talvez o angu azedasse, porque ele é meio intransigente quanto a mexerem em seu som, mas com um cara mais boa praça, malandro e diplomata como Carlos Eduardo Miranda, seria a solução para o beco sem saída emocore e indie em que se enfiou o rock nacional nos últimos tempos. Rap Groovado é o melhor disco de rock da década.

3. Bonde do Maluco




Não tivessem sido sacaneados pela supracitada A3 entretenimentos, que escalou os Aviões do Forró para tocarem as melhores músicas do disco de estréia, talvez o Bonde do Maluco atingisse hoje um público infinamente maior do que atualmente atinge, basicamente o sertão nordestino e periferias de capitais.

Apartir da matriz do Arrocha, inseriram elementos de reggae, hip hop, pagode, música africana e até jazz, além de ter em sua formação músicos de extrema competência. O som é de um suíngue contagiante e as letras vão de canções de amor a temáticas cômicas. Os shows são, sem a menor sombra de dúvidas, os mais divertidos do Brasil inteiro. Dezenas de pessoas já postaram clipes caseiros das músicas da banda, com milhares de visualizações.

O Bonde do Maluco é sucesso entre as crianças e o gosto infantil costuma ter um apelo universal, devido ao fato de suas cabecinhas ainda não estarem contaminadas por dogmas culturais ou de mídia de massa. Um sinal evidente que aponta para a possibilidade de sucesso nacional.

4. Grupo Tradição



Eu vivo dizendo que o vácuo de relevância junto à juventude cometido pela atual geração do rock nacional acabou atraindo essa juventude para o sertanejo universitário. O fenômeno Luan Santana está ai para confirmar essa tese. A forma pop que a maneira de se comp6or e tocar a música sertaneja atualmente aponta para a possibilidade de que daí saia a futura música jovem, que poderia substituir o rock.

É nesse sentido que digo que Luan Santana é como uma espécie de Elvis Presley e nesse mesmo sentido, digo que o incosciente coletivo adolescente estaria pronto para o advento de uma espécie de Beatles. O Grupo Tradição está com a faca e o queijo para cumprir essa função.

Com sua formação completamente renovada, formada por jovens bonitões na faixa dos 18 anos e agora com produção da dupla Ivan Myazato e Maestro Pinochio, os homens por de trás de êxitos como César Menotti & Fabiano, Jorge & Mateus e Maria Cecilia & Rodolfo, é bem que capaz que eu não esteja falando besteira.

5. Movimento Tecnomelody do Pará



Aqui já não é uma banda ou um cantor, mas sim um movimento inteiro que engloba dezenas de artistas e muita gente aposta alto que ele terá repercussão internacional por se tratar de música eletrônica para pistas de dança.

Tecnomelody é o modo como é chamado agora o antigo tecnobrega. Durante o ano passado inteiro os artistas paraenses reclamaram do plágio que os baianos da Banda Djavu cometeram. Sem entrar aqui nos detalhes da briga, no final o que a Djavu acabou fazendo foi acostumar os ouvidos do país inteiro a essa nova batida eletrônica amazonense. A maior prova disso é que "Me Libera" foi a música mais tocada nas radios porto-alegrenses no mês passado.

A Som Livre está prestes a lançar um DVD gravado num show em Belém no ano passado onde dez bandas se apresentaram. Como a gravadora está preparando uma estratégia de divulgação bastante agressiva, com shows de lançamento em diversas capitais brasileiras, é provável que nomes como Tecnoshow, Banda Ravelly, Viviane Batidão e Xeiro Verde passem a ser reconhecidos no país inteiro.

6. Henrique & Diego



Como Victor & Leo conseguiram se impor a um público maior que o do nicho sertanejo, Victor Chaves costuma a ser considerado o mais importante compositor da música sertaneja. Inclusive pelo fato de ter sido o que mais ganhou com direitos autorais no ano passado. Mas talvez isso não represente bem a realidade. Como Victor & Leo possuem um público mais adulto, estão mais imunes a pirataria. O autor de mais hits na verdade é Sorocaba, da dupla Fernando & Sorocaba.

Sorocaba é um cantor 140% autoral, porque além da totalidade do repertório de sua dupla ser seu, é ainda autor dos principais dos sucessos de Luan Santana. Como Luan agora é da Som Livre e quer se desvenciliar do nome de Sorocaba para voar com suas próprias asas, o compositor e produtor adotou agora uma nova dupla, Henrique & Diego.

O novatos fazem o mesmo pop sertanejo de Luan, só que com músicas mais dançantes, que sobre certos aspectos lembram o som de Jorge & Mateus. O segundo disco, já com produção de Sorocaba e possivelmente com algumas composições inéditas, está prestes a ser lançado. O single "Vacilei" já está subindo nas paradas e é cantado pelas duas duplas.

7. João Carreiro & Capataz



O Zeitgeitz, que do meu posnto de vista, dá espaço para essa dupla fazer sucesso, é o mesmo responsável pela vitória de Dourado no BBB 2010. O povo brasileiro não aguenta mais a saturação midiática da causa gay. João Carreiro & Capataz não estão nem aí pra correção política. Eles são brutos, rústicos e sistemáticos, como no título da faixa de seu primeiro disco pela Som Livre. Na letra, reclamam que hoje em dia achar ruim é preconceito.

João Carreiro & Capataz fazem um som extremamente original e paradoxal. Eles são notórios por tocarem modões caipiras de raiz e ao mesmo tempo tem uma postura e uma pegada absurdamente rock n'roll, beirando o punk. Nos shows, na música "Descartável" é possivel que se forme roda de pogo, que é um forma que os punks encontraram se chutar e se socar e ainda por cima chamar de dança.

As letras são geniais, pura poesia caipira com sotaque do inteior. Xique Bacanizado é o nome da atual turnê e também da música que tem o seguinte verso: "Dinheiro nóis não sêmo / bonito nóis não têmo / se quiser nóis / é assim mêmo". Décio Pignatari deveria ouvir essa.

8. Stefhany



As presença da self made girl do Piauí nessa lista não bem uma aposta, mas sim uma espécie de desabafo. As músicas de Stefhany acabaram por cair nas graças do público GLSBT. Nada contra, muito pelo contrário, é mérito desse público não ter o prenceito contra o brega que nossas elites culturais possuem. A questão é que é muito pouco.

O poder da voz desta menina de 19 anos é impressionante. Ela tem mais atitude que a soma de todas as divas do Brasil e sua auto-estima, apesar de todos os motivos que a vida lhe deu para não tê-la, praticamente já virou adjetivo. Seu terceiro disco, em tese o primeiro que, repito, em tese não teria uma produção tosca, tem tido seu lançamento sucessivamente adiado. Mas o que se pode constatar dos sigles já lançados, assim como dos novos clipes, é que a nova produção optou por tosquismo estilizado.

Uma pena. Está sendo desperdiçada uma chance única de tratar a música brega como algo que pode sim, ser tratado como um produto de qualidade e bem feito. Ela é jovem e bonita, poderia se tornar uma estrela. No inteiror do nordeste ela tem status de Xuxa perante as crianças. Mas pelo andar da carruagem, e isso por pura burriçe de empresários e produtores, isso está fadado a ficar por lá, como algo pitoresco de uma região simplória.

9. Maria Cecilia & Rodolfo



Muito se fala das inteligentes estratégias de marketing do produtor Eduardo Maluf, que chegou a botar banner com o nome da dupla em jogos da seleção brasileira, mas no frigir dos ovos, a ascenção impressionante de Maria Cecilia & Rodolfo aconteçeu praticamente por si só, conduzida pelo boca e boca na Internet.

Os motivos desse fenômeno não podem ser obtidos na superfície. Eles não são muito bonitos, suas vozes não são lá essas coisas e seu repertório não tem nada de muito diferente. No entanto eles estão aí, comendo pelas beiradas, uma musiquinha na novela das seis aqui, uma apariçãozinha rápida no Faustão ali e conquistando seu lugar ao sol.

Maria Cecilia & Rodolfo já eram para ter acontecido, as crianças adoram e já falei, as crianças manjam. Eles aparentemente só não aconteceram ainda por que a Som Livre os contratou e meio que os deixou no banco de reserva, para poder trabalhar Luan Santana com mais intensidade. Até o Latino, que é o mestre do gosto popular por exelência, já gravou dueto com eles.


10. Edu & Maraial



A soma do talento de Edu Luppo como compositor com a sinergia de sua parceria com Maraial, mais a qualidade da banda que montaram e a presença de palco da dupla resultou num fenômeno de sucesso no norte e nordeste. A grande sacada da dupla foi qualificar o arrocha romântico com intrumentos de verdade ao invés do tradicional teclado. O resultado foi um som vigoroso e gostoso de dançar.

E claro, ideal para afogar as mágoas de uma traição num copo de chachaça.

No sul quase ninguém conheçe o nome da da dupla, mas as músicas com certeza sim, pois diversas delas já foram gravadas por nomes cosagrados. "Vou fazer pirraça" foi sucesso com Jorge & Mateus, "Doce mel" com a Banda Calypso, "Você não merece" com Maria Cecilia & Rodolfo e "Fora de área" com uma penca de artistas sertanejos, que tornou Edu, um dos autores do nordeste que mais fez fortuna com direitos autorais.

Recentemente fizeram uma série de shows em São Paulo, o que sinaliza que talvez o reconhecimento nacional não tarde em chegar.

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