segunda-feira, 25 de maio de 2009

Making Off da Coluna do Muído

Depois de dois meses de colagens de notícias, já está mais do que na hora de começar a blogar de verdade. Para estréia vou contar o making off da coluna do Forró do Muído, que é quase tão interessante quanto a coluna em si. Foi um mês de bateção de cabeça até chegar ao resultado final.

A idéia inicial era escrever um perfil bem bacana dos Aviões do Forró, que eu considero a melhor banda do estilo em atividade no momento. Pra inicio de conversa não sou jornalista formado, não tenho as manhas, não tenho as técnicas, logo, acessei o site da banda, fui na seção de contato e mandei um e-mail propondo uma pauta. Como sou um reles desconhecido, naturalmente que não me responderam.

Resolvi mudar de estratégia e atacar na comunidade oficial da banda, que tem milhares de membros. Dando uma lida nos tópicos identifiquei um cara que aparentemente sabia tudo sobre a banda. Mandei um scrap pro cidadão e ele inicialmente demonstrou interesse em ajudar. Somente inicialmente, pois novamente não recebi mais nenhum retorno. Só que fuçando nas comunidades do cara notei um padrão, todos estavam falando bem de um tal Forró do Muído.

Forró do Muído? Eita nomezinho estranho da gota, nunca jamais tinha ouvido falar. Imediatamente fui nas comunidades de download e tratei de baixar algo deles pra escutar. Foi só descompactar o arquivo e jogar no mp3 pra que a cagada fosse feita. De cara notei que além de tocarem forró de uma maneira muito original, o som tinha uma levada muito, mas muito maneira.

Fui escutando no mp3 no ônibus no caminho de casa, mal conseguindo esperar pra ouvir aquilo num som potente, se possível tomando uma gelada. Foi o que fiz e quando botei pra tocar o Muído Elétrico, versão acelerada das músicas pro carnaval, já estava subindo as paredes.

- Puta que o pariu cara, esse som é do caraaaaaaaaalho! - Estava definida a coluna da próxima semana.

No outro dia, de volta ao trampo, comecei minhas pesquisas na web. Se eu já estava apaixonado pelo som deles, imaginem a minha surpresa ao digitar o nome das vocalistas no google e ter essa foto como resposta. Amor a primeira vista.



O problema é que em termos de informações biográficas da banda, encontrei pouquíssima coisa. Um release breve da banda e apenas uma entrevista, nada mais. Muito pouco pra escrever a coluna que a banda merceia. Apenas a informação de que a banda era sucesso absoluto no norte e nordeste, com uma média superior a trinta shows por mês. No entanto, notei que tinha um blog muito bem organizado tocado pelos fãs. Calejado pelo fato de ter sido ignorado nas tentativas de contato via e-mail (o que já tinha ocorrido com o Fantasmão e com a Stefhany), resolvi mudar de tática e contatar os fãs.

Deu certo, no outro dia estava lá o e-mail de Flaviane Torres, uma das minas que tocavam o Blog do Muído, dizendo que achava a interessante a proposta. Melhor, ela tinha contado direto com Simaria, uma das vocalistas da banda. Animado com a perspecitiva de que Simaria responderia minhas perguntas, adiei a coluna do Muído por uma semana e acabei escrevendo o texto Pirataria Legal, sobre os caras que gravam os shows ao vivo. Escrevi dez perguntas e mandei pra Flaviane repassar pra Simaria.

Só que durante a semana a banda estava em turnê por cidades do interior, o que dificultava imensamente o contato, somente no fim de semana que Flaviane conseguiu repassar as perguntas para Simaria. Chaga a segunda-feira e nada de Simaria responder, terça-feira e nada novamente. Ocorre que eu tinha o hábito de enviar minhas colunas na segunda, no máximo terça-feira. Então, pelo MSN, desabafei pra Flaviane que tava foda, todos os meus esforços tentando contato, tentando divulgar a banda para um público diferente e eles nem tchuns.

Pedi pra ela que me contasse tudo o que sabia sobre a história da banda. Ela começou a escrever e não parou mais. Ficou meia hora digitando no improviso e forçando sua tendinite. No final, a coluna estava pronta. Foi só salvar a conversa, abrir meu editor de texto e escrever a matéria. Como Flaviane estava meio insegura quanto às informações, pediu o texto pra mostrar pra Simaria. Mais uma vez não obteve retorno. Já impaciente com a demora toda e crente de que não tinha escrito nada que comprometesse a banda, mandei a coluna pro pessoal do MTV Bis e fui embora.

Eis que então, lá pelas 20:00, a própria Simaria liga no meu celular. Meu coração quase parou, aquela gostosona e talentosa estava falando com euzinho, um fã recém conquistado. Só que a alegria se dissipou assim que ela acabou de se apresentar. Tinha muita coisa errada no texto, não era daquela forma que as coisas tinham acontecido. Quando desliguei o celular pensei:

- Caralho! Agora que dei uma dentro, acabo dando uma fora?

Estava sem computador e a lan house do bairro tinha sido fechada no fim de semana anterior. O que fazer? E se a matéria já estivesse on line, o que faríamos pra corrigir a besteirada? Liguei pra um amigo, passei meus dados e senha de e-mail e pedi pra ele enviar uma mensagem de pelamordedeus, não postem o texto! pro pessoal do Bis. Com o cú não, na manhã seguinte acesso o site e Ufa! Não tinha sido publicado. Simaria, na ligação, prometeu ligar de novo para corrigirmos tudo. O dia de quinta-feira passou e nada da ligação.

Na sexta-feira, as dez horas da manhã resolvi chutar o balde e gastar algum dinheiro com interurbanos. Liguei na A3 Entretenimentos, empresa que gerencia a banda e abri meu coração pro primeiro infeliz que me deu atenção. Disse que estava com a matéria pra lá de atrasada e que meu emprego estava em risco. O cara se comoveu e me passou o telefone da assessora de imprensa da banda. Liguei na casa da mulher, maior choradeira de criança e tal e expus meu problema.

Ela me deu o endereço de seu e-mail, pediu pra me passar o texto para corrigir e até o final do dia a coluna estaria fechada. Acontece que a banda estava em Fortaleza e faria um show pela noite, logo, a assessora estava assoberbada até o talo com as funções de ceder credenciais de imprensa e outros detalhes. Meu desconfiômetro piscou, meus nervos estava à flor da pele. Fui na farmácia mais próxima do trampo, comprei uma Maracujina, tomei meio vidro no gargalo mesmo, sentei na frente do PC, respirei fundo e pensei, tenho que escrever uma coluna tapa buraco pra semana não passar em branco.

Foi assim que surgiu a coluna "A salvação da produção musical vem da selva".

Desde que comecei a colunar no Bis que decretei o sábado como o dia de fazer minhas audições. Como minha área é vastíssima e não tem como eu conhecer todos os discos de todo mundo sobre os quais escrevo, costumo baixar tudo o que posso durante a semana e, no sábado, compro uma caixa de latinhas de cerveja, ponho o som no máximo e faço o que chamo de Imersão Total no Trabalho do Artista. Começo cedo, lá por uma da tarde e quando chega a noite já estou completamente bêbado e manjando tudo do som da banda ou do cantor.

E foi assim, no final da sessão etílica que estou eu lá, ouvindo Forró do Muído ao vivo em Massaranduba, quando toca o celular e ela própria, a mesma que estava cantando "São Amores" no volume máximo. Manguaçado que estava, foi mal ela começar a falar que já cortei.

- Você é uma traíra do caralho!
- O que?
- Ficou de me ligar e não ligou! Ficou de mandar e-mail e não mandou!
- Mas eu respondi as perguntas...
- Que porra de responder perguntas, sua fuleira! Eu não quero mais caralho nenhum de respostas, a porra do texto tá pronto, é só corrigir o que estava errado.
- Mas tu não recebeu minhas respostas?
- Recebi caralho nenhum!

E assim por diante.

Na segunda-feira, ressaca pantagruélica, eu era só arrependimento. Liguei pra assessora de imprensa e me desmanchei em desculpas. Ela riu um pouco e ficou de me ligar na terça pra acertarmos o texto por telefone mesmo. Liguei também pra Simaria (esse mês eu tô fudido com os descontos de ligações) e ela riu bastante com a comédia da situação e ficou de mandar o e-mail pro endereço correto, tinha mandado pro meu Hotmail bichado. Desta vez as duas cumpriram a promessa.

Ocorre que nem tudo seria tão fácil e indolor assim. Além de me passar as informações corretas, numa longa ligação de mais de quarenta minutos (bom!), começou a dar pitacos em frases que eu tinha escrito que, embora corretas, ela achava que não pegava bem pra imagem de Simaria (mau!). Já falei, não sou jornalista formado, não tenho experiência, foi meu primeiro contato com assessorias de imprensas.

Com esta frase, em específico, ela empiçou:

"As duas cantam desde criança, quando moravam no interior da Bahia. Cheias de talento, mas destituídas de uma banda, toda vez que tinha algum artista tocando em sua cidade elas iam lá e imploravam para cantar junto. Tanta persistência acabou levando as duas a toparem com Frank Aguiar, virando backing vocal e dançarinas da banda do hoje deputado federal."

Encasquetou com o "implorar". Nesta outra frase, implicou com o "chorar as pitangas":

"Insatisfeitas com o trabalho secundário que estavam fazendo, abandonaram o barco para se lançarem como dupla. Infelizmente, devido a falta de um empresário eficaz, os dois discos que lançaram não aconteceram. Foi quando resolveram chorar as pitangas para Fernando Gusmão, vocalista do Rasta Chinela."

Como vocês bem podem observar, essas frases não saíram no texto final, isso porque eu reescrevi quase tudo, mantendo apenas o parágrafo inicial e a piada com o espanhol no final, que tanto a assessora quanto a Simaria pediram pra tirar, mas que o casca grossa aqui, que pode até ser um folgado aprendendo jornalismo na base da quebração de cabeça, mas não é otário, manteve. Pô, Simaria querida, se por um acaso estiver lendo isso, entenda, trata-se de um final de texto que preserva aquela jovialidade característica do som da banda, além de dar aquele toque de humor imprescindível. Ficou legal, admita.

No final tudo deu certo, a coluna saiu, o pessoal do Blog do Muído divulgou e eu ainda por cima estou com a Simaria no meu MSN e na minha agenda do celular. Se eu fosse o espanhol namorado da Simaria, tratava de se mudar nem que fosse pra Quixeramobin e ficar mais perto de sua namorada. Não é por nada, mas sabe como é que é, nénão?


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Quer ler a reprodução da tal coluna? O Site Bis MTV não existe mais, então reproduzimos aqui no blog, clique já!

1 comentários:

Aiin Me Manda o MSN Delaa Poorfavoor , Poorfavoorziinho

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