O Rock Nacional Morreu e teve show Sertanejo no Enterro

O sertanejo substituiu o rock como a música consumida pela juventude brasileira. Se esta frase fosse escrita no começo dos anos 90, seria considerada ficção escatológica, mas na atualidade é a mais Pura Realidade.

Exaltasamba Anuncia Pausa na Carreira

Depois de 25 Anos de uma Carreira Brilhante e de Muito Sucesso, o Grupo Exaltasamba anuncia que vai dar uma 'Pausa' na Carreira.

Discoteca Básica - Aviões do Forró Volume 3

O Tempo nunca fez eu te esquecer. A primeira frase da primeira música do Volume 3 do Aviões doForró sintetiza a obra com perfeição: um disco Inesquecível.

Por um Help à Música Sertaneja

Depois de dois anos, João Bosco e Vinicius, de novo conduzidos por Dudu Borges, surgem com mais um trabalho. Só que ao invés de empolgar, como foi o caso de Terremoto, o disco soa indiferente.

Mais uma História Absurda Envolvendo a A3 Entretenimentos

Tudo começou na sexta-feira, quando Flaviane Torres começou uma campanha no Twitter para uma Espécie de flash mob virtual em que os Fãs do Muído deveriam replicar a Tag #ClipSeEuFosseUmGaroto...

sexta-feira, 30 de julho de 2010

3 na Palomba - Desculpe a nossa falha

O leitor Ronie nos alertou para a gafe. O cafetão-em-chefe do Cabaré, o renomado e atrapalhado Timpin, esqueceu de colocar os links para download dos Cds dos 3 na Palomba no post anterior.

Eis os famigerados:

Download 3 na Palomba Volume 1

Download 3 na Palomba Volume 2

Para compensart a falha, apresentamos para os leitores um dos vídeos caseiros mais legais, com trilha sonora dos 3 na Palomba.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

3 na Palomba - A arrochadeira desgramada que está contagiando o Brasil

Um novo vírus está devastando o interior da Bahia e o risco de que se espalhe pelo resto do país é grande. Não estamos falando de gripe aviária, gripo do porco, do viado ou do corno. Estamos falando da Palomba, o mais recente ritmo musical criado no caldeirão cultural baiano, surgido em Vitória da Conquista com o lançamento do primeiro disco da banda 3 na Palomba.



Apesar de muito criticado devido a simplicidade das notas e dos acordes, o número de bandas tocando Palomba - muitas delas copiando descaradamente o repertório da 3 na Palomba - já passou da dezena e o viral não pára de se alastrar.

Realmente, o som é de uma simplicidade extrema. Extruturado em cima de duas notas simples, com uma guitarra dedilhada, teclado emulando metais e letras beirando o absurdo e o nonsense, acabou caindo no gosto popular, confirmando o que dizia o antropólogo paraense Marlon Branco no documentário Brega S/A: o povo gosta de uma fuleragem.

Os responsáveis por esta nova afronta ao "bom gosto musical" da "elite cultural" brasileira - faz tempo que quatro aspas não são tão bem justificadas em um texto meu - são quatro personagens, que compõe um história que mais uma vez vem comprovar que a realidade muitas vezes costuma superar a ficção.



Tudo começou em 2008 em Itapé, cidadezinha com menos de 20.000 habitantes no interior da Bahia, quando dois jovens irmãos, de nomes Val e Téo tiveram a brilhante idéia de roubar a porta de ferro que sua própria mãe tinha instalado em casa e vender pela vultuosa soma de R$ 18,00. Em 99,99999% dos casos de roubos como esse, o dinheiro é torrado em pedras de Crack. Só que no caso de Val e Téo, as razões eram artísticas: realizar o sonho antigo de gravar um CD, fazer sucesso e aparecerem no Faustão.

Ao chegarem no estúdio, qual não foi sua surpresa ao serem comunicados que o valor não era suficiente para gravar sequer uma música. Mas como a alma humana por vezes é capaz de caridades que surpreenderiam uma Madre de Calcutá, eis que o dono do estúdio deu tapinha nas costas dos meninos e diz:

- Rapazes, façam o seguinte. Vão ali padaria, comprem uma vodka e dois litrões de Coca-Cola que a gente desenrola a parada.

E assim começaram os trabalhos.

O repertório da dupla era um emaranhado de versões de músicas de forró e arrocha com letras diferentes, que na maioria das vezes não faziam o menor sentido como "dei um tapa na bunda dela e chamei pruma pisada / o que eu não vi foi nada". Ou então: "Você tá ficando esperta / você tá ficando boa / não vou botar aliança em dedo de coroa".

Na ocasião o guitarrista presente no estúdio chamava-se Cristiano, nosso terceiro personagem, um roadie da banda de arrocha Fuska Virado. Coube a ele a bronca de improvisar um arranjo de guitarra que desse conta da total ausencia de noção e sensatez do que os meninos estavam cantando. Começou a dedilhar sua Fender Stratocaster, o músico do teclado acompanhou e no final, todo muito bêbado, o disco ficou pronto e os meninos sairam com o disquinho de baixo do braço, meio que no cagaço do esporro que certamente levariam da mãe.

Infelizmente ninguém levou o trabalho a sério e o sucesso não veio. Intitulado Rei da Palomba, o disco ficou esquecido na prateleira da casa deles e num arquivo morto do 4shared. Um ano depois, Jessé Correia, um produtor musical de Vitória da Conquista, navegando de bobeira na Internet, baixou o arquivo e gostou do que ouviu. Gostou muito.

Imediatamente ligou para seu amigo Diego, também produtor musical que morava em Itabuna, próxima de Itapé para propor que criassem uma banda e resgatassem a Palomba do esquecimento. Depois de várias ligações o acordo acabou não ocorrendo. Diego montou outra banda com Val e Leo - que acabou por não dar certo - enquanto Jessé ficou com Cristiano, o guitarista que criou o ritmo e começou a recrutar os membros da nova banda 3 na Palomba.



O modelo seria semelhante à banda Bonde do Maluco, com três vocalistas. Os microfones foram distribuiídos entre o próprio Jessé, agora com o nome artístico de Geo, mais Neto, que era o dono do estúdio em que o disco de estréia seria gravado e um amigo chamado Billy, que tinha uma banda que não estava emplacando, obrigando-o a sobreviver como vendedor. A formação foi fechada, com Cristiano, o guitarrista Didú e o tecladista Luciano.

Na manhã de 14 de dezembro de 2009 o time completo reuniu-se em estúdio. A gravação foi praticamente ao vivo. Escutavam uma música do disco de Val e Léo, e regravavam em seguida, num clima de descontração e improvisação, com os vocalista soltando frases e conversando entre si na hora dos solos.

Logo de cara, já na primeira música, Neto solta a frase "3 na Palomba, diretamente da Espanha". Surpreso, Geo pergunta "porque Espanha?". A resposta foi "os outros faz e nóis panha!". A tiradinha acabou sendo o mote da banda, sendo repetida em várias faixas. O repertório foi quase igual ao do disco original, com o acréscimo de umas poucas músicas, como os sucessos "Lobo Mau" e "Bicicletinha".

Nove horas da noite Jessé saiu do estúdio com o CD pronto, passou numa empresa de diagramação e fez a capa, sem foto nem imagem, apenas com o nome da banda e na manhã seguinte largou nas mãos dos camelôs. Foi tiro e queda. Três dias depois as músicas já estavam sendo tocadas nos carros e três semanas depois a empresa Rasta Shows já estava entrando em contato com a banda para agenciá-los.

A parceria deu certo e a banda está empreendendo uma bem sucedida turnê, já tendo feito shoes até em São Paulo. Os shows são divertidíssimos, com os três vocalistas caracterizados e máscarados como o Gato de Botas, o Burro do Shrek e o Lobo Mau, tornando-os sucesso entre o público infantil. Tanto que no segundo disco incluiram uma sequência de músicas infantis.

A julgar pela quantidade de bandas entrando na onda da Palomba - até a maior banda de arrocha do Brasil, o Bonde do Maluco, incluiu duas Palombas em seu recente Volume 5 - o ritmo veio pra ficar. Por se tratar de uma novidade ainda muito recente, talvez ainda necessite de um carnaval para realmente deslanchar.

O que é certo é que os videos com passos de dança inusitados ao som das músicas dos 3 na Palomba estão pipocando na Internet. Como a parada é parada de divertida, estou afim de filmar o meu? aconselho o leitor a baixar os dois CDs nos links abaixo e poderar a possibilidade de também gravar o seu vídeo com o seu passo.

3 na Palomba - Volume 1

3 na Palomba - Volume 2

3 na Palomba - Volume 3

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Gaby Amarantos - Chamá-la de Beyoncé do Pará é pouco diante de seu talento

Saiu no site da Revista Época uma matéria bacana sobre Gaby Amarantos, vocalista da banda de tecnomelody Tecno Show. Só acho que estereotipá-la como Beyonce do Pará é meio que uma injustiça, pois como ela mesma afirma, não é uma cantora cover, dessas que se popularizam por versões de músicas estrangeiras. O single "Hoje eu tô solteira" inclusive, é da Banda Os Brothers, que venderam os direitos a ela.

Mesmo assim, colo aqui a matéria na íntegra.

Ela é brega. Ela é diva. Ela é a Beyoncé...do Pará



Todo movimento recente da música popular brasileira gerou algum ídolo. O pagode, nos anos 80, lançou Zeca Pagodinho. A axé-music, dos anos 90, projetou Ivete Sangalo. Da música sertaneja vieram, na virada do século, Bruno & Marrone. Agora parece ser a vez do tecnobrega – um movimento musical nascido há dez anos na periferia de Belém. A estrela que desponta é Gabi Amarantos, ou melhor, Gaby, com y, também conhecida como Beyoncé do Pará.

O apelido não é casual. O próprio ritmo foi rebatizado: passou de tecnobrega, com a pecha de cafona, para tecnomelody. Os novos nomes (em marketing isso seria chamado de reposicionamento no mercado) ajudaram a música pop paraense a ganhar renome nacional – e mundial. As mudanças na carreira de Gaby Amarantos, de 31 anos, começaram em janeiro, quando ela aceitou o conselho de um numerólogo desconhecido e trocou o “i” de seu primeiro nome pelo “y”. “Nunca acreditei muito nessas coisas, mas lembrei que, toda vez que meu nome ganhava repercussão maior na imprensa, saía errado, grafado com ‘y’”, diz. Acaso ou não, a mudança deu certo. “Minha vida virou outra.”

Um mês depois, ela e sua banda, a Tecno Show, participavam de um dos mais importantes festivais de música do país, o recifense Rec Beat. De maiô preto e meia arrastão, ela subiu ao palco entoando uma versão em português do sucesso “Single ladies”, de Beyoncé. “Tô solteira” era apenas mais uma das dezenas de canções produzidas mensalmente pelos artistas de Belém. Ao reconhecer um dos maiores sucessos americanos dos últimos tempos misturado com a batida eletrônica do tecnobrega, o público de 30 mil pessoas – o esperado era de 3 mil – começou a gritar: “Gostosa! Poderosa! Beyoncé!” Ela diz: “Foi meu batismo. Virei a Beyoncé do Pará!”.

Gaby diz não ter se deslumbrado com a consagração temporária. “É um grande elogio, mas sei que pode ser uma armadilha”, afirma. “Tenho 15 anos de carreira e já escrevi mais de 300 músicas. Não sou cover de ninguém.” O carisma de Gaby levou a várias comparações. Além de Beyoncé do Pará, ela foi chamada de Madonna Ribeirinha e Lady Gaga da Amazônia. Os títulos a ajudaram a chamar a atenção de um público maior.

O apelido Beyoncé do Pará levou a produção do Domingão do Faustão a convidá-la para uma apresentação na TV, em maio. Foi um sucesso. A partir de então, ela foi chamada para tomar parte de quadros da MTV, apresentou-se no Rio de Janeiro e está num DVD de tecnomelody a ser lançado pela Som Livre. Seu cachê, antes de R$ 15 mil por show, dobrou. Agora, vai gravar um videoclipe. A música escolhida se chama “Galera da laje” e o vídeo terá como cenário seu bairro natal, Jurunas, em Belém. O bairro é conhecido pela alta criminalidade, mas, para a cantora, não poderia haver lugar melhor para sua formação. “O Jurunas é minha referência musical”, diz. Ali ela cresceu ouvindo Ella Fitzgerald, Billie Holyday, Reginaldo Rossi, Kaoma e Clara Nunes, entre outros. “No Jurunas, você acorda com os barzinhos tocando dor de cotovelo, aí passa um carro com batidão enquanto o vizinho coloca rock bem alto.”

Gaby começou a cantar na Igreja Católica na adolescência e chegou a pensar em se tornar freira. Sua voz e interpretação faziam tanto sucesso que as missas em que ela se apresentava se tornaram concorridas. Diz ela que os colegas, com inveja, a convidaram a deixar o grupo. Arrasada, foi se consolar no mesmo dia com uma amiga num bar. Um músico que estava no local convidou-a na mesma hora para formar uma banda. Ela aceitou. “Se eu não tivesse sido expulsa, estaria até hoje na igreja, cantando para Jesus”, diz.

Fora da igreja, Gaby foi exposta a um gênero que começava a se formar: o brega pop, com a introdução de riffs acelerados de guitarra no brega tradicional, feita por artistas como o guitarrista Chimbinha – que em 1999 se uniria à cantora Joelma para criar a banda Calypso. O êxito da dupla e de outras bandas do mesmo estilo coincidiu com a facilidade técnica de reproduzir CDs. Isso abriu espaço a um mercado independente das grandes gravadoras.

Os deputados paraenses propõem que o tecnobrega seja considerado patrimônio cultural

Perto do ano 2000, o brega passou a ser feito por músicos da periferia de Belém, quase sem instrumentos, só pelo computador. Nascia o tecnobrega, um desdobramento eletrônico do brega. Com batidas pegajosas e letras sobre amor, desilusões e festas típicas, o gênero logo virou febre na região, com a ajuda de um esquema de divulgação inovador. Depois de gravar uma música em computador caseiro, muitas vezes acompanhado de teclado e microfone de karaokê, o artista entrega a faixa de graça aos camelôs. Estes incluem a canção em coletâneas e as vendem no mercado informal. Além da divulgação em emissoras de rádio e televisão locais, a internet ajuda a espalhar a música. “Quando acabo de gravar, já coloco na internet para as pessoas baixarem e aviso em meu messenger”, afirma Gaby, que diz ter até 1.000 downloads de uma faixa nova em um único dia.

O faturamento dos artistas fica por conta de shows que mobilizam multidões de pessoas nas grandes cidades da Amazônia e hoje também no Nordeste. Organizadas por empresas chamadas aparelhagens (como Rubi e Super Pop), as apresentações contam com efeitos especiais, cenários extravagantes, pirotecnia e parafernália tecnológica. Essa estratégia de mercado, à margem das gravadoras, antecipou o que a indústria fonográfica de ponta foi obrigada a fazer: já que a pirataria corroeu os lucros das vendas de CD, o jeito foi direcionar os shows (e o merchandising) como principal fonte de receita.

Os artistas de Belém vivem da novidade (novos hits, grupos, batidas, cenários, rótulos). Hoje existem pelo menos 500 bandas profissionais em atividade. É o caso da banda AR-15, que em seus shows usa efeitos de luz e improvisação visual. Os sucessos que essas bandas produzem se sucedem em velocidade surpreendente. “Uma música dura no máximo dois meses”, diz José Roberto da Costa Ferreira, responsável pelo maior portal de música do Pará, o bregapop.com.

Gaby se adaptou perfeitamente a esse sistema. “Sou minha própria produtora, estilista, empresária, compositora e coreógrafa”, diz. Suas revoluções vão do palco ao salto. Ela acaba de montar uma miniaparelhagem para usar em suas apresentações. “Sou a única artista a ter minha própria aparelhagem”, diz. O salto da sandália do designer Jaime Bessa que ela costuma exibir é iluminado por lâmpadas LED. “Aqui, todo mundo ama um LED.” O calçado chamou a atenção de criadores de uma das mais badaladas marcas de sapatos do país, a mineira Arezzo.

Seu trabalho não ficou confinado às fronteiras do Pará. Em 2005, o antropólogo Hermano Vianna, percebendo o fenômeno, colocou Gaby Amarantos e a Tecno Show no programa Brasil total, apresentado por Regina Casé. No mesmo ano, o jornalista Peter Culshaw veio ao Brasil para escrever sobre o tecnobrega para o jornal inglês The Observer. Ficou impressionado. Comparou o som feito pelo Tecno Show ao do Depeche Mode, a banda eletrônica mais bem-sucedida do mundo.

Embora a elite paraense considere o tecnobrega um ritmo sem qualidade e acuse as festas de aparelhagem de focos de criminalidade, estudiosos da música afirmam que o Pará produziu a única linguagem eletrônica genuinamente brasileira. Há um mês, os deputados da Assembleia Legislativa do Pará aprovaram um projeto para transformar as aparelhagens e o tecnobrega em patrimônios culturais do Estado.

Segundo o produtor carioca Kassin, um dos mais atuantes no Sudeste do país, o valor do tecnobrega é similar ao do funk carioca e ao da cúmbia villera argentina. “Admiro esse tipo de movimento, que, apesar de levar muitas pessoas a festas todos os fins de semana, não depende de álbuns ou de gravadoras”, diz. “É como se fosse a nova música tradicional.” Ao lado de seu parceiro Berna Ceppas e de Miranda, Kassin deverá em breve participar da produção de um CD de Gaby.

Mas a valorização do tecnobrega, para Gaby, é coisa do passado. Ela está em outra. “Agora, o que está pegando é o tecnomelody”, diz. Musicalmente, a diferença entre os dois é nula. Mas o novo nome chama a atenção. Segundo Gaby, o tecnobrega se tornou tão acelerado que ficava difícil dançar em dupla. De volta a um compasso mais lento, o ritmo mudou de nome também com o intuito de se sofisticar, tornando-se mais aceitável para quem tem preconceito com o brega – assim como o novo apelido de Gaby, Beyoncé do Pará.

Entenda a evolução da música paraense que acabou por gerar o tecnomelody



Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI154020-15220,00-ELA+E+BREGA+ELA+E+DIVA+ELA+E+A+BEYONCEDO+PARA.html

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Leonardo, Bruno & Marroni o Sertanejo Universitário & as três ondas da pirataria

Recentemente, no Programa do Faustão, o cantor sertanejo Leonardo comentou que a guerra contra a pirataria estava perdida e que estava abrindo uma editora para ajudar novos artistas a sobreviverem nesses novos tempos. Ponto para ele. Zézé di Camargo, ao contrário, esperneia e não admite a derrota. Os links para download de seu disco mais recente são os mais patrulhados e frequentemente são quebrados a pedido de sua assessoria.



Independentemente da diferença de postura entre os dois artistas, o que eles tem que admitir é que também eles, no inicio de sua carreira, foram beneficiados pela pirataria. Uma pirataria ainda embrionária, menos perigosa para os gráficos de lucros das gravadoras, mas mesmo assim pirataria.

Quem não lembra daquelas fitas cassetes vendidas nos camelôs? Foi o baixo custo para aquisição dos lançamentos através das fitas piratas que possibilitaram o estouro da música sertaneja no inicio dos anos 90.

Foi a primeira onda da pirataria.

A segunda onda foi na virada do século, quando o barateamento da gravação CDs - com a vantagem de manter a qualidade do original, o que não era possível com as fitas cassetes - possibitou o estouro de outra dupla sertaneja: Bruno & Marroni. Aqui cabe um detalhe curioso. O caso deles pode ser considerado o primeiro viral popular da história da música brasileira.

A dupla gravou um show acústico, voz e violão, ao vivo em uma rádio de Uberlândia. Alguém gravou e o CD passou a circular de mãos em mãos, até chegar nos camelôs. O sucesso foi tão grande que atraiu a atenção da Sony Music, que rapidamente tratou de regravar o repertório em estúdio, com poucas alterações e lançar nacionalmente.

E foi então que "Dormi na Praça" passou a ser ouvida e cantada aos berros de cabo a rabo no país, entrando definitivamente no cânone da música sertaneja. Menos de uma ano depois era gravado o primeiro DVD da dupla, com público gigante e que vendeu milhões de cópias.

O interessante é que aquele disquinho pirata de Uberlândia acabou por influenciar uma geração inteira de artistas que se beneficiariam com a terceira onda da pirataria. A geração? O sertanejos universitários e a terceira onda, o mp3 e os downloads. Que não reste dúvida, se hoje em dia é possível encher um parágrafo inteiro com nomes de duplas e cantores de sucesso, é por causa da gratuidade em adquir músicas através da Internet. Vejam:

Victor & Leo, César Menotti & Fabiano, João Bosco & Vinicius, Fernando & Sorocaba, Luan Santana, João Carreiro & Capataz, Maria Cecilia & Rodolfo, Jorge & Mateus, João Neto & Frederico, Guilherme & Santiago, Michel Teló, Zé Henrique & Gabriel, Eduardo Costa, Hugo Pena & Gabriel...

E que também não reste dúvida, ninguém dessa lista está faturando nada com venda de discos, mas seus nomes são conhecidos pela população, suas músicas são escutadas e suas agendas de shows estão lotadas.

A sobrevida das gravadoras por enquanto está garantida, com contratos de parcerias com os artistas. Elas trabalham em cima da divulgação, enquanto obtem parte do lucro dos shows. O que acontecerá com elas quando uma quarta onda da pirataria surgir não se sabe, mas o que parece definitivo é que tantos os cantores quanto o público tem futuro garantido no que diz respeito a consumir música.

Parece uma utopia cultural? Vai ver é e estamos felizes e nem sabemos.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Edcity - As músicas, as razões e os méritos de Transfiguração

Menos de um ano depois do lançamento do revolucionário Rap Groovado, Edcity lança seu segundo disco. O pagode baiano está atingindo seu ponto de maturação, numa cena que inclui nomes como o precursor da modernização Harmonia do Samba, o percussivo Psirico, Groove de Saia - que conta com uma mulher no front - e a nacionalmente onipresente Rebolation, do Parangolé.



Em meio a toda essa diversidade, o disco Transfiguração aparece pra somar. "Olha o Gelo", a pesada faixa de abertura insinua que as guitarras roqueiras continuariam dando o tom. Mas não é o caso. Transfiguração é bem mais ameno em comparação ao antecessor Rap Groovado.

Para que se entenda essa transiguração - o título do disco não podia ser mais apropriado - no som de Edcity é necessário que se faça uma análise do quanto 2009 foi um ano conturbado para o cantor.

Enquanto finalizava o Rap Groovado, Eddye estava tomando pela raiva e por um tiquinho de frustração por ter perdido o direito de propriedade de seu Fantasmão. Como todo gênio artístico, deu vazão aos seus sentimentos através de sua arte. Rap Groovado é uma obra de arte irretocável e retrata com perfeição o que o cantor e compositor sentia na época. É um disco repleto de Som & Fúria, um disco urgente e um grito de autoafirmação. Autoafirmação esta, agora na forma de sua nova persona: Edcity. Aqui estamos falando de arte em estado bruto.

Só que arte não enche panela. E panela vazia não enche barriga.

Recentemente pai de mais uma filha, chegou o momento do pragmatismo e de três centímetros cúbicos de responsabilidade para com os seus. E quando de fala em seus, não se pode esquecer a responsabilidade também perante ao pessoal da antiga banda, que também abandonaram o Fantasmão para seguir os ideiais do amigo.

Nesse contexto, purista nenhum pode reclamar de quaisquer concessões feitas em prol de um disco mais comercial. Comercial não é termo correto, Transfiguração é pop, com escolha inteligente de repertório e arranjos.

As guitarras pesadas ainda estão lá, mas com volume menor, que valoriza a singular percussão groovada. Nas letras, ainda com a tradicional crítica social em algumas músicas, foram limadas todas e quaisquer ambigüidades que sugerissem a tão reclamada e injustificada apologia a violência. Muito pelo contrário, enquanto as periferias de Salvador são assoladas pela tragédia da violência gerada pelo consumo de crack, em "Pa Pu Colombiano" a letra avisa que em cada pedra de crack, lágrimas de mães em sua composição.

A música de trabalho a principio será "Piscadinha", que apesar de romântica, conclama o romance e tem fortes chances de emplacar entre o público feminino. Mais do que isso. Agora Edcity pode se preparar para emplacar definitivamente no carnaval de 2011, porque ano passado, o lançamento tardio do Rap Groovado, somado à concorrencia praticamente desleal com o mega investimento de marketing que foi a Rabolation, fez com que o cantor não obtivesse o sucesso que merecia.

Que a intenção é se afastar um pouco de estigma de ser underground, fica claro na regravação de três dos maiores hits de Rap Grovado, a saber: "No Break", "Traíra" e "Fumaça Subiu", ambas com as guitarras contidas e percussão revigorada.

No final, um set com dois reggaes, revelando a paixão do cantor pelo ritmo da Jamaica e também os fortes laços de amizade com o pessoal da banda Adão Negro e demais nomes da cena regueira de Salvador.

Se Transfiguração será o cavalo de força que abrirá as portas para o tão esperado e adiado reconhecimento nacional é algo impossível de prever. A música baiana tem razões que a razão desconhece. Um ditado popular local costuma de dizer que se alguém imaginar algo inusitado e inesperado, na Bahia há precedentes.

É esperar para ver. Mas não esperar sentando. É esperar pulando, quebrando e swuingando.

BAIXE TRANSFIGURAÇÃO CLICANDO AQUI

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Modão MS - O melhor site de downloads de CDs de música sertaneja



Lá de Dourados, no interior do Mato Grosso do Sul, O Gabriel Orriz comanda o melhor blog de downloads da área da música sertaneja. O site já chamou tanto a atenção, que a assessoria da dupla Zezé di Camargo & Luciano entrou em contato um provedor para que o link do disco novo fosse quebrado. Mas Gabriel é osso duro e o link foi recolocado.

O blog foi o primeiro a disponibilixar esse disco para o povo e não só esse, o novo da dupla João Bosco & Vinicius e o quentíssimo Inventor dos Amores, do jovem cantor Gustavo Lima. Sem dúvida um trabalho muito bem feito em prol da democratização do acesso à musica.

O Cabaré do Timpin paga pau. Nota dez

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Arrocha Romântico e minha Thais Araújo de seresta

Ontem, na cagada, pesquisando informações sobre o 3 Na Palomba, me deparei com um blog sensacional, com links para downloads de Arrocha. Só que não aqueles Arrochas, por assim dizer, litorâneos e misturados com pagode baiano, mas sim Arrochas do sertão nordestino.

Arrocha de seresta. Dezenas e mais dezenas - não sei nem se não são centenas - deles.

Adoro!

No começo da década passada passei anos trabalhando e morando em hotéis no interior de Pernambuco. Em 2001 por exemplo, no 11 de setembro eu estava dentro de uma subestação de energia em Cabrobó, sem rádio, sem televisão e com o celular tocando sem parar com notícias do mundo exterior.

Eu era um autêntico rato de seresta. Não perdia uma. Chegava a viajar de uma cidade a outra quando valia a pena. Preferia as de cidades pequenas ou vilarejos. Carnaubera da Penha, Terra Nova, Moreilândia (a melhor!), Serrita, Mirandiba...

O pessoal do sul mui provavelmente nem saiba o que é uma seresta. Para uma seresta acontecer basta um cantor brega (agora chamam de arrocha romântico), um teclado, mesinhas e cadeiras metálicas, um espaço pra dançar e pronto. O lugar pode ser qualquer um, nem precisa ser num bar.

Assisti um show antológico de Amado Junior, cujo palco era a carroçeria de uma pinkup Rural. Em Ouricuri se minha memória não falha.

Uma das melhores épocas de minha vida. Uma das piores épocas para meu fígado. Umas das melhores épocas para a Ambev.

Certa feita estava pela bola 8 de arrastas para o motelzinho Sei Não uma mina que era a cara da Thais Araujo, quando me deu vontade de mijar. Chegando no banheiro tinha um fila de quatro barbados à espera, mas minha agonia de voltar pra mesa pra não perder o timing do chaveco era tanta que resolvi pular o muro e tirar a água do joelho ali mesmo.

Aconteçe que no outro lado do muro tinha um desnível do terreno, que eu não tinha enchergado devido a escuridão da noite somada a bebedeira. Despenquei em queda-livre por três segundos sem sequer atinar para o que diabos estava acontecendo. Para minha sorte em um primeiro momento, caí sobre um enorme arbusto. Para meu azar em segundo momento, 110% dos arbustos do semi-árido brasileiro são espinhentos.

Mas o foda mesmo nem foi isso, o foda foi, bêbado, achar o maldito caminho de volta pra seresta, no escuro, cheio de cachorros latindo nervosamente e no cagaço de que algum me confundisse com um ladrão de galinhas ou de cabras. Só consegui voltar pra mesa quarenta minutos e só o que encontrei foi uma mesa vazia com um garçon ao lado com uma conta na mão. Nunca mais encontrei a Thais Araujo e ainda tive que inventar uma histórinha bem nonsense no hotel para justificar as roupas rasgadas. Porque se contasse a história real as camareiras não acreditariam. Seria nonsense demais.

O show nessa noite foi do Dorge. O Dorge era um cara bacana pacas, vivia passeando pela cidade, no caso Salgueira, terra da Limão com mel, escutando o próprio CD. No encarte do CD tinha uma foto enorme da mãe dele. Na cidade rolava uma cena bacana, com diversos cantores fazendo shows quase toda a semana.

Lembro do Jayroka, Sabonete, Claudiméria Gordin, mas Dorge era o grande astro. Sua "Mulher Bandida" era hit absoluto. Quando tocava essa música nos shows eu tinha que segurar a garrafa de cerveja e os copos com a mão, pois o povo batia com as mãos nas meses e não ficava nada de de pé. Era um fenômeno de histeria coletiva.

Em diversas regiões do sertão nordestino acontecem cenas semelhantes e com o barateamento dos custos de gravação, vários profissionais chegam ao seu Volume 1. O blog que achei ontem é sobre essa gente. O www.mundodoarrocha.blogspot.com

Me diverti muito vendo as fotos dos figuraças nas capas dos discos, os nomes e codinomes e os frequentes erros de grafia. Não se trata aqui de rir no sentido de escárnio uma cultura menor. Nada disso. Essa cultura que se desenvolveu à margem dos grandes holofotes é riquíssima e resistente. É que lá tudo é divertido e descontraído. Os caras conseguem destilar alegria, do que no sul só se consegue destilar tragédia, que são os casos de infidelidade.

Mas aí já entrar no terreno da antropologia e deixemos isso para os intelectuais franceses efeminados.

O correto é descer o dedo no clique de download now do 4shared e recolher material para afogar na cachaça a mágoa de que prpvavelmente nunca mais terei a oportunidade de chavecar com chances de êxito uma mina que é a cara da Thais Araújo.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

20 dos melhores nomes da Música Original Brasileira na fila de espera do sucesso nacional - parte 1

Praticamente todos os nomes da lista são sucesso em suas respectivas regiões, mas as dimensões continentais do Brasil faz com sejam desconhecidos em outras regiões. Os nomes, porque as músicas - devido as facilidades proporcionadas pelos downloads e redes sociais - são muitas vezes regravadas por outros artistas e o público desconhece quem são os verdadeiros autores.

Além de ser um guia para quem se interessar em conhecer o que está sendo produzido às margens da grande mídia, a lista é uma clara demonstração da incrível diversidade musical brasileira, que não encontra paralelo em nenhum outro país do mundo. Enquanto a MPB a anos não produz nada de relevante, o povo brasileiro, sem esperar pelo reconhecimento da cultura estabelecida, está produzindo sua música, sua arte e sua cultura.

Provavelmente nenhum artista desta lista será um dia considerado MPB, o que siginifica que de "popular" a sigla não tem nada, se é que um dia teve. Então, para que essa geração inteira de artistas, que compõe toda essa enorme diversidade supracitada, encontre um sentido maior para o desenrolar de suas carreiras, usamos o rótulo Musica Original Brasileira, ou Pop Mob, posto que esses sim, são os autênticos populares.

1. Forró do Muído



Era minha grande aposta para que o forró rompesse definitivamente as fronteiras do norte e nordeste e fosse consumido no resto do país. A pegada pé de serra, as letras jovens, o carisma e a beleza da dupla de cantoras e irmãs Simone e Simaria, mais o irresistível sax de Fabiano, seriam sucesso garantido. Acontece que a banda é propriedade da A3 Entretenimento e esta empresa é comanda por pessoas que tem um ótimo senso comercial, mas nulas pretenções artíticas.

Não fosse isso, os Aviões do Forró já teriam o satus de reencarnação de Jackson do Pandeiro e o hit "Colado em suas Mãos" do Muído já estaria na boca do povo. Mas não, só para me ater a esse exemplo, a A3 não quer pagar os direitos autorais da música, que é de uma artista venezuelana, para não perder a boquinha sobre todo o resto de apropriações indevidas que comete e que garante a arrecadação de uma fortuna para seus cofres.

Enquanto os Rolling Stones se vangloriam de ter juntado um milhão e cacetada de gente no seu show em Copacabana, o Forró do Muído fez o mesmo público varar a madrugada no reveillon deste ano na praia de Iracema, em Fortaleza. O show está no novo DVD da banda, para quem quiser conferir. O Muído é uma dessas bandas que os fãs cultuam com fervor religioso.

2. Edcity, ex-Fantasmão



Esse é O Cara. Já afirmei isso aqui diversas vezes. Ele levou às últimas consequências a revolução no pagode baiano que Xandy, do Harmonia do Samba, empreendeu no começo da década ao deslocar o foco de atenção das bundas das dançarinas para a pelvis do vocalista, assim como transferir o toque da viola do samba de roda do Recôncavo para os graves do contrabaixo.

Edcity veio à tona quando era vocalista do Parangolé, anos luz antes da degeneração chamada Rebolation, saiu da banda e montou o sensacional Fantasmão, que teve que abandonar por causa de desentendimentos societários e agora segue carreira solo. Seu disco Rap Groovado trás um visionário sincretismo entre samba de roda, hip hop e rock pesado, sem nunca soar forçado.

Ocorre que Edcity está sozinho, sem nenhum grande empresário ou produtor lhe dando suporte. Nas mãos de um Rick Bonadio talvez o angu azedasse, porque ele é meio intransigente quanto a mexerem em seu som, mas com um cara mais boa praça, malandro e diplomata como Carlos Eduardo Miranda, seria a solução para o beco sem saída emocore e indie em que se enfiou o rock nacional nos últimos tempos. Rap Groovado é o melhor disco de rock da década.

3. Bonde do Maluco




Não tivessem sido sacaneados pela supracitada A3 entretenimentos, que escalou os Aviões do Forró para tocarem as melhores músicas do disco de estréia, talvez o Bonde do Maluco atingisse hoje um público infinamente maior do que atualmente atinge, basicamente o sertão nordestino e periferias de capitais.

Apartir da matriz do Arrocha, inseriram elementos de reggae, hip hop, pagode, música africana e até jazz, além de ter em sua formação músicos de extrema competência. O som é de um suíngue contagiante e as letras vão de canções de amor a temáticas cômicas. Os shows são, sem a menor sombra de dúvidas, os mais divertidos do Brasil inteiro. Dezenas de pessoas já postaram clipes caseiros das músicas da banda, com milhares de visualizações.

O Bonde do Maluco é sucesso entre as crianças e o gosto infantil costuma ter um apelo universal, devido ao fato de suas cabecinhas ainda não estarem contaminadas por dogmas culturais ou de mídia de massa. Um sinal evidente que aponta para a possibilidade de sucesso nacional.

4. Grupo Tradição



Eu vivo dizendo que o vácuo de relevância junto à juventude cometido pela atual geração do rock nacional acabou atraindo essa juventude para o sertanejo universitário. O fenômeno Luan Santana está ai para confirmar essa tese. A forma pop que a maneira de se comp6or e tocar a música sertaneja atualmente aponta para a possibilidade de que daí saia a futura música jovem, que poderia substituir o rock.

É nesse sentido que digo que Luan Santana é como uma espécie de Elvis Presley e nesse mesmo sentido, digo que o incosciente coletivo adolescente estaria pronto para o advento de uma espécie de Beatles. O Grupo Tradição está com a faca e o queijo para cumprir essa função.

Com sua formação completamente renovada, formada por jovens bonitões na faixa dos 18 anos e agora com produção da dupla Ivan Myazato e Maestro Pinochio, os homens por de trás de êxitos como César Menotti & Fabiano, Jorge & Mateus e Maria Cecilia & Rodolfo, é bem que capaz que eu não esteja falando besteira.

5. Movimento Tecnomelody do Pará



Aqui já não é uma banda ou um cantor, mas sim um movimento inteiro que engloba dezenas de artistas e muita gente aposta alto que ele terá repercussão internacional por se tratar de música eletrônica para pistas de dança.

Tecnomelody é o modo como é chamado agora o antigo tecnobrega. Durante o ano passado inteiro os artistas paraenses reclamaram do plágio que os baianos da Banda Djavu cometeram. Sem entrar aqui nos detalhes da briga, no final o que a Djavu acabou fazendo foi acostumar os ouvidos do país inteiro a essa nova batida eletrônica amazonense. A maior prova disso é que "Me Libera" foi a música mais tocada nas radios porto-alegrenses no mês passado.

A Som Livre está prestes a lançar um DVD gravado num show em Belém no ano passado onde dez bandas se apresentaram. Como a gravadora está preparando uma estratégia de divulgação bastante agressiva, com shows de lançamento em diversas capitais brasileiras, é provável que nomes como Tecnoshow, Banda Ravelly, Viviane Batidão e Xeiro Verde passem a ser reconhecidos no país inteiro.

6. Henrique & Diego



Como Victor & Leo conseguiram se impor a um público maior que o do nicho sertanejo, Victor Chaves costuma a ser considerado o mais importante compositor da música sertaneja. Inclusive pelo fato de ter sido o que mais ganhou com direitos autorais no ano passado. Mas talvez isso não represente bem a realidade. Como Victor & Leo possuem um público mais adulto, estão mais imunes a pirataria. O autor de mais hits na verdade é Sorocaba, da dupla Fernando & Sorocaba.

Sorocaba é um cantor 140% autoral, porque além da totalidade do repertório de sua dupla ser seu, é ainda autor dos principais dos sucessos de Luan Santana. Como Luan agora é da Som Livre e quer se desvenciliar do nome de Sorocaba para voar com suas próprias asas, o compositor e produtor adotou agora uma nova dupla, Henrique & Diego.

O novatos fazem o mesmo pop sertanejo de Luan, só que com músicas mais dançantes, que sobre certos aspectos lembram o som de Jorge & Mateus. O segundo disco, já com produção de Sorocaba e possivelmente com algumas composições inéditas, está prestes a ser lançado. O single "Vacilei" já está subindo nas paradas e é cantado pelas duas duplas.

7. João Carreiro & Capataz



O Zeitgeitz, que do meu posnto de vista, dá espaço para essa dupla fazer sucesso, é o mesmo responsável pela vitória de Dourado no BBB 2010. O povo brasileiro não aguenta mais a saturação midiática da causa gay. João Carreiro & Capataz não estão nem aí pra correção política. Eles são brutos, rústicos e sistemáticos, como no título da faixa de seu primeiro disco pela Som Livre. Na letra, reclamam que hoje em dia achar ruim é preconceito.

João Carreiro & Capataz fazem um som extremamente original e paradoxal. Eles são notórios por tocarem modões caipiras de raiz e ao mesmo tempo tem uma postura e uma pegada absurdamente rock n'roll, beirando o punk. Nos shows, na música "Descartável" é possivel que se forme roda de pogo, que é um forma que os punks encontraram se chutar e se socar e ainda por cima chamar de dança.

As letras são geniais, pura poesia caipira com sotaque do inteior. Xique Bacanizado é o nome da atual turnê e também da música que tem o seguinte verso: "Dinheiro nóis não sêmo / bonito nóis não têmo / se quiser nóis / é assim mêmo". Décio Pignatari deveria ouvir essa.

8. Stefhany



As presença da self made girl do Piauí nessa lista não bem uma aposta, mas sim uma espécie de desabafo. As músicas de Stefhany acabaram por cair nas graças do público GLSBT. Nada contra, muito pelo contrário, é mérito desse público não ter o prenceito contra o brega que nossas elites culturais possuem. A questão é que é muito pouco.

O poder da voz desta menina de 19 anos é impressionante. Ela tem mais atitude que a soma de todas as divas do Brasil e sua auto-estima, apesar de todos os motivos que a vida lhe deu para não tê-la, praticamente já virou adjetivo. Seu terceiro disco, em tese o primeiro que, repito, em tese não teria uma produção tosca, tem tido seu lançamento sucessivamente adiado. Mas o que se pode constatar dos sigles já lançados, assim como dos novos clipes, é que a nova produção optou por tosquismo estilizado.

Uma pena. Está sendo desperdiçada uma chance única de tratar a música brega como algo que pode sim, ser tratado como um produto de qualidade e bem feito. Ela é jovem e bonita, poderia se tornar uma estrela. No inteiror do nordeste ela tem status de Xuxa perante as crianças. Mas pelo andar da carruagem, e isso por pura burriçe de empresários e produtores, isso está fadado a ficar por lá, como algo pitoresco de uma região simplória.

9. Maria Cecilia & Rodolfo



Muito se fala das inteligentes estratégias de marketing do produtor Eduardo Maluf, que chegou a botar banner com o nome da dupla em jogos da seleção brasileira, mas no frigir dos ovos, a ascenção impressionante de Maria Cecilia & Rodolfo aconteçeu praticamente por si só, conduzida pelo boca e boca na Internet.

Os motivos desse fenômeno não podem ser obtidos na superfície. Eles não são muito bonitos, suas vozes não são lá essas coisas e seu repertório não tem nada de muito diferente. No entanto eles estão aí, comendo pelas beiradas, uma musiquinha na novela das seis aqui, uma apariçãozinha rápida no Faustão ali e conquistando seu lugar ao sol.

Maria Cecilia & Rodolfo já eram para ter acontecido, as crianças adoram e já falei, as crianças manjam. Eles aparentemente só não aconteceram ainda por que a Som Livre os contratou e meio que os deixou no banco de reserva, para poder trabalhar Luan Santana com mais intensidade. Até o Latino, que é o mestre do gosto popular por exelência, já gravou dueto com eles.


10. Edu & Maraial



A soma do talento de Edu Luppo como compositor com a sinergia de sua parceria com Maraial, mais a qualidade da banda que montaram e a presença de palco da dupla resultou num fenômeno de sucesso no norte e nordeste. A grande sacada da dupla foi qualificar o arrocha romântico com intrumentos de verdade ao invés do tradicional teclado. O resultado foi um som vigoroso e gostoso de dançar.

E claro, ideal para afogar as mágoas de uma traição num copo de chachaça.

No sul quase ninguém conheçe o nome da da dupla, mas as músicas com certeza sim, pois diversas delas já foram gravadas por nomes cosagrados. "Vou fazer pirraça" foi sucesso com Jorge & Mateus, "Doce mel" com a Banda Calypso, "Você não merece" com Maria Cecilia & Rodolfo e "Fora de área" com uma penca de artistas sertanejos, que tornou Edu, um dos autores do nordeste que mais fez fortuna com direitos autorais.

Recentemente fizeram uma série de shows em São Paulo, o que sinaliza que talvez o reconhecimento nacional não tarde em chegar.

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