O Rock Nacional Morreu e teve show Sertanejo no Enterro

O sertanejo substituiu o rock como a música consumida pela juventude brasileira. Se esta frase fosse escrita no começo dos anos 90, seria considerada ficção escatológica, mas na atualidade é a mais Pura Realidade.

Exaltasamba Anuncia Pausa na Carreira

Depois de 25 Anos de uma Carreira Brilhante e de Muito Sucesso, o Grupo Exaltasamba anuncia que vai dar uma 'Pausa' na Carreira.

Discoteca Básica - Aviões do Forró Volume 3

O Tempo nunca fez eu te esquecer. A primeira frase da primeira música do Volume 3 do Aviões doForró sintetiza a obra com perfeição: um disco Inesquecível.

Por um Help à Música Sertaneja

Depois de dois anos, João Bosco e Vinicius, de novo conduzidos por Dudu Borges, surgem com mais um trabalho. Só que ao invés de empolgar, como foi o caso de Terremoto, o disco soa indiferente.

Mais uma História Absurda Envolvendo a A3 Entretenimentos

Tudo começou na sexta-feira, quando Flaviane Torres começou uma campanha no Twitter para uma Espécie de flash mob virtual em que os Fãs do Muído deveriam replicar a Tag #ClipSeEuFosseUmGaroto...

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Timpin Pop Festival

Os pessoal do grupo da Revista Bizz no Facebook me intimou a fazer a escalação dos artistas que tocariam numa hipotética versão do Rock in Rio, só com artistas da verdadeira música popular brasileira. Como sempre sonhei com um festival assim, fiz a lista com enorme prazer e compartilho aqui com vocês. Mas em troca, peço que me ajudem na caixa de comentários a criar um nome adequado. Numa dessas até apresento pro roberto Medina ou algum outro empresário visionário. De uma coisa tenho certeza, a parada seria revolucinária e teria repercussão mundial. Algo perfeito para ser feito no ano da Copa do Mundo. Que tal?


Primeiro dia: Axé for World > Palco Principal: Tomate, Netinho, Chicabana, Cheiro de Amor, Asa de Águia, Chiclete com Banana, Claudia Leite e Ivete Sangalo. > Palco secundário: Timbalada, Daniela Mercury, Carlinhos Brown.

Segundo dia: Amazônia for world > Palco Principal: Ravelly, AR-15, Bruno & Trio, Viviane Batidão, Banda Batidão, Gaby Amarantos, Gang do Eletro e Calypso. > Palco secundário: Felipe Cordeiro, Lia Sophia, Wanderley Andrade.

Terceiro Dia: Forró for World > Palco Principal: Mastruz com Leite, Magníficos, Limão com Mel, Calcinha Preta, Saia Rodada, Forró do Muído, Garota Safada e Aviões do Forró. > Palco Secundário: Geraldo Lins, Dominguinhos, Arreio de Ouro.

Quarto dia: Swingueira for World (esse dia eu não perderia por nada) > Palco Principal: Black Style, A Bronkka, Raghatoni, Saiddy Bamba, Guig Guetto, Parangolé, Edcity e Psirico. > Palco Secundário / Arrocha Celebration: Edu & Marial, Trio da Huana e Bonde do Maluco.

Quinto dia: Sampagode for world > Palco Principal: Rodriguinho, Pixote, Cupim na Mesa, Sorriso Maroto, Revelação, Inimigos da HP, Jeito Moleque e Exaltasamba. > Palco secundário: Diogo Nogueira, Turma do Pagode e Fundo de Quintal.

Sexto dia: Vanera for World > Palco Principal: Enzo & Rodrigo, Banda Vanera, Balanço do Tchê, Talagaço, Tchê Barbaridade, Garotos de Ouro e Tchê Garotos. > Palco secundário: Chiquito & Bordoneio, Ivonir Machado e "show de dança" com a Patrulha do Maxixe.

Sétimo dia: Baile for World > Palco Principal: Banda Passarela, Musical JM, Banda Real do Paraná, Musical São Francisco, Danúbio Azul, Flor da Serra e Terceira Dimensão.

Oitavo Dia: Lambadão Pantaneiro for World > Palco Principal: Lucianinhos dos Teclados, Banda Ellus, Os Three Boys, Os Federais, Grupo Chamegar, Os Ciganos, Erre Som e Banda Styllus.

Nono dia: Sertanejo for World> Palco Principal: João Carreiro & Capataz, Michel Teló, João Bosco & Vinicius, Fernando & Sorocaba, Jorge & Mateus, Luan Santana, Victor & Leo e Bruno & Marrone. > Palco secundário: Leonardo, Chitãozinho & Xororó e Zézé di Camargo & Luciano.

Décimo e último dia: Brazilian Salada Mix for World> Palco único: Reginaldo Rossi, Dj Maluco & Alladin, João do Morro, Capim Cubano, Mr. Catra Tayrone Cigano, Banda Kitara, MCs Cego & Metal (+ MC Sheldon), Stefhany, Pank Brega, Silvano Salles, 3 na Palomba, Bonde do Forró e Latino

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

TAKAFOGO NELE MESMO - O eletromelody que a Gang deve para este cabaret

William Love, cantor da Gang do Eletro

Piada interna que só o pessoal da Gang, Juca Culatra & Piranhas Negras, Calibrown, alguns adeptos da seita Coletivo Fora do Eixo e quem leu ESTE TEXTO, podem entender...

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A baixa literatura de algumas letras de forró

No mundo do forró os fãs costumam tratar seus bandas prediletas como times de futebol e não raro ocorrem eventos semelhantes a brigas de torcidas. Eles defendem suas bandas com unhas e dentes e procuram denegrir as bandas "adversárias". Uma dos casos mais evidentes é o que ocorre entre Aviões do Forró e Garota Safada. Existe até uma baixa dedicada ao assunto.


Um dos temas ultimamente mais abordado nesses embates são as letras de qualidade duvidosa. No entanto um internauta chamado Gustavo fez uma relação que prova que pedras devem ser jogadas com muita moderação, pois a maioria das bandas tem teto de vidro. Veja a relação abaixo:

Limão com Mel
"Esse vaqueiro é ruim que dói. Esse cavalo é ruim que dói. Esses dois são ruim que dói." (Criatividade!? Romantismo!?)

Mastruz Com Leite
"Jogaram uma bomba, no cabaré... Voou pra todo canto pedaço de mulher" (Cadê as letras que falam de poesia, do homem sertanejo!?)

Noda de Caju
"Tinrintintin" "Chama na grande" "Cachorrão" (Momento tragico do vaneirão do noda)

Calcinha Preta
"Que foi que eu fiz pra você Mandar os "homi" aqui vir me prender" (Preciso comentar?)

Garota Safada
"Toda vez que eu bebo eu invoco o He-Man He-Man! He-Man!" (Linda Letra neh?)

Aviões do Forró
"Bara bara bara bara Bere bere bere Bere bere bere Bara bara bara bara (Acreditem, essa perola é do Dorgival Dantas)

Forró do Muído
"Chame Bina,Chame Ela, Será que Bina vem com nós?" (Eu hein!)

Cavaleiros do Forró
"Olha o menino, Olha o menino, Olha o menino de papai" (Saudade da Cavaleiros romantica...)

Saia Rodada
"É o seu vizinho que quer comer meu cuuelhinho" (Não acredito que uma musica assim consagra uma banda)

Furacao do Forró
"O que a cachaça fez comigo? Eu to louca, louca, louca." (Louco devia estar quem escreveu isso!)

Solteirões do Forró
"Vai safadinho, vai vai safadinho Vai Vai Vai" (Amo esse tipo de refrão rico em conteudo)

Forró Real
"Quem vai querer a minha piriquita? A minha piriquita? A minha piriquita?" (Alguém!?)

...

Esta relação foi obtida na comunidade Círculo de Forró

sábado, 17 de setembro de 2011

Top Five Gang do Eletro 2011

Neste exato momento a Gang do Eletro se encontra no estúdio gravando seu CD de estréia. Aproveitamos a deixa e disponibilizamos um arquivo com cinco dos melhores eletromelodys que eles fizeram em 2011. Divirtam-se!

Clique e baixe já! > Top Five Gang do Eletro 2011

Keila Gentil, a cantora da Gang demonstra na faixa "Dançando no Salão" que além de saber fazer caipirinha, ainda sabe cantar calypso. Joelma que se cuide!

Bruno & Marrone acertam a mão em disco novo, mas a assessoria erra feio

Em pleno segundo semestre de 2011, a assessoria da dupla Bruno & Marrone solicitou que o site Blognejo retirasse de sua página as músicas do CD novo, disponibilizadas para audição. Isso mesmo, elas estavam disponíveis apenas para audição e não para o famigerado e temido download.


Uma postura dessas pode até ajudar nas vendas do disco, para o sucesso do mesmo e consequentemente para a carreira dos artistas é altamente prejudicial. Até a cadela da vizinha sabe que hoje em dia os downloads gratuitos são a maior ferramenta de divulgação de qualquer artista.

O mais triste é que esse disco é um dos melhores lançamentos sertanejos neste 2011 conturbado para o segmento, quanto muita coisa de qualidade duvidosa anda sendo lançado sem critério algum, tendo em vista apenas o sucesso fácil e fortuito. O nosso Cabaret vai corrigir esse deserviço que a assessoria de Bruno & Marrone prestou à dupla, disponibilzado o CD na íntegra para nossos mui estimados frequentadores. Clique e faça o download.

sábado, 10 de setembro de 2011

Robô da Gang - Trecho do show da Gang do Eletro no Terruá Pará 2011

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Eu não aguento mais escutar Paula Fernandes

Eu não aguento mais escutar Paula Fernandes. Não que eu escutasse Paula Fernandes antes, gostava da "Pássaro de Fogo" e só. Só que agora ela é onipresente, você escuta mesmo sem querer, os outros fazem o serviço no seu lugar. O pior é que mesmo que você curta, sei lá, uluzudum da Africá Central, já deve ter uma versão em uluzudum de "Eu quero ser pra você".


Acho Paulo Fernades muito chato porque tudo ali é muito calculado para estar certinho. Até o babadinho com o Roberto Carlos tem um quê de cálculo. Paula Fernades é como uma Marisa Monte. É tanta engenharia envolvida que assistir um show dela é tão emocionante quanto assistir a construção de uma ponte.

Fora que andam dizendo por aí que ela é um porre de pessoa. Em tempos de Twitter e Facebook essas histórias correm e se multiplicam. Dizem também, os defensores, que ela é bipolar e toma uns antidepressivos. Eu não quero nem saber, mas acho essa questão muito chata. Até aí nenhuma novidade, não é mesmo?

A única coisa legal que tem na Paula Fernandes ela não explora, que é aquela história de que ela era namorada de Victor, da dupla com o Leo. Segundo consta no Santuário da Fofoca Universal a música "Meu eu em você", um jovem Victor, enamorado de uma mais jovem ainda Paula, fez para sua amada como prova de amor.

Mas enfim, não estou dizendo que o DVD de Paula Fernandes seja ruim. Apenas estou exercendo o direito constitucional da livre expressão. E isso inclui a liberdade de dar palpites. E eu tenho um palpite para dar sobre Paula Fernandes - e Marisa Monte também, chama ela - o que falta para elas sabe o que é? Uma calça jeans encardida e um tanque de lavar roupas.

Tenho certeza que o tanque vai olhar dentro dos olhos das duas e vai dizer: "Vai se entregar pra mim / pela primeira vez..."

domingo, 4 de setembro de 2011

Jeane do Brega e a melhor introdução de clipe do ano

A era dos clipes caseiros virais ainda não completou meia década, mas já se pode observar alguns padrões. Letra com algum elemento diferencial, uma dança engraçada e alguma absurda, totalmente sem noção em algum ponto da gravação. O clipe de Jeane do Brega atende a esses requisitos. Claro, eu posso estar errado, o exercício de previsão nessa área é sempre uma atividade de risco. Mas só de ontem pra hoje foram mais de 60.000 visualizações. Se cair nas graças de ser regravada por pseudo-celebridades do calibre de uma Preta Gil - como foi o caso da Stefhany em 2009 -, aí fechou a polenta. De qualquer forma eu aposto na menina e ela já é considerada uma das musas de nosso Cabaret. Com vocês A JÉANE!

sábado, 3 de setembro de 2011

Grupo Tradição e o novo caldeirão - a revolução vem de Campo Grande

De todas as influências que podemos destacar da moderna música sertaneja, o grupo sul-matogrossense Tradição é a mais forte. Os produtores Dudu Borges e Ivan Myazato fizeram escola na banda. Michel Teló era vocalista. O produtor, manager e marido de Jannayna, Carlos Dias, era baixista da banda. E por fim, Anderson Nogueira, que além de ter lançado um exelente disco solo como cantor, toca bateria na maioria absoluta de hits sertanejos da atualidade. O mesmo pode ser dito do percussionista Wlajones. Só que, como se pode notar pelas frases acima, nenhuma deles ainda está na banda. Mas então, o Tradição acabou? Nada!

Leandro, Marcio, Guilherme, Jeffinho, Leko e Pekois

Sob a liderança do guitarrista Wagner Pekois, o Tradição montou uma nova e jovem formação e durante os ultimos vinte meses lançou-se à estrada em turnês constantes pela região sul, meio à margem da mídia, arredondando seu repertório e introsando os novos membros. No primeiro semestre deste ano gravaram seu primeiro DVD no balneário de Camburiu, que está prestes a ser lançado. Hoje saiu o primeiro clipe do DVD, com a música "To Solteiro", que pode ser conferido aqui no Cabaret, com exclusividade.


Além do remanescente Pekois, o novo combo do Tradição é formado pelos irmãos Guilherme Bertoldo nos vocais e Leonardo, o Leko nas baquetas. Os dois são gaúchos e tocavam na banda 4 Gaudérios. Para substituir Gerson Oliveira, um dos melhores sanfoneiros do Brasil - e o único remanescente dos veteranos que sumiu do mercado - Gerson Nogueira, a responsabilidade caiu nas mãos do jovem descendente de indíos Jeffinho Vilalva. Escolado na arte do Chamamé. Jeffinho é oriundo do Grupo Zíngaro, assim como o baixista Leandro Azevedo. Tampando o caldeirão, o percussionista Marcio Pereira, recrutado dos campo-grandenses Mensageiros do Oeste.

Encontrei os meninos quando passaram por Curitiba no mês passado. Pela quantidade de palhaçada que uns faziam com outros e pelas histórias engraçadas contadas, dá pra ver que a sinergia do grupo está boa. Mas o que realmente me supreendeu foi o senso de responsabilidade e liderança do cantor Guilherme Bertoldo. Toda a vez que eu fazia uma pergunta mais cabeluda e direcionava para o Pekois, depois de poucas frases do guitarrista Guilherme já chamava o assunto para si. Guilherme sabe o que quer e demonstrou determinação em fazer acontecer.

Isso é particularmente interessante sob o ponto de vista do que foi discutido na conversa: os novos rumos da música sertaneja. Enquanto o resto da manada volta suas atenções para a região nordeste numa relação cada vez mais promíscua - no bom e no mal sentido - com o forró, o axé e o arrocha, Guilherme quer investir cada vez no diferencial do Tradição, que é o vanerão gaúcho e todas as suas variante. A música gaúcha sempre encontrou enormes dificuldades em se modernizar e o Tradição sempre foi sua válvula de escape, apesar da banda ser de Campo Grande.


Com a consolidação da música sertaneja como a nova música jovem no Brasil e depois do estouro de Luan Santana, soa meio óbvio a todos que só o que falta é uma boa banda, que dê continuidade a esta revolução. Dentre as existentes podemos listar Kanoa, Rhaas, Seu Maxixe, Amigos Sertanejos, mas todas elas possuem aquela característica em comum que foi citada, estão com os ouvidos voltados pro norte. Só o Tradição está buscando sul a base de sua criação.

Mesmo soando tradicionais - afinal surgiram fazendo isso nos anos 90 - e fazendo juz ao nome, ao ficarem sua base criativa no sul, o Tradição acaba se saindo inovador. A musica sertaneja atual foi influenciada pela antiga formação da banda. Será que esses moleques afeiçoados a uma boa macaquiçe conseguirão fazer o mesmo com a geração futura?

Como diria Napoleão Bonaparte, no sermão da montanha: - Vai saber... Mas que o caldeirão vai tremer, isso vai!

Banda Uó, uma lição de vida e os caminhos do novo pop brasileiro

O texto seguinte foi escrito por Vladimir Cunha, provavelmente a algumas horas atrás e provavelmente sob o efeito de muita cerveja. Mas é um texto lindo. Esta jóia foi postada no Facebook, nem pedi autorização para a reprodução, mas não creio que ele vá invocar. Vladimir é jornalista freelancer e cineastar. É dele a direção do filme Brega S/A que pode ser assistidona íntegra no final da postagem. Boa leitura!

Banda Uó, uma lição de vida e os caminhos do novo pop brasileiro

Eu e DJ Maluquinho, um dos inventores do tecnobrega, começamos a encher a cara desde cedo. Daí o nosso estado precário quando a Banda Uó subiu ao palco para encerrar o primeiro Eletronika Belem.

O sujeito estava começando a ficar meio perigoso, quase sem conseguir andar direito, tropeçando nas próprias pernas, mas esperto o suficiente para roubar umas latas de cerveja da área vip do festival quando se ligou que o bar ia fechar e perigava da birita já não rolar tão fácil.


Mas nada que o impedisse de entrar de bicão na discotecagem de Rodrigo Gorky, o gordinho nerd que descobriu que podia ser alguém quando inventou o Bonde do Rolê e embalou o funk carioca para o resto do mundo.


Bonde do Rolê, Banda Uó...diversas encarnações da obsessão de Gorky em dialogar com a música da periferia brasileira. Primeiro o funk. Depois o tecnobrega de camisas xadrez, bonés de grife e bigodes propositalmente cafonas, como se tudo o que a música de massa brasileira já produziu terminasse em ironia.


O show acaba, mas ninguém sai do palco. A discotecagem de Gorky começa. Depois de um tempo sumido, Maluquinho dá as caras novamente. Olho para o sujeito e penso “caralho, esse filho da puta tá tão doido que se mijou todo”.


“Que porra foi essa, rapá?”, pergunto.

“O que?”.

“Isso aí na tua calça”.

“Ah, porra, é que deu merda”.


Pra minha surpresa, ele mete a mão no bolso e tira uma lata de cerveja toda amassada, que havia acabado de estourar dentro das suas calças. Ele ri, bebe um resto que havia ficado no fundo e joga a lata no chão.


Maluquinho pode até ser meio doido, mas não é burro. Fica parado um tempo observando Gorky discotecar e me pergunta de onde ele é. Digo que não sei. Maluquinho fica quieto. Mila, hit dos meus tempos de axé no bloco do Shopping Picanha, causa uma comoção inesperada e transforma a pista do Eletronika em uma micareta hipster.


“Porra, Vladimir, tu sabe qual é o problema desses DJs da burguesia?”, me pergunta Maluquinho já emendando a resposta, “O problema deles é que eles não falam no meio da música. Eles não mexem com a galera, não mandam abraço, não pedem palmas, não sabem interagir”.

“Então vai lá em cima e pega o microfone, porra”, respondo.


Mal termino a frase e Maluquinho já está no palco. Dago Donato faz a ponte e logo parece que Maluquinho e Gorky são parceiros de longa data. O que era apenas uma discotecagem vira um acontecimento que dificilmente será esquecido por quem foi à primeira noite do Eletronika Belém.


Porra, Maluquinho é puta velha e sabe de trás para frente todos os truques que fazem a massa se remexer. Gorky entra na onda e logo manda umas bases espertas na medida para Maluquinho improvisar uns tecnobregas, mandar abraços pras meninas, pros casados, pros solteiros, para as bichas e para as vadias. A rapaziada aprova a presepada e invade o palco. A temperatura sobe e a inibição diminui. Meninas rebolam, um rapaz tira a roupa e fica só de cuecas. House vagabundo, Alceu Valença, Chiclete com Banana, funk carioca e tecnobrega. Gorky e Maluquinho no comando da sacanagem. É hora de gritar “vai, vai, vai”. É hora de rolar o treme-treme. É hora do sexo e da safadeza. “Pega fogo cabaré”, grita Maluquinho relembrando uma expressão antiga dos puteiros da zona boêmia de Belém. Dá certo. O cabaré pega fogo e a festa vira uma zona. Eu roubo uma cerveja de Gorky e encontro André Paste emocionado por finalmente ver um astro tecnobrega em ação. Dago ensaia uns passos de dança. Um casal se joga no chão e simula uma cena de sexo. Bonde do Rolê e Banda Uó dançam. Todas as conexões possíveis que um festival como o Eletronika poderia supor sendo estabelecidas ali, naquele momento. Do palco, localizado de frente para a Baía do Guajará, vejo a zona portuária da cidade, o berço de todas as interseções culturais de Belém desde o final dos anos 50, quando os primeiros discos de merengue e os primeiros rádios solid state chegaram à cidade através da rota de contrabando estabelecida a partir do Caribe e das guianas.


Ninguém agüenta mais. Mentira, as pessoas agüentariam sim. Só que a festa precisa acabar. Maluquinho quer beber mais, puxa um bolo de notas de cem do bolso e sai perguntando onde dá pra comprar whisky. Roubo a chave da sua moto e mando ele pegar um táxi, já meio preocupado que aquela noite termine em tragédia, afinal ninguém quer assistir ainda ao nascimento do James Dean tecnobrega. O salão se esvazia aos poucos. Ir embora pra que? Mas já deu, daqui o pouco é outro dia.


São seis da manhã no mercado do Ver-O-Peso. Na Barraca da Carioca, espero ela fritar um filé de dourada enquanto bebo a última cerveja da noite e a primeira da manhã. Os raios de sol começam a aparecer por detrás dos casarões antigos do centro comercial de Belém quando uma discussão atrai a minha atenção. Dois feirantes brigam. O negócio fica feio, o clima pesa. Um feirante puxa uma faca peixeira e parte pra cima. Eu, que já me preparava para sangue, tragédia e um corpo no local, respiro aliviado quando tudo o que rola é bate-boca, ânimos apaziguados e a turma do deixa disso.


O clima volta ao normal e enquanto como o filé de dourada com uma providencial coca-cola fico pensando na noite de hoje e em uma frase que Marcos Maderito, principal MC da Gang do Eletro, havia falado horas antes enquanto debatíamos o futuro do tecnobrega. “A galera tem que se tocar que o futuro já está acontecendo”, disse ele quando perguntado sobre a importância do estilo hoje. Caralho, eu jamais achei que fosse viver para ver Marcos Maderito e William Gibson alinhados em uma mesma corrente de pensamento. Afinal foi o escritor canadense de ficção científica quem disse, em 1993, que “o futuro já está acontecendo”.


Na volta pra casa, largado no banco de trás do táxi, fico ruminando a frase de Maderito. Penso nas implicações do futuro ser agora, da possibilidade de apropriação de uma revolução tecnológica e apolínea na construção de uma nova configuração de realidade mais dionisíaca e interessante. Volto ao Ver-Peso, à imagem de dois feirantes que comiam ao meu lado enquanto trocavam os últimos lançamentos do tecnobrega via Bluetooth. É um novo momento, malandro, sagaz e otimista, como Maluquinho e Maderito, e não pessimista e angustiado, como Bruce Sterling e William Gibson. O táxi percorre as ruas do centro comercial de Belém. Vou levar pelo menos uns 40 minutos para chegar em casa. Mesmo bêbado e cansado, ainda consigo me sentir feliz, com a certeza de que o futuro não é mais como era antigamente.


Brega S/A - O filme

BREGA S/A from Gustavo Godinho on Vimeo.

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