O Rock Nacional Morreu e teve show Sertanejo no Enterro

O sertanejo substituiu o rock como a música consumida pela juventude brasileira. Se esta frase fosse escrita no começo dos anos 90, seria considerada ficção escatológica, mas na atualidade é a mais Pura Realidade.

Exaltasamba Anuncia Pausa na Carreira

Depois de 25 Anos de uma Carreira Brilhante e de Muito Sucesso, o Grupo Exaltasamba anuncia que vai dar uma 'Pausa' na Carreira.

Discoteca Básica - Aviões do Forró Volume 3

O Tempo nunca fez eu te esquecer. A primeira frase da primeira música do Volume 3 do Aviões doForró sintetiza a obra com perfeição: um disco Inesquecível.

Por um Help à Música Sertaneja

Depois de dois anos, João Bosco e Vinicius, de novo conduzidos por Dudu Borges, surgem com mais um trabalho. Só que ao invés de empolgar, como foi o caso de Terremoto, o disco soa indiferente.

Mais uma História Absurda Envolvendo a A3 Entretenimentos

Tudo começou na sexta-feira, quando Flaviane Torres começou uma campanha no Twitter para uma Espécie de flash mob virtual em que os Fãs do Muído deveriam replicar a Tag #ClipSeEuFosseUmGaroto...

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sertanejo 2011 - Os 10 melhores discos

2011 foi o ano em que a música sertaneja consagrou-se como a mais executada no país. Pra quem achava que era uma onda passageira, os sinais apontam para o contrário. Este ano o gênero passou a dialogar com o funk, o forró e o arrocha, num claro sinal de que estamos diante do nascimento da nova música pop brasileira. Desta vez sem influências da música americana ou inglesa, mas sim um ritmo genuinamente nacional, o que de tabela, significa ter potencial planetário. O estou do hit "Ai se eu te pego" é apenas a ponta de um iceberg que só cego não enxerga.

10 - Paula Fernandes - Ao Vivo

Com seus multiplatinados CD e DVD, Paula Fernandes foi a grande vendedora de discos do ano. Sua bem sucedida turnê nacional, no entanto, recebeu muitas críticas, não só quanto à frieza da cantora no palco, mas também quanto a seu comportamento em diversas ocasiões. Fosse essa lista uma corrida de Fórmula 1, Paula ficaria com um ponto, quase uma honra ao mérito devido ao fato de seus gráficos de venda estenderem a sobrevida das grandes gravadoras por mais um ano.

9 - Michel Teló - Na Balada

De longe o artista que mais torrou dinheiro em mídia, jabá e autopromoção no ano. Este disco lançado no fim do ano representa bem o que Michel Teló fez de sua carreira em 2011: uma metralhadora giratória atirando pra tudo quanto é lado, na ânsia de se tornar o maior cantor do Brasil. Tem moda de viola, sertanejo universitário, reggae e até música eletrônica, com a infame "Eu Te Amo e Open Bar", o maior tiro no pé dos últimos tempos. Mas verdade seja dita, "Humilde Residência" é uma das melhores músicas do ano.

8 - Grupo Tradição - Tô de Férias

Ex-banda de Michel Teló, o Tradição teve que recomeçar do zero depois da saída do cantor – seguida de uma debandada geral dos outros músicos, com exceção do guitarrista Wagner Pekois. Com a formação rejuvenescida e sob a liderança do novo vocalista Guilherme Bertoldo, a banda ralou dois anos na estrada para azeitar este show, registrado no CD e DVD gravado no Balneário de Camburiú. Um disco impecável, daqueles que com o passar dos anos será um dia redescoberto e cultuado como obra prima.

7 - Humberto & Ronaldo - Romance

Humberto & Ronaldo são daquela duplas improváveis, quando até os primos próximos recomendam a tentativa de uma faculdade ou um concurso qualquer. Um cara como eu e você, sem nenhum atrativo físico vistoso e um negão acima do peso. Os caras tiveram que pisotear o conceito de apelo visual através da música. Conseguiram com um disco que revelou uma das melhores músicas do ano, "Chega Mais Pra Cá", de cujo quilate até Gusttavo Lima quis tirar uma lasquinha, participando da gravação.

6 - Bruno & Marrone - Juras de Amor

Únicos medalhões presentes na lista, Bruno & Marrone se redimiram com esse disco do fracasso de público e crítica que havia sido o disco anterior. Com um repertório que resgata a dor de amor dos velhos tempos, "Juras de Amor" ainda traz consigo um fato curioso: foi o único disco entre os dez melhores do ano, que foi produzido pelo outrora festejado Dudu Borges. Fosse ano passado, ele ocuparia metade das posições. O fato é que esse álbum comprova a longevidade da dupla, considerados os padrinhos da nova geração.

5 - Munhoz & Mariano - Ao Vivo em Campo Grande

Há de se descobrir o que existe na água de Campo Grande que faz com a cidade produza tantos talentos. Munhoz & Mariano, com apenas dois anos de carreira profissional, praticamente estreiam com este disco irretocável, repleto de pérolas do início ao fim. A dupla também se destaca em suas performances ao vivo através do mais completo domínio sobre a plateia, cada vez mais lotada de fãs histéricas, que surtam perante a cada vez mais famosa dança de Mariano. Carisma é o ponto forte desses caras.

4 - Fred & Gustavo - Então Valeu

Sem a menor sombra de dúvidas, este foi o projeto mais ousado de 2011. Uma dupla relativamente desconhecida do grande público recolhe-se em uma fazendo no Mato Grosso do Sul para compor novas músicas. O resultado foi este disco gravado ao vivo em Uberlândia, 100% inédito e 100% autoral. Com a letra longa e rebuscada de "Lendas e Mistérios", Fred & Gustavo representam a esperança de uma renovação estética na musica sertaneja. Coragem e bala na agulha pra isso eles comprovaram que tem, através desse disco.

3 - Luan Santana - Ao Vivo no Rio

Luan Santana, por ser o primeiro grande astro da música sertaneja a extrapolar as fronteiras do gênero, sempre tem que matar um leão a cada disco. Amado e odiado em iguais proporções, a cada novo lançamento fica aquele clima de "agora ou nunca". Amparado por uma competente produção, "Ao Vivo no Rio" cumpriu a promessa e mais: é a grande prova de que a nova música pop brasileira nascerá da matriz criada pela moderna música sertaneja. Queira os detratores ou não, Luan veio pra ficar.

2 - Victor & Leo - Amor de Alma

Assim como Bruno & Marrone, Victor & Leo vinham de um disco fraco. Desta vez, ao invés de terceirizarem a produção, assumiram por completo as rédeas do projeto e criaram esta joia, que supera até o cultuado "Borboletas". A poesia de Victor Chaves está cada vez mais sofisticada e a intimidade dele com seu violão, cada vez mais estreita. Em um ano infestado pelo chamado "sertanejo de pegação" este disco é um oásis, a capa não podia ser mais representativa: um céu claro pra contrastar com a negritude dos singles com letras de qualidade duvidosa.

1 - João Carreiro e Capataz - Lado A Lado B

Há anos que João Carreiro & Capataz são a grande promessa da música sertaneja. Onze, de cada dez profissionais do meio, apontam eles como a dupla predileta. Depois de amargarem uma geladeira de dois anos na gravadora Som Livre, eles voltaram para a independência ou morte e presentearam a todos os amantes da boa música não com um, mas dois discos. São quarenta músicas divididas no Lado A, acústico com músicas de raiz; e no Labo B, com músicas com a pegada moderna que lhe é característica. Mesmo com este catatau de músicas, não tem gordura sobrando, é só filé. Apesar de não ter nem dois meses de seu lançamento, este disco é desde já um grande clássico da música brasileira como um todo, um disco histórico que tem tudo para implodir o preconceito e a má vontade que a crítica cultural dita oficial tem para com a música sertaneja. Victor & Leo já abriram uma fresta nesse sentido, mas os brutos vão com certeza enfiar os dois pés e escancarar tudo.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Bruninho do Acordeon sofre furto ou Humberto & Ronaldo, passageiros dos Aviões do Forró

O blognejo noticiou "Motel Disfarçado" como nova música da dupla Humberto & Ronaldo. Não me contive e escrevi o comentário abaixo, que reproduzo aqui na íntegra, dada a pertinência da questão.


Essa música é emblemática pra praticamente encerrar a temporada de singles/chupingles 2011. Trata-se um recorde de velocidade por parte dos copiões. A menos de um ano atrás o compositor baiano Bruninho do Acordeon, postou um video no youtube. Tratava-se de uma gravação com uma roda de amigos num shopping. Imediatamente os olheiros da A3 Entretenimentos enviaram a música para a sede da empresa em Fortaleza e pronto, os Aviões do Forró lançaram sua versão.

O mais irritante nessa postura que a anos os Aviões mantém, são os subterfúgios que eles usam para “driblar” as acusações. Agora o cantor costuma citar o autor, mandando um alô, um recado ou um abraço. Mas nunca dizendo que a música é dele. Quem é do meio e acompanha tudo, meio que saca a citação, mas a grande massa passa ao largo. Ou seja, essa prática continua mantando os novos talentos no berço, quando não na maternidade. Chimbinha já falou sobre isso e publicamos aqui no blog (clique aqui pra ler).

E o mais triste nessa história toda é que o mercado sertanejo está importando essas práticas predatórias. Primeiro foi com o CD promocional e agora com as cópias de músicas de novos talentos. Humberto & Ronaldo estão com um ótimo disco lançado este ano, eles tem ótimas músicas, simplesmente não precisavam ter embarcado neste bonde que, a longo prazo, tem tudo para converte-se em carma ruim. Isso é uma vergonha!

*Atualização

Movido pela curiosidade, hoje meio dia sintonizei a rádio A3FM, de Fortaleza. Essa música, na versão dos Aviões do Forró, fechou o programa como a terceira música do dia. Se os Aviões não estão pagando direitos autorais para Bruninho do Acordeon, etão trata-se de roubo mesmo. Uma coisa é colocar a música num CD promocional invendável, outra é tocar numa rádio comercial.

Detalhe: a A3FM pertence, naturalmente, a A3 Entretenimentos. O círculo se fecha. Repito, é triste ver o mercado sertanejo importar as práticas mais infames do mercado do forró. Quem tem amor pela música, tem que denunciar essa prática, para que em 2012 ela não se alastre ainda mais. É uma pena que artistas autorais como Gusttavo Lima e agora Humberto & Ronaldo estejam aderindo a essa prática. Eles precisam entender que nem sempre, para o bem de suas carreiras, devem ir na pilha de produtores e empresários. Mais arte, menos comércio!!

*Atualização[ 2]

Fontes informam que a A3 pagou algumas centenas de milhares de reais para Bruninho. Ainda não sabemos se os artista sertanejos fizeram o mesmo. Assim que confirmarmos essas informações, publicaremos aqui no blog.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Balanço de 2011 do Cabaré do Timpin

Foram fortes emoções!


- A casa inteira roubada nas férias de janeiro
- seis viagens musicais (Salvador, Recife, Salgueiro, Belém, São Paulo, Uberlândia, Araguari e Vinhedo)
- duas surrras levadas
- um pé na bunda da ex-mulher
- um assalto
- quinze show assistidos
- um pé na jaca histórico
- vinte e três grandes discos baixados, escutados
- o blog com template novo
- duzentos e quarenta e sete esporros do chefe
- um amor impossível adicionado na caixa de entrada do coração (Alô Cally Mell)
- um amor possível com o qual fiz merda (Alô Patty Faria)
- dez amnésias alcoólicas
- quarenta e cinco cuhurrascos sonorizados
- setenta e cinco idas ao bar da Salete
- um pátio carpido
- os porres não puderam ser computados devido a impossibilidade humana para realizar tal tarefa...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Sertanejo Play - O SHOW! (Capítulo 4)

Todos os caminhos são iguais, mas somente um tem coração. Apesar de aparecer em uma música de Raul Seixas, essa frase é do sábio índio mexicano Don Juan, retratado nos livros de Carlos Castañeda. Apesar também de, em se tratando do mercado da música sertaneja, nem todos os caminhos serem iguais - uns são mais comerciais, outros mais oportunistas - a verdade é que são poucos os que tem coração. E quando a escolha de um caminho é feita com coração, amor e fé naquilo que se acredita, a tendência natural é que tudo seja encaminhado para que dê certo. Este parece ser o caso do Sertanejo Play. Pois vejamos.



Em um ano em que vicejaram gravações e regravações de músicas com forte apelo comercial e de fraquíssimo valor artístico, ou então de artistas consagrados apropriando-se de criações de novos e ainda obscuros talentos, o Sertanejo Play se sobressai feito uma Supernova em uma região pouco estrelada do céu.

Claro que nem tudo aqui são rosas e nem tudo lá são espinhos. Neste ano tivemos a volta por cima de Victor & Leo, com seu irretocável "Amor de Alma", depois do fraquíssimo (e com o nome agourento) "Boa sorte pra você". E o que dizer dos sensacionais Lados A e B do lançamento duplo de João Carreiro & Capataz? Sem contar com a consagração definitiva de Gusttavo Lima e o despontar de duplas promissoras, como Humberto & Ronaldo e Munhoz & Mariano. Estes últimos presentes no Sertanejo Play como convidados especiais e os únicos nomes mais ou menos conhecidos do grande público. E é justamente este último detalhe que faz deste projeto, algo tão especial. A aposta no novo, o apreço pelo novo, pautado sempre pela qualidade.

Mesmo artistas já com uma certa quilometragem, como o caso das duplas Betho & Menon e Marco Aurélio & Paulo Sérgio, o tesão juvenil transparece. Cada qual com seus próprios motivos e com suas histórias de vida, comportaram-se como renascentes. Os primeiros abriram o show e os segundos encerraram, como que amarrando as pontas do fio de um novelo que, após quase duas horas de show, revelou-se uma bela tricotagem, o produto final superou a soma das partes.

Betho & Menon confirmaram que possuem um público fiel na região, entraram com o jogo praticamente ganho e com a platéia na palma de suas mãos, cantando em uníssono seu sucessos, principalmente o hit "Atrevida". Já Marco Aurélio & Paulo Sérgio protagonizaram e comendaram a grande apoteose da noite, o momento em que todo o cast subiu ao palco para cantarem juntos aquele que entrará para história como o grande hino do evento, a música "Agora é nóis".

Mais do que servirem de cobertura para o recheio representado pela nova geração apresentada ao público, esses quatro artistas emprestaram um característica ímpar para o projeto: a troca de experiências e conhecimentos possibilitada pelo longo período de convivio íntimo. Isso, mais a competência do produtor Ivan Miyazato e do arranjador Eduardo Pepato, possibitaram a realização do que se viu e se ouviu na noite de 15 de dezembro.

No mercado atual da música sertaneja, a vaga de grande crooner da música romântica ainda não foi definitivamente preenchida. Michel Teló, Gusttavo Lima e, de uma certa forma, Luan Santana, ainda são candidatos, mas não vão muito além de suas candidaturas. Rodrigo Marin demonstrou que está nesse jogo para buscar a vitória. A concorrência, como se vê, é pesada, mas o rapaz demonstrou autoconfiança e tudo o que precisava era isso, uma chance de se mostrar ao mundo.

Os sinais de que a música sertaneja é o novo pop brasileiro estão cada vez claros. Aos poucos a crítica especializada está admitindo isso, e não falo apenas da crítica da área sertaneja, falo da crítica em geral. Tivessem eles em Vinhedo e assistisse o show de Karin Garcia, dariam largos passos para admitirem de uma vez por todas essa realidade. A menina é uma estrela nata. Em alguns momentos ela lembra a Rita Lee da fase Build Up, logo que saiu dos Mutantes, em outros Paula Toller, no auge de sua forma nos anos 80, mas o tempo todo deu provas de que assimilou muito bem todas as influências que teve em sua carreira e que está pronta para as luzes da ribalta.

Estar no lugar certo e na hora certa, é algo que não se calcula, mas que faz parte dos inescrutáveis desígnios do destino. Parece ser o caso da dupla Junior & Marconi e da banda Villa Baggage. Depois do estouro de Luan Santana junto ao público adolescente, a ponto de virar álbum de figurinhas e capa de caderno escolar, está mais do que na hora de que uma dupla e uma banda percorram o mesmo caminho.

Algumas duplas já foram lançadas por aí, mas nenhuma tem mais potencial para se tornarem ídolos teen como Junior & Marconi. Eu estava no gargarejo quando eles se apresentaram e fiquei impressionado com o que vi. Fãs de primeira hora empunhando cartazes com mensagens de carinho e inventando um slogan que tem tudo pra colar: "Junior e Marcone / anotem esse nome". E podem anotar mais, pois o mais impressionante é que além de terem apenas dez meses de carreira, aquela era a quarta vez que subiam num palco. A impressão que se tem é que eles devem ter nascido e se criado num palco oculto de todos, tamanha a maneira como estavam se sentindo em casa. Repito, anotem esse nome.

Muitas vezes um jornalista acaba-se descobrindo um tiete. Foi o meus caso com a banda Villa Baggage. Já no ensaio eles conseguiram algo raro, arrancar arrepios em mim. A combinação de violino com sanfona, algo que Fernando & Sorocaba poderiam ter feito, mas que nunca arriscaram, a banda realizou com maestria. A sonoridade do Villa Baggage é totalmente nova, fora o fato de que, além de terem uma cantora charmosíssima, a loirinha Emelyn Maziero, os irmãos Nuto e Gui Artioli, violino e sanfona respectivamente, alternam-se na primeira voz que se perceba. Fora a presença no palco que o trio causa, parecem preencher todos os espaços, não se sabe pra qual deles se olha. Se um metoro de grandes proporções vão atingir a terra e extinguir a espécie humana, estes caras vão bombar.

Depois deste farto banquete de novidades, Munhoz & Mariano representou quase uma chuva no molhado, sendo muito mais uma espécie de faixa bônus, do que um selo de autenticação vindo de um nome já reconhecido no mercado. Mas não fizeram feio e mais uma vez demostraram seu poder de frisson perante a platéia.

Quando o show acabou, toda a produção e o time de artistas pulava e berrava, cantava e se abraçava em cima do palco, enquanto o público deixava a casa de eventos Adler. Pareciam um bando de crianças comemorando a primeira bicicleta da vida. Foi um negócio bonito de se ver, como bonito é ver todas as grandes tarefas executadas com amor. Já que começei com Raul Seixas, vou terminar com ele para tentar manter um mínimo de lógica nesta resenha. "Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, já sonho que se sonha junto é realidade". E ali eu vi um bando de malucos sonhando juntos. Se o sonho deles não virar realidade, não sei mais o que vira.


Links para os capítulos anteriores da SAGA SERTANEJO PLAY

Capítulo 1 (primeiras impressões)

Capítulo 2 (fiz merda)

Capítulo 3 (retratação e novas amizades)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Sertanejo Play - Capítulo 3 (a retratação e as novas amizades)

Pra quem chegou aqui agora:

Sertanejo Play - Capítulo 1 ---> Capítulo 1

Sertanejo Play - Capítulo 2 ---> Capítulo 2

O segundo do dia - que acabaria com o show - no Sertanejo Play, além de ser dedicado às óbvias retratações pelas cacas da véspera, foi o dia de conhecer novas pessoas. Como a noite anterior eu havia jogado no ralo da História e da memória, pelo menos pra mim, agora que era hora de fazer, acontecer e justificar minha presença ali.



Samuca Produções e a elite da blogosfera sertaneja: Mauricio Ferigato, Timpin, Yago Boufleuer, Renato Murakawa e Marcus Blognejo. Faltou só o Boi Brasil, que estava piriguetando pelo ambiente.

O primeiro a conhecer eu só fui saber quem era depois, mas achei muito nobre sua atitude. Eu estava arrasado no saguão do hotel, estirado no sofá e lendo meu livro "Humano, demasiado humano", do filósofo bigodudo e alemão Friedrich Nietzsche, quando ele veio e cumprimentou-me espontaneamente. Como eu sabia que ele estava no palco na fatídica noite anterior, isso foi um sinal de que ele não tinha em sua mente a imagem espelho de que eu era o mais completo bosta. Quem era ele? O produtor Eduardo Pepato, encarregado pelos arranjos do espetáculo. Dali em diante saquei para comigo, taí um cara humano, demasiado humano.

Quando chegou o meio dia, a equipe da blogosfera desceu de seus quartos, chamou-me e comunicou-me que eu era persona non grata no evento e desaconselhavam inclusive minha presença no almoço. Para meu bem, seria melhor comer por ali mesmo, em alguma lanchonete nos arredores. Marcus Blognejo era o mais enfático quanto a isso. Como, muito mais do que vergonha na cara, eu tenho uma honra a defender e nunca me eximo da responsabilidade pelos meus atos, fui com eles.

No restaurante, após a refeição, fui lá fora fumar um cigarro digestivo junto a segunda pessoa bacana que conheci, o empresário e produtor Juninho, da dupla Jads & Jadson. Perguntei se era realmente verdade tudo o que estavam falando que eu tinha aprontado na noite anterior.

- Rapaz, foi disso pra pior! Tinham que fazer uma corrente de neguinhos em tua volta. Cara, tava muito doidão!
- Puta merda, vou ter que me retratar com o povo. O pior é que nem sei como começar a me desculpar, porque não de lembro de porra nenhuma.
- pode começar a retratação me pagando os mil reais que te emprestei ontem, você não lembra não?

Na mesa, enquanto comia, prestava muita atenção nas conversas do cantor Paulo Sérgio, que faz dupla com Marco Aurélio. Entendam, eu tenho uma intuição quase feminina. No ato me liguei que estava diante de uma pessoa com um enorme coração, uma alma muito especial. Essa suspeita confirmou-se quando, logo ao chegar ao local do evento, fui desculpar-me com a assessora Patricia Decarli. Paulo Sergio de presto prontificou-se a defender-me, dizendo que havia sido uma gafe pontual e que eu não era aquela pessoa que eles tinha visto na época. Um abraço, uma troca de beijos e bola pra frente, disse Paty. Pediu pra mim esquecer tudo.

- Mas como vou esquecer de uma coisa que não lembro?
- Então está resolvido, uai!

O próximo contato era bem mais tenso. Tratava-se de encarar o sócio de Ivan Miyazato, Alexandre Souto, o homem que através de uma ligação, quando eu ainda estava em viagem pelo sertão nordestino, havia me convidado para estar ali. E mais! O homem que havia ligado para o Marcus avisando que não queria ver minha carinha loira deslavada por lá. Depois de algumas horas ele encontrou-me todo encolhido, sentado nos degraus de uma escada. Depois de um rápido sermão, acabou por dar-me a mão e desejar-me tudo de bom. Ufa! Chegou me afrouxar as tripas, fui correndo dali para o banheiro mais próximo.

Mais tarde apareceu por lá o cara que na verdade tinha sido o primeiro a conhecer, o multi-tarefa que, além de desenrolar qualquer coisa que precisássemos, ainda agencia o cantor e compositor iniciante Eddy Matos, que atualmente trabalha seu disco intitulado A Mistura. Estamos falando de João Lourenço, ou Joe Lorentz, como imediatamente passei a chamá-lo. Atualmente morando em Uberlândia, tivemos bons momentos de descontração contando velhas histórias da antiga formação do Grupo Tradição, já que ele tinha trabalhado com a banda.

O dia já estava chegando ao fim quando ele, a lenda, o mito, a figura,o cara que está batendo nos vinte mil seguidores no Twitter, a explosão de energia e carisma chamado Samuca Produções apareceu por lá, tirando sarro da minha cara, por causa da manguaça histórica da noite anterior. Se haviam algumas pessoas ali que não estavam sabendo do ocorrido, agora estavam cientes de tudo, via palestras informais e stand ups de Samuca, Samú para os íntimos. Além de me filar uns quatro ou cinco cigarros meus, convenceu-me que sua simpatia comigo era sincera e que ali estava nascendo uma grande amizade. E potenciais novas aventuras, como vocês por fim descobrirão no capítulo final desta saga. Aguarde e confie.

A cereja do bolo foi quando um maluco cumprimentou-me do nada, quando eu estava mexendo no computador. Ele estava com outro cara e visivelmente tinham pinta de dupla sertaneja. Perguntei pro Marcão quem era e qual não foi minha supresa ao saber que se tratava de Thiago Machado & Rafael. Explico a surpresa. O meu blog de downloads sertanejos predileto é o Modão MS. O único problema do blog é que todo e qualquer disco que você baixe, vem com uma, duas ou três faixas bônus desta dupla. Depois, em conversa com Gabriel Orriz, o dono do Modão MS, descobri que a dupla era empresariada pelo blogueiro. Não deixei barato, chamei os caras.

- Ô seu filha de uma mãe, chegue aqui!
- O que foi?
- Sabia que todo disco que baixo do meu blog de downs predileto vem musicas suas? Conhece o Gabriel Orriz?
- É nosso chefe, !

Dali pra frente foram muitas risadas, aguns tenerés que filei de Joe Lorentz e Samuca e uma foto muito zuada com a dupla agora famosa Thiago Machado & Rafael. Os viadinhos também me filaram alguns cigarros. Mas o que levaram, confesso aqui, foram alguns exemplares da minha carteira de reserva de Classic do Paraguai. Sacaneei os caras, ora xongas!

O clima na janta estava bem mais leve que no almoço, assim como minha alma, que estava bem mais aliviada. Era a noite decisiva, a noite do show do Sertanejo Plays e eu estava transbordando amor e gratidão, por todos os poros do corpo. Não só para os artistas do evento, mas acima de tudo para mim, era uma noite muito especial e decisiva. Era agora ou nunca! E como eu já tinha observado pelo que vi e ouvi nos ensaios, uma noite de boa música.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Sertanejo Play - Capítulo 2 (Fiz merda)

Se tem uma das poucas coisas nessa vida que me deixa realmente preocupado, é não lembrar de como ter ido dormir na noite anterior. E foi exatamente o que me aconteceu nesta manhã de quinta-feira, o dia da gravação do DVD Sertanejo Play. Minha preocupação aumentou quando constatei que Yago tinha sumido do quarto com mala e cuia e pior, ninguém respondia minhas mensagens no Twitter. Só fui descobrir o que cacete tina acontecido quando o blogueiro Mauricio Ferigato me telefonou e me chamou para dar uma passadinha em seu quarto. Minhas suspeitas se confirmaram: eu tinha feito merda.


Timpin esganando a assessora que o fez passar pelos perrengues do post anterior


Tudo começou meia hora depois que publiquei o post anterior. A notícia de nosso exílio no hotel da rodovia Anhangüera espalhou-se e foram nos buscar, para ficarmos no mesmo hotel em que o resto da turma estava hospedado. Foi uma mudança da água pro vinho. Se antes Yago tirava onda no Twitter de que éramos blogueiros da segunda divisão, agora havíamos sido alçados diretamente pra Libertadores. Antes mesmo de irmos para o novo hotel, fomos levados pra uma churrascaria onde toda a equipe do Sertanejo Play estava jantando.

Conhecemos todo mundo. O produtor Ivan Miyazato, o chefão Alexandre Souto, a dupla Marco Aurélio & Paulo Sérgio e mais uma galera. Jantamos conversando com Marcus Blognejo e os irmãos Gui e Nuto Artioli, da banda Villa Baggage. Comecei a cagada aproveitando que a produção iria pagar a conta e logo de cara entornei duas garrafas de Bohemia. Na saída do jantar fomos para nosso novo hotel, nos prepararmos para assistir o ensaio geral do show.

Chegando no local, a primeira coisa que fiz, naturalmente, foi esculhambar a assessora que nomeamos como culpada por todas as roubadas em que nos metemos durante o dia. Implacável em minha fúria, aproveitei para esculhambar o vestido da coitada. Tudo teria saído às mil maravilhas se um cara não aparecesse com uma caixa de Red Label e uma pcoteira de Red Bull. Cabreiro que estava com tudo o que tinha dado de errado desde que havíamos chegado em Vinhedo, comecei tímidamente, bebendo com uma parcimônia extrema. Mas foi só ficar levemente alto que começei a manguaçar em ritmo industrial. Não demorou muito para que -graças a mistura do destilado com as fermentadas de antes - eu perdesse completamente a noção.

O que vai ser relatado a seguir, soube através de testemunhas, porque eu não me lembro de absolutamente nada. É a prova maior de que de tanto ler os livros de Charles Bukowski, acabei por incorporar traços de sua personalidade, ou seja, ás vezes quando bebo demais torno-me uma pessoas bem desagradável.

Consta que começei a dar chutes no traseiro da assessora e chamá-la de ml e um tipos de coisa ruim. Consta também que fiquei tentando agarrar uma das cantoras. Comecei a pentelhar todo mundo. Os músicos da banda começaram a ameaçar de descer do palco e me moer de pancada. Marcos porfim tomou uma atitude drástica e me levou na marra pro hotel. Diz ele que ofereci resistência e que teve um trabalhão pra dispensar o pau d´água.

Os caras ficaram tão putos que hoje demanhã ligaram pro Marcus dizendo que não queriam mais minha presença no show. Tive que fazer uso de toda minha diplomacia e falta de vergonha na cara. Agora estou aqui no último ensaio do show, relatando tudo isso pra vocês e mais quieto que guri cagado.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Sertanejo Play - Capítulo 1 (primeiras impressões)

Chegamos, Yago Boufleur e eu, pra cobertura do Sertanejo Play. Isso ocorreu, pra ser mais exato às 11:30 da manhã de hoje. A animação enquanto esperávamos as bagagens na esteira era grande: "será que o prefeito estará nos esperando?" "E se a imprensa embaçar, vamos organizar uma coletiva pra não perdermos tempo com esses malas, né?" "E as fãs? Temos que tratar com carinho, é a primeira vez que viemos aqui..." "Pisar em tapete vermelho eu não piso porque acho um treco brega pra cacete".



Qual não foi nossa supresa ao constatarmos que não tinha ninguém nos esperando. Ligamos pra organização e nos pediram uns minutos para resolverem a situação. Minutos depois nos ligam dizendo que uma Dublô de uma dupla chamada Sérgio & Sandro pilotada por um certo Vicente iria nos buscar. Bastava esperar na saída do aeroporto. Esperamos, esperamos, esperamos e esperamos mais um pouco. Esse pouco pode ser quantificado em termos de uma hora e lá vai cacetada.

Ligamos de novo. Nada de atenderem e aí o comunicado veio via Twitter. Peguem um táxi e vão até o hotel que depois reembolsamos. Aí é que fudeu tudo! Só pro frequentador de nosso Cabaret se situar geograficamente, o desembarque foi no aeroporto de Viracopos em Campinas e o hotel ficava em outra cidade, chamada Vinhedo. Barganhei com o taxista e conseguimos uma corrida que nos custaria 80% de nossas reservas financeiras. O que não tem solução, solucionado está. Embaracamos no táxi.

Chegando no hotel, mais uma surpresa. Nossos nomes não constavam na lista de reservas. Nessa hora eu já começei a fazer uso de meu vasto repertório de impropérios. Mas por enquanto ainda contidos. Mais ligações e a notícia. Nosso hotel na verdade era outro, localizado na rodovia Anhangüera, kilômetro sei lá qual. Mais baraganha com taxista e lá se vão nossos ultimos 20% de capital de giro.

Lógico que fizemos o taxista esperar confirmarmos que nossos nomes constavam na lista de reserva antes de ele desaparecer de nossas vidas com nossos 20% restantes. Tudo confirmado, chave na mão, bagagens instaladas fomos comer, porque nossos estômagos já estavam ameaçando digerir os esôfagos num protesto justificável. Chegando no restaurante constato que nada é tão ruim que não possa ficar pior. Como estávamos num logradouro na margem de uma BR, as cervejas eram proibidas por lei, por conta do tucanato paulista.

Como sou duro na queda, chamei um mensageiro do hotel num canto e negociei quatro latas de Nova Schin quentes no mercado negro, a seis e cinquenta. O resto da tarde, até o presente momento, gastamos soltando matilhas de cães via Twitter, no encalço da organização e constatando que o outros blogueiros estão todos juntos, de boa, no primeiro hotel que nos recusou, que fica na cidade de Vinhedo e não no meio do nada onde nos encontramos.

A noite está apenas começando e o show será amanhã. Sinto medo do que nos espera. E também do que farei na hora que olhar dentro dos olhos de quem nos meteu nessa roubada. Pode ser que a maré mude de cá pra lá, mas nessa praia em que me encontro, não arrisco encarar nem uma marolinha.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Sertanejo Play contará com cobertura do Cabaré do Timpin

Amanhã viajo pra região de Campinas, onde assistirei a gravação do DVD do projeto Sertanejo Play, capitaneado por uma das principais cabeças da renovação da música sertaneja, o produtor sul-matogrossense Ivan Miyazato e que será gravado na cidade de Vinhedo. Começando a operar aparit de um estudiozinho mandrake em um quarto de amigos, o japonês foi aos poucos talhando o som que consagrou nomes como João Bosco & Vinicius, Maria Cecilia & Rodolfo, Luan Santana e Fernando & Sorocaba. Som essa primeira geração universitária formada e com futuro praticamente garantido, agora o produtor investe na próxima turma.

Ivón Miyazatón, el japorongo de las produciónes

No primeiro semestre trabalhou com as duplas Hugo & Tiago, João Neto & Frederico, Fred & Gustavo, Munhoz & Mariano, dentre outros artistas. Sertanejo Play, no entanto, é um projeto que foge um pouco dos padrões do que se anda fazendo ultimamente na música sertaneja. Trata-se de um show coletivo, onde a maioria das atrações estão praticamente debutando. Com exceção de Marco Aurélio & Paulo Sérgio e os supra citados Munhoz & Mariano, os outros nomes são virtualmente desconhecidos do grande público.

O pacote de novidades inclui duas duplas, um cantor, uma cantora e uma banda. Das duplas, Betho & Menon são os mais experientes, tocam juntos desde 1998 e já possuem um público fiel nas casas de show de Campinas e arredores. Já os brasilienses Junior & Marconi são praticamente picanha maturada, tem apenas dez meses de carreira, mas seu talento como compositores lhe garantiu a presença neste DVD, que será seu primeiro registo de carreira oficial.

Junior & Marconi

Dos artistas solo, Rodrigo Marin é a prata da casa. Ex-estutante de veterinária e natural de vinhedo, o cantor já fez algumas apresentações ao lado de nomes consagrados e depois de anos de dedicação, já anda fazendo dezoito apresentações por mês. Confirmando uma tendência que vêm se impondo cada vez mais na música brasileira nos últimos anos - o sertanejo como a nova musica pop brasileira - a cantora Karyn Garcia já teve sua música pop "Boyfriend" na grade de clipes exibidos na MTV. Agora a menina resolveu voltar às suas origens dar uma guinada na carreira, abraçando o novo estilo com a segurança de quem frequentou várias praias, sem uma única insolação.

Por fim temos o pessoal do Villa Baggage, um inusitado trio composto pela cantora Emelyn Maziero, pelo Violinista Nuto Artioli e pelo seu irmão sanfoneiro Gui Artili. Com essa formação assaz original, o som acústico da banda promete ser uma das sensações deste Sertanejo Play que vai ser gravadado na próxima quinta-feira, 15 de dezembo, apartir das 22:00 na casa de show Adler e que contará com a cobertura deste blogueiro que vos escreve.

Villa Baggage

Dependendo de como serão as instalações do local e de como será a conexão com a Internet, vamos atualizando aqui o blog com novas informações. O legal é que lá encontrei também outros blogueiro, como Marcus Blognejo, Boi Brasil, Maurucio Ferigato, Yago Boufleuer e Marcelo Sertanejo na Web. E esses encontros costumam ser sempre produtivos e divertidos para ambos os envolvidos. Agora quanto a resenha crítica do que eu for ver lá, nossos frequentadores conhecem nossa honestidade e nossa acidez, se não gostar de algo, com certeza descerei o sarrafo aqui.

Então fiquem ligados, porque o bicho vai pegar!!!

Pedro Alexandre Sanches (e outros!) e a mudança de paradigma da crítica musical brasileira

Nosso Cabaret caminha a passos largos para completar três anos de atividades. Durante esse período muita coisa aconteceu em termos de como a crítica cultural brasileira percebe sua música verdadeiramente popular. Naquele já longínquo primeiro semestre de 2009, estávamos praticamente sozinhos quando pedíamos um mínimo de respeito para a cultura musical popular. Gritávamos para paredes de concreto. Mas não desistimos e seguimos em frente, fazendo muitas amizades e umas poucas inimizades.


Agora uma nova tendência de mudança de paradigma parece nítida. Uma nova geração de blogueiros está metendo o pé no pau do barraco do circo dos preconceituosos e mudando a mentalidade da crítica cultural praticamente na marra. Essa turma merece um post exclusivo só para contar suas histórias, mas por alto posso citar vários nomes que estão fazendo a diferença na blogosfera. Temos o Comandante Alberto do Tecnomelody.com, Luana Alves com seu Quem gosta de Brega sou eu, o Marcus com intrépido Blognejo, Ivanzinho dando as últimas da Swingueira baiana, o cearense Jáder com o Forrozeiros, o Janio e seu antenadíssimo Forró em Sampa, os meninos do Seu Forró, PJ da Pagode FM. Fora as comunidades de downloads do Orkut: Super Pop Águia de Fogo, Rede Axé, Circulo de Forró, Acervo Arrocha, Adoro Meu Pagodão, Rede Forrozão, Tchê Download. A lista é enorme!

Só que o bacana é que a tal mudança de paradigma não se limita a essa nova geração, o pessoal da velha guarda está abrindo os olhos (e os ouvidos) para a riqueza da música que o povo brasileiro está fazendo. A lista de nomes também está crescendo: André Forastieri, Alex Antunes, Vladimir Cunha, Patrick Torquato, Camilo Rocha, Dafne Sampaio, Luis Antonio Giron, Pedro Alexandre Sanches... E é do Pedroca que vou reproduzir aqui um artigo que ele escreveu para o blog Ultrapop. É sobre a nova música sertaneja. A ficha ainda não caiu por inteiro, mas ele já está tendo alguns insights que o conduzirão "para a luz". Podem ter certeza disso!

O Brasil foi dos Sertanejos em 2011
Pedro Alexandre Sanches

Quem tem dois olhos e, principalmente, dois ouvidos já sacou, mas não custa comentar: os sertanejos levaram todas na música comercial brasileira em 2011. Paula Fernandes, Luan Santana, Michel Teló, Gusttavo Lima etc. etc. etc. são os artistas mais bem-sucedidos (e ricos) do Brasil atual. Gente da velha guarda também seguiu abiscoitando nacos de fama e falatório, nem que fosse por intermédio de brigas e sofrimentos, como foi o caso recente de Zezé di Camargo & Luciano.

Aí a filial brasileira da Sony Music acaba de lançar “Amor de Alma”, novo disco da dupla Victor & Leo, da, digamos, geração do meio do pop sertanejo (a geração mais nova está abolindo as duplas, é isso mesmo?). Dá o que pensar desde a capa, que é bonita, impressionante, inclusive por remeter a uma cena de faroeste norte-americano, ou coisa parecida, Victor e Leo de caubóis, em movimento, montados em garbosos cavalos “de raça”.


Este sempre foi um grito de guerra da chamada MPB, desde pelo menos o início dos anos 1960, quando Roberto Carlos ganhou o Brasil como ídolo do rock à brasileira, também chamado de jovem guarda: a música sertaneja dos anos 1980, assim como antes o iê-iê-iê de Roberto, Erasmo & cia., foi frequentemente combatida pela ideologia MPB como “americanização” da canção brasileira, cópia piorada do country & western (e/ou rock) norte-americano, música pop ligeira que não deveria ser levada a sério por quem se supusesse sério por aqui.

Confesso que não faz muito tempo que passei a tentar perder alguns dos meus preconceitos contra os sertanejos — a ponto de achar Luan Santana e Paula Fernandes bem simpáticos, patati patatá. Mas por grande parte da vida tive certeza, vinda não sei de onde, de que não gostava de música sertaneja, ou da caipira, mesmo tendo saído de Maringá, no interior do Paraná, estado natal de vários artistas caipiras e sertanejos, e mesmo morando em São Paulo, estado caipira até a raiz da careca, mesmo quando faz tudo para disfarçar essa origem.

A primeira música do disco de Victor & Leo me soou vibrante, sanfonada (quem tem ouvidos e olhos abertos também percebeu, certamente, que a sanfona é O instrumento em alta no Brasil atual, dos sertanejos em geral até o MPB-pop-roqueiro Marcelo Jeneci, passando por vários emepebistas, er, “puros”). Mais familiar — e bem divertida — me bateu a versão “sertanejo pop” para o hit MPB-pop-axé baiano “Sexy Yemanjá”, de Pepeu Gomes, em 1993 (e agora, de novo, pela reprise da novela “Mulheres de Areia”), ou mesmo a releitura do antológico sucesso sertanejo “Fuscão Preto”. Da maioria das faixas, sinceramente, não sei o que dizer.

Já sou bem marmanjo (tenho 43 anos), me formei como jornalista/crítico musical pela escola “Folha de S. Paulo”, de desprezo total e geral por tudo que o Brasil tem de mais popular, interiorano e não condizente com o cosmopolitismo Rio-São Paulo. Ainda estou aprendendo, me acostumando, encarando que preconceitos brutais sempre turvaram meus olhos (e ouvidos) e me impediram de qualquer apreciação ou avaliação mais, digamos, séria da música mais popular do Brasil. Em 2011, essa música é essencialmente sertaneja — como alguém pode se dizer jornalista musical simplesmente se recusando a encarar e compreender essa realidade?

Falando com quem tem preconceitos parecidos com os meus: malhar os sertanejos é algo que qualquer metido a crítico faz com o pé nas costas, mais fácil que roubar pirulito de criança em praça pública. Mais difícil é tentar se aproximar, pescar significados, deixar de lado o lengalenga estéril sobre “gosto disso” e “não gosto daquilo”, procurar entender as coisas que existem, simples assim. (Se você ama Luan, Gusttavo, Michel, Paula, Victor, Leo etc., este papo não deve fazer nenhum sentido, mas, ah, já que chegou até aqui…)

Ainda não tenho experiência nem cacife para me embrenhar nessas praias, mas tem uma coisa que eu percebo já há um bom tempo, desde a era George Bush nos Estados Unidos. Houve por lá uma revalorização de artistas veteranos do folk e da música country. Bob Dylan virou deus novamente, depois de anos de relativo ostracismo. Bruce Springsteen gravou disco em homenagem ao velho cantor folk de protesto Pete Seeger, que, por sinal, depois cantou com ele na festa de posse de Barack Obama. O velho Willie Nelson está vivo e chutando.

Simplificando horrores, o caubói Bush teve seus (muitos) pares na música pop local (lembra de Madonna vestida de cowgirl em 2000?). O “novo folk” vicejou, apareceram grupos aos montes, houve um interessantíssimo fenômeno de (re)aproximação entre folk e tradição celta, música cigana balcânica, rap e pop latino-americano etc. – Calexico, Bowerbirds, Beirut, Orishas, sei lá mais quem.

Não sei se a crítica norte-americana é feroz com seus próprios caipiras, mas certamente essa não é a tônica por lá. Springsteen, Dylan, Johnny Cash e outros muitos são respeitados, ou ao menos não são desprezados nem depreciados por seus conterrâneos. Os jovens indies neo-folk têm fileiras de entusiastas, inclusive aqui no Brasil.

Mesmo aqui o novo folk norte-americano vicejou, com gente como Vanguart (vindo do Mato Grosso, não por coincidência), Tiê, Thiago Pethit, Mallu Magalhães e outros. Não me consta que a MPB tenha se manifestado, mas o velho discurso de “estão querendo americanizar a música brasileira” caberia feito luva para esse pessoal, não caberia? Bem, acredito que a MPB não tenha dado um pio, até porque esse papo de “imperialismo ianque” tem cabimento praticamente nenhum nos dias atuais.

Esta é a descoberta que ainda fico beliscando, sem saber bem qual é sua dimensão: a capa do CD de Victor & Leo até evoca um filme western, mas, não, eles e seus pares NÃO estão querendo americanizar a MPB — se quisessem, cantariam Pepeu Gomes, Jeca Mineiro, Moacyr Franco, forró, vanerão etc.?

Não, ao contrário, esse pessoal, desde ao menos os anos 1980, vive mais é de abrasileirar a música caipira norte-americana. É bem mais como se o índio estivesse cativando e dominando o caubói do que o inverso, sabe como é? É movimento a acompanhar com atenção, principalmente se nos lembrarmos que há muito o “nosso” country-western começou a vicejar com topetes indígenas e nomes passarinheiros como Pena Branca, Xavantinho, Chitãozinho, Xororó…

E aí eu chego à minha conclusão, a respeito da soberania sertaneja do Brasil em anos recentes (até em rádio no Rio de Janeiro já ouvi sucessos sertanejos, o que me soou para lá de curioso): me perdoem Vanguart, Tiê, Pethit, Mallu, mas o verdadeiro “novo folk” à brasileira está nas mãos (e gargantas) de Luan Santana, Paula Fernandes, Victor & Leo etc. etc. etc.

Depois de décadas de praia, de Beach Boys a Lulu Santos, a América olha cada vez mais (e aprecia cada vez mais) seus matões, florestas e fazendas, seus interiores, sua caipirice por vezes urbaníssima. Do forró nordestino ao vanerão gaúcho, passando pelo lambadão matogrossense e pelo sertanejo metropolitano paulista, o Brasil está nessa, mais interessado na Globo do velho “Som Brasil” que na do novo (novo?) “Malhação”.

O fenômeno pode ser conflituoso e contraditório, mas tem muita pinta de uma saída coletiva do armário. Afinal, quem aqui não é “caipira”, seja no sentido Bush ou no sentido Cascatinha & Inhana?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Banda Djavú vira caso de polícia

Dois anos depois do Watergate do Tecnobrega, acabei encontrando por acaso o cantor Geadson, da Banda Djavú, no hotel onde estava hospedado em São Paulo. Nosso último contato havia sido via telefone, quando trocamos impróperios e nos xingamos um monte. No final acabamos conversando de boa e rindo muito de nossos ânimos exaltados na época do Watergate.

O cantor Geandson, da Banda Djavú, acertando as contas com o blogueiro Timpin

E mais, ele me contou que a outra facção da Djavú, liderada pela cantora Nádila e o DJ Juninho Portugal e comandada pelo truculento empresário mafioso Paulo Palcos, haviam sido presos em flagrante em São Paulo. E me mostrou o vídeo que vocês conferem abaixo.

Essa racha da Djavú já foi noticiada aqui no Cabaret (para rever a notícia clique aqui). De lá pra cá eles foram pra justiça e a Djavú de Geandson saiu vitoriosa. A "outra Djavú" está proibida de vender show e se apresentarem. Neste fim de semana tentaram se apresentar de novo, desta vez no Rio de Janeiro e foi cana de novo.

Muita gente está achando isso muito bem feito, pois eles estouraram fazendo sucesso em cima das múscas da música paraense Ravelly, mas uma coisa positiva eles deuxaram como legado, a popularização do tecnomelody no Brasil inteiro. Dificilmente a Revelly, com as mesmas músicas, teriam conseguido o mesmo. Por bem ou por mal, os baianos da Djavú azeitoram os ouvidos do país para a batida eletrônica paraense.

Se toda essa treta e esses barracos são justiça divina, não sabemos. Mas o que já se pode concluir é que o lado negro da força ne época do estouro da Djavú não era representado por Geandson, mas pelo empresário Paulo Palcos. Não fosse a presença desse cidadão, talvez a história tivesse sido inteiramente diferente.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Versão em inglês daquela musica lá, que eu acho que você conhece

Sem palavras.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Conheça o Movimento Péla-Porco

Texto sensacional escrito pelo meu camarada Doug Aquino. Aqui um breve release do figura, extraído do Twitter dele: Tecladista amante do estilo 'péla' de ser e de tocar. Técnico em informática e zuador nas horas vagas!


Você pode nunca ter ouvido falar em "péla-porco" mas isso é uma coisa bem mais presente em sua vida do que você pode imaginar.

A expressão se refere a um jeito de fazer música que faz sucesso mas que é ignorado simplesmente pelo fato de ser muito ruim. (hehehe)

Para que um artista seja qualificado com o Péla-Porco o critério é simples: se ele não tá nem aí pra nada, pronto. Uma banda Péla, como os do ramo costumam dizer, só se importa com a satisfação do público. Ou seja, se o povo estiver dançando, tanto faz se tá tocando certo ou cantando no tom; o importante é fazer o péla.

Talvez você não tenha identificado de cara, nenhum artista ou banda nesse estilo, então vou dar alguns exemplos de Pélas "finos", ou seja, pélas que são tão bons em ser pélas que fazem muito sucesso.

  • O "pai" de todos os pélas é o Anjinho dos Teclados ele foi o primeiro cantor a fazer sucesso tocando forró apenas com um teclado. A grande maioria dos pélas (eu, por exemplo) apareceu por causa dele.
  • Um outro exemplo de péla-porco que fez sucesso só com um teclado foi o Frank Aguiar, depois de estourar como "tecladeiro" ele montou uma banda de verdade e pra mim, não teve a mesma graça mais.

Mas embora todos os tecladeiros sejam péla-porco (essa é uma palavra norte-mineira e portanto não possui plural. hehe), nem todos os péla-porco são tecladeiros.

Os fãns vão me odiar, mas o maior péla-porco do Brasil é a banda Aviões do Forró.

Pra quem só conhece os CD's de estúdio deles, não faz muito sentido; mas pra quem ouve os CD's promocionais que a A3 Entretenimento enfia no mercado constantemente, aí sim faz sentido.

Um péla-porco nada mais é, do que uma coisa ruim mas que todos gostam. Melhor dizendo, uma coisa não tão bem feita assim. Uma banda que faz seus shows no estilo péla-porco é o Trio da Huanna. Sucesso nos sons automotivos, eles fazem sua música com um teclado, uma guitarra e um saxofone.

O grande problema é que a maioria dos cantores péla-porco não é reconhecido pela mídia. Suas músicas não tocam nas rádios, as televisões não sabem que eles existem, e os grandes eventos os contratam e ganham dinheiro com eles, mas sequer põem suas fotos nos cartazes de divulgação... Não estou falando de pélas como Aviões e Trio da Huanna; mas sim dos pequenos, aqueles que agradam o povo de igual maneira e não são reconhecidos. Eu podia citar dezenas, mas estou sem tempo agora.

Já está chagando a hora de alguém enxergar que os pélas representam uma maneira particular de fazer música e que não é pior que as outras. Só é mais simples, mais original eu diria. Viva os pélas!

Artigo mais sem noção... eu hein?!

...

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Tuta Guedes - Dois anos na dianteira de Michel Teló

E eis que Michel Teló, como prévia de seu novo projeto em DVD, lança como faixa de trabalho a música e o clipe "Eu te amo e open bar", misturando sanfona com batidas eletrônicas. Sertanejo para pistas de danças, com ambições planetárias. Inovação? Vanguarda? Bobagem! Em 2009 foi lançado o disco de música pop mais subestimado dos últimos anos, que fazia exatamente a mesma coisa, com o diferencial que não fazia uso do recurso primitivo de ficar repetindo o refrão à exaustão para se inserir à fórceps no inconsciente coletivo. Estamos falando do disco Tuta Guedes Sertanejo Eletrônico.


Clique aqui para baixar o Cd Tuta Guedes Sertanejo Eletrônico

Entre hits dançantes e canções românticas, o álbum é um pequena pérola, esquecida por um mercado dominado pelo jabá e pela máfia de empresário multimilionários, que determinam o que tocará nas rádios. Até o cantor Latino se rasgou em elogios para a música "Se eu te pego Óh" (qualquer semelhança com o título "Ai se eu te pego" fica por conta da ironia do destino) e todos sabem do faro comercial do cantor. Essa música inclusive foi um dos maiores sucessos na região norte, através da versão tecnobrega gravada pela banda belenense ARK.

Ouça a música (Se eu te pego, Óh!)


Seria um exagero de nossa parte dizer que foi a audição deste disco que levou os produtores de Michel Teló a terem este estalo com um delay de dois anos e se embrenharem nos beats eletrônicos. Mas observem que a sanfona da música "Essa é a nova onda" tem uma leve semelhança com a sanfona de "Eu te pego e open bar".

Ouça a música (Essa é a nova onda)


Lógicamente que o caminhão de dinheiro que a equipe de Michel Teló tem para investir na queima de milhares de CDs promocionais para entulhar o mercado, vai abafar o trabalho pionoeiro desta menina. Mas Tuta Guedes tem em seu favor o visionarismo e o talento vocal, tem se aprimorado a cada lançamento. Atualmente está trabalhando seu segundo disco, que segue a linha mais pop do sertanejo atual e está fazendo seu trabalho de formiguinha através de shows por diversos estados brasileiros. Os planos futuros incluem a gravação do primeiro DVD, onde sem sombra de dúvidas as pontas ainda soltas do repertório experimental da cantora serão atadas.

Michel Teló, apesar de todo o barulho que "Assim você me mata" causou esse ano ,não tem lançado um disco relevante para chamar de seu e já perdeu muito terreno, primeiro para Luan Santana e agora para Gusttavo Lima. Será que o loirão vai perder mais uma vez, desta vez para uma loirinha, baixinha e delicadinha? Bom, dois anos dianteira inovadora ele já perdeu.

Clipe oficial do single "Vai chorar como eu"


Faixa Bônus, versão tecnobrega de "Se eu te pego, Óh!" - Tuta Guedes & Banda ARK

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A grande surpresa da viagem: Acácio, o Ferinha da Bahia

Ontem tive uma das mais gratas surpresas de minha viagem a São Paulo, conheci Acácio, o Ferinha da Bahia. Nunca tinha ouvido falar do cara e fiquei de queixo caído ao ver quantidade de fãs batendo fotos no camarim, os gritos histéricos delas durante o show, algumas invadindo o palco para agarrem o ídolo. Um treco impressionante.


Em sua página no Palco Mp3 seu som é qualificado como forró. Mas não é forró. Arrocha também não é, trata-se de um som difícil de qualificar. É como aquele forró de teclado, que toca nas sertestas, mas repaginado através de uma banda completa. Muito bom. Dançei tanto que voltei pro hotel com os pés doendo e uma bolha no dedinho do pé direito.

Como se não bastasse, a festa foi Sitio de Zé da Rosa. Puta merda que festa massa! Barracas vendendo comidas típicas do nordeste (tinha até Sarapatéu e Buchada de Bode!), um parquinho para as crianças se divertirem e uma platéia altamente gente boa. Já logo na entrada, na fila para comprar cerveja, me entrosei com um grupo de meninas. Tinha de tudo lá: velhos, crianças, mulheres bonitas, barangas, viados, sapatas, cornos, muito foda! Hoje vou me escalar para acompanhar Acácio de novo, para fazer uma matéria decente sobre esse Super Star desconhecido da grande mídia.

Por enquanto apresento ele a vocês através de um vídeo de uma de seus DVDs:

sábado, 3 de dezembro de 2011

Joelma, Chimbinha & Timpin - Orkut Ao Vivo

Saideira do camarim no dia da gravação do programa Orkut Ao Vivo. Joelma, Chimbinha & Chimbinha, exibindo os presentes que ganharam da admiradora Camila Soares, de Itú. Bem, no meu caso não era bem um presente (era o pagamento de uma dívida), mas Camila também não é bem uma admiradora (é uma peguete). Quem entregou esses trastes inúteis foi Fernanda Lima. Fernandinha também cinegrafou essa cena.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Banda Calypso no Orkut Ao Vivo - Chimbinha fala algumas verdades sobre o mercado musical brasileiro

Ontem Chimbinha e Joelma participaram do Orkut Ao Vivo, um programa de entrevistas ao vivo que o site promove semanalmente, comandado pela cantora baiana Gilmelândia, ex vocalista da Banda Beijo. Entre uma trivialidade e outra, quando a entrevistadora perguntou sobre a questão da pirataria, Chimbinha fez uma expressão séria e disse que hoje em dia a pirataria não é mais o principal problema e tocou no assunto que nosso blog martela desde o inicio do ano através do Wikileaks do Forró: a regravação de músicas de artistas pequenos, por artistas já consagrados.

O Selinho de Chimbinha em Joelma, outro ponto alto da entrevista

Chimbinha tem moral e conhecimento de causa para tocar nesse assunto. Sempre valorizou seu fiel time de compositores e nunca foi envolvido em nenhum escândalo de cópias ou de plágio, muito pelo contrário, já teve um CD inteiro roubado por um ex-empresário inescrupuloso, que montou uma banda xerox da Calypso.

Com relação à internet e aos downloads, o guitarrista salientou que isso é uma ferramenta de divulgação excelente para os novos artistas. Ferramenta que não existia na época em que sua banda era iniciante e que enfrentavam agruras mil para se fazerem conhecidos. Inclusive, Joelma contou que quando estavam em dificuldades financeiras nas turnês, eles paravam em postos de gasolinas nas BRs e vendiam os CDs para os caminhoneiros, matando dois coelhos em uma só machada: conseguiam dinheiro pra comer e sua música viajaria o Brasil com os compradores. Internet da idade da pedra, por assim dizer.

Segundo Chimbinha, o esquema de regravações é muito mais grave, porque além de impedir que novos artistas cresçam, contruindo um repertório próprio que lhe confira uma identidade artística, ainda prejudica os compositores. Como os discos não são comercializados, mas sim distribuídos gratuitamente, a lei do direito autoral é burlada. Desta forma, se impõe quem tem maior poder de investimento, com capacidade de produzir mais discos gratuitos e pulverizar o mercado. O resultado é a tendência de surgir um monopólio de uma meia dúzia de grandes nomes de destaque, em detrimento dos novos artistas, da inovação e da diversidade.

O CD Promocional em si é uma invenção fantástica, inclusive já falamos sobre isso no post A Arte de estragar uma boa idéia (clique aqui), onde explicamos como a ganância comercial de alguns empresários perverteu essa inovação. O pior é que esta prática, que surgiu no forró, acabou contaminando também a música sertaneja. Sem citar nomes, Chimbinha exemplificou com o caso da banda baiana de forró Estakazero, que tem duas músicas lindíssimas, com as quais poderiam estourar nacionalmente, mas que foram regravadas por artistas sertanejos já consagrados, e que por isso continua anônima no resto do Brasil.

A solução deste problema é uma questão urgente, para o bem da música brasileira como um todo e o primeiro passo é que ela seja debatida. O Orkut Ao Vivo é um programa de Internet e não de televisão, mas tem alcançe nacional e Chimbinha foi o primeiro a abordar este tema numa mídia deste nível. Antes éramos solitários em bater insistentemente nesta tecla em nosso Cabaret. Agora, pelo visto, estamos com Chimbinha do nosso lado. Talvez agora possamos alimentar um fiapo de esperança de que nosso grito seja finalmente ouvido. Obrigado Cledivan... Isso é Calypso!!!

Assista abaixo a entrevista na íntegra.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Deixamos para Yago Boufleuer dos Santos o Trabalho Sujo...

...Que é divulgar o clipe (e acreditem! música de trabalho) do Polaco Miguezão.

Ivonete - A Recepcionista Estressada

Ontem dei uma folga nas baladas, porque depois de quatro noites de muita esbórnia, já estava no farelo do caco, uma sombra de tudo aquilo que eu era ao chegar em São Paulo. Já logo na primeira noite encarei um maratona de três show em três locais diferentes, junto com os malucos do Bonde dos Playboys e exercendo a dupla função de blogueiro e roadie. E vou te dizer, pense numa caixa de pedaleira pesada que só a porra que o guitarrista da costa oca Rodrigo usa... Fora a armação de alumínio do sócio-fundador da banda, o tecladista Sidney.


Mas não posso negar que minha estadia por aqui está sendo divertida. Instalei um escritório na mesinha do café na recepção e toda vez que bate um mínimo resquício de tédio, apelo para a recepcionista Ivonete. A coitada já está em vias de pedir a conta de tanto que torro a paciência dela. Volta e meia ligo minha caixinha de som portátil e recarregável, dou play numa moda de viola ou num brega rasgado, me viro pra ela e:

- Ivonete, tá muito ocupada?
- Porque?
- Quer dançar essa música comigo?

Teve uma tarde, se não me engano no domingo, que cheguei pra ela e pedi assim: "Ivonete, minha linda, me consegue uma tesoura emprestada?" Ela nem se mexeu na cadeira, apenas olhou pro gerente, deu um suspiro profundo e falou assim: "É assim desse jeito o dia inteiro..."

Outro dia pedi pra ela guardar minha garrafinha dágua na geladeira pra sair e comprar cigarros. Quando voltei e peguei a garrafinha de volta ela tinha colado um papel com durex e o numero do meu quarto: 302. Daí falei: "Porra Ivonete! Pq vc fez isso?! Tá parecendo exame de urina, como que eu vou tomar isso??" Juro que pensei que ela iria pular o balcão e esganar minha jugular. Foi por pouco!

Mas o ápice foi na manhã de terça-feira. Na noite anterior eu tinha conhecido a dançarina Cally Mell da banda Djavú e, como estava mais feliz que urubu em carcaça jegue atropelado em BR, tive uma crise de camaradagem e emprestei meu quarto pro baixista do Bonde dos Playsboys Ermínio Félix traçar uma polaca que ele tinha arrastado do show.

Ocorre que o viadinho deu sei lá quantas uma atrás da outra e quase que eu crio raiz, sentado no corredor ao lado da porta da alcova esperando os gritos e gemidos cessarem e fuçando no meu Facebook. E isso só aconteceu quando o dia estava amanhecendo e meu notebook descarregando. Não deixei barato na hora de dar um chutão na porta pra expulsar o casal. Se Erninho estava engatinhando uma saideira, deve ter brochado na hora. Quando caí na cama, mergulhei num sono profundo.

Acordei meio dia com mais chutes na porta, desta vez era os caras do Bonde, me acordando para se despedirem de mim, pois estavam picando a jega devolta pra Bahia. Ainda zonzo e sem saber nem direito onde estava e que porra de barulho era aquele. Enfiei a chave na porta e girei trêmulo e a bosta da chave quebrou dentro do ferrolho. E eu estava ferrado, preso dentro do próprio quarto.

Bateu o desespero e enquanto ouvia as gargalhadas dos meninos do Bonde do outro lado da porta, gritava desesperado:

- Socorro Ivonete!! Me tira desta merda que eu estou preso!!

Foi uma confusão dos diabos, os funcionários do hotel não achavam a chave reserva e tiveram que chamar um chaveiro para me libertar. Quando abriram a porta eu já tinha fumado o resto da carteira de cigarros e estava com a boca seca e os olhos esbugalhados, quase em estado de choque. Ainda tive que aturar Ivonete cagando na minha cabeça. Fechei os olhos e me consentrei no mantra: "Eu não estou aqui e isto não está acontecendo. Eu não estou aqui e isto não está acontecendo. Eu não estou aqui..."

Fora estes contratempos pontuais, a gente até que se dá bem. Muito embora eu jamais perdoarei esta mala por não ter me alertado que o preço da lata de cerveja que ela vende no balcão da recepção. É R$4,00 ao invés dos R$2,00 que eu havia intuido, ou seja, estou devendo o dobro do que havia orçado. Foi agora a pouco que só por curiosidade perguntei a ela a quantas andava minha conta. Descobri estarrecido que já está em duzentos e lá vai cacetada reais.

Das duas, somente uma vou conseguir realizar: ou pago a conta ou a viagem de volta pra Curitiba. Mas pra tudo tem uma solução e a minha será dar a bunda na Crackolândia (que é onde o hotel fica) assim que cair a noite e o comércio fechar...

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

João Carreiro & Capataz - Clipe "O que essa moça fez aqui"

Sem palavras. O melhor clipe de música sertaneja que já vi até hoje. Sem mais, assistam

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cally Mell - A Dançarina que caiu do céu

A teia de sincronicidade que caiu do céu em cima de minha pessoa continua bombando. Quando vim para São Paulo não tinha nenhuma pauta definida, a idéia seria fazer matérias na base do improviso gonzo.


Depois de vários contatos mijarem pra trás, acabei recorrendo ao meu amigo Dênis, da BYA Eventos. Camarada que é, me conseguiu um hotel no centro de São Paulo e me comunicou que uma banda de arrocha nova estava fazendo uma temporada de shows na capital paulista e perguntou se eu não estava afim de cobrir. Pergunta besta, lógico que queria.

Foi assim que conheci o pessoal da Bonde dos Playboys e o moleque do Bonde do Serrote do post anterior. Mas não só. Depois de uma sesta revigorante, desci para a recepção e ao sair do hotel dei de cara com o ônibus da Banda Djavú. Eles estavam hospedados no mesmo hotel!

Os frequentadores veteranos deste Cabaret sabem que a dois anos atrás eu derrubei o cesebre deles através do Watergate do Tecnobrega. Inclusive troquei insultos com o cantor Geandson Rios via telefone. Mas como não devo nada a ninguém e não tenho medo de corno nenhum, acabei abordando o cantor e me apresentando. No final acabamos ficando amigos de cagar de porta aberta e até uma consultoria de uso do facebook dei pro cara, enquanto estávamos sentados em uma poltorna na recepção, já que a wireless tabaca do hotel só pegava no térreo.

Justamente por esse motivo, acabei desapropriando a mesinha das térmicas de café, locando um tamborete preto de plástico e montando uma filial do escritório do Cabaret na recepção. Muito mais divertido do que ficar solitário num quarto de ventilador de teto. Em poucos minutos já estava entrosado com os meninos da banda e com a recepcionista estressada Ivonete, a mulher que pega ar facinho com minhas traquinagens. Só que vou pular alguns eventos cronológicos para chegar ao ponto que quero abordar neste post. Uma pessoa muito especial que conheci e que me devolveu um pouco da fé na humanidade que tinha perdido neste 2011 que tanto me fudeu.

Foi na manhã de segunda-feira. O show do Bonde dos Playboys havia acabado mais cedo na noite anterior e por razões inescrutáveis acordei oito da manhã bem disposto e sem ressaca. Liguei o notebook na filial do Cabaret na recepção e começei a conferir o que havia rolado nas redes sociais. As dançarinas da Banda Djavu desfilavam seus traseiros esculturais para lá e para cá, ignorando por completo a minha presença no ambiente. Resolvi então chamar a atenção ligando minha caixinha de som e dando um play na "Puta que o pariu" do Trio da Huanna. Foi batata, na hora uma moreninha que estava sentanda na poltrona ao lado conversando com um carinha com fardamento de motorista de ônibus se manifestou.

- Ei! Isso é Trio da Huanna, fui num show deles em Salvador na sexta passada!
- Massa, né?
- Demais! Você passa essa música pra memória de meu celular?
- Só se for agora!

Quinze minutos depois já estava entupindo o pen drive do motorista (era um primo dela, não se viam a um tempão e que estava dando um nó no trampo para ver a parente adorada) com meu repertório de arrochas, funks, bregas, forrós, sertanejos, etc e vinte e cinco minutos depois ela já tinha buscado seu notebook branco do quarto e estávamos nos adicionando, seguindo e o caralho de asas em todas as redes sociais possíveis e imagináveis. Foi empatia à primeira vista.

- Eita mulher, tú é muito mais bonita nas fotos do que ao vivo!
- É que estou toda amassada porque cheguei do show e nem dormi. Depois eu subo no quarto pra me arrumar pra fazer umas compras na 25 de março e tu vai ver que dou pra um caldo
- Humm, duvido muito, mas...
- Ei, tô vendo aqui seu Twitter, você conhece a Aila Menezes?
- Sim, eu era fã da Groove de Saia que ela tinha antes.
- Pois é, agora ela tá cantando na Raghatoni
- Tá, agora pára de falar merda e sobe pra tentar consertar essa tua cútis malacabada...

E lá foi ela se arrumar enquando eu me gabava com os meninos do Bonde dos Playboys acerca de minha bem sucedida abordagem de uma das dançarinas da Djavu, enquanto eles permenaciam só olhando, como cara de vira-latas pidões. E foi mostrando as fotos do perfil do Twitter dela para os moleques, que recebi uma cutucada no ombro. Era ela.

- Fuçando no meu Twitter, hein?!
- Putz!!

E lá foi o Timpas assustado clicando em tudo que era X em tudo que era janela que tivesse na tela. No cagaço fechei até o MSN que não tinha nada a ver. E meu irmão... Realmente ela dava um caldo. E que caldo! Praticamente uma BR-101, ou seja, um autêntico pedaço de mal caminho. Infelizmente não me convidou para ir as comprar com ela. Na verdade recusou minha escalação para o passeio e desapareceu de minha vista com seu par de coxas esculturais e seu porta-malas indescritível. Levei algum tempo para recuperar o fôlego, enquanto os meninos do Bonde choravam de rir da minha cara de assustado.


Estava decidido, naquela noite eu jogaria um abacaxi no colo da equipe do Bonde dos Playboys e acompanharia a Banda Djavú, por mais horripilante que essa possibilidade pudesse soar em minha mente. A banda só sairia do hotel às 23:00 e durante o resto do dia bebi com parcimônia extrema e conversando com - ainda não falei o nome dela, né? - Cally Mell por MSN e Facebook.

Chegado o momento do climax, a partida do ônibus da Banda Djavú para o show, lá estavam elas, as dançarinas da djavú, todas vestindo um breguíssimo casaco vermelho, parecendo um bando de Chapeuzinhos Vermelhos esnobadas pelo Lobo Mau e com as pernas de fora. Colei em Cally e aí sim, começei a beber de verdade, inclusive fornecendo uns goles escondidos para a pequena notável.

Ao entrar no ônibus ela me comunicou que eu teria que ficar com os roadies no fundão, enquanto as dançarinas ficariam num reservadinho na parte da frente. O ônibus da Djavú é todo compartimentado, pra falar com o motorista, por exemplo, tem que fazer uso de um telefone localizado na escadinha em caracol que dá acesso ao banheiro. Só que um dos seguranças, ao me intimar pra entrar, falou bem assim:

- Timpin, entra e te instala onde você quiser!

Preciso falar que subi aos pulinhos de pereca epilética e que me instalei ao lado de Cally Mell? Quando ela me viu exclamou, entre surpresa e divertida:

- Tú é abusado né Timpin? Puta que o pariu!
- É nóiz, fique gelo...

O trajeto entre o hotel e a casa de show parecia mais interminável que a Ferrovia Russa Transiberiana e eu não achei isso nem um pouco ruim. Deu tempo pra gente filosofar, fazer piadinhas sobre as outras dançarinas tongas, praticar psicanálise de boteco e fazermos um apanhado geral de nossas biografias e constatar que éramos praticamente duas almas gêmes. A tampa & a marmita. Foi tesão pra caralho.

Eu que já estava achando que nunca mais encontraria uma pessoas fudidamente legal, mas uma vez fui surpreendido pelo destino.

Depois de um tempão que não me preocupei em cronometrar, chegamos na porra de casa de show e então veio a supresa. Estava rolando uma puta de uma blitz, envolvendo polícia civil, policia militar, exército, guarda municipal e se bobear até a milícia particular de Gilberto Kassab. Absolutamente todo mundo da balada estava sendo revistado, desde o vendedor da barraquinha de pamonha e tapioca até o gerente do estabelecimento e a equipe da banda que estava tocando antes. A turba teve que ser organizada em filas gigantescas e classificada em gêneros. As mulhes se puseram com as mãos na parede de costas pra rua em um quarteirão, enquanto os homens foram alocados em outros dois, mais pra esquerda.

Estava na cara que não rolaria mais show e agente estava achando aqui insanamente engraçado, já que na véspera ela tinha pedido demissão e aquele seria sua última apresentação com a banda. A tribulação do ônibus não estava entendendo porra nenhuma do que estava acontecendo. Lógico que eu não pude contar a piada pronta:

- Eu sei o que tá rolando. Todo mundo está intimado e enquadrado por porte de drogas, por causa do ingresso do show da Djavú no bolso.
- Cala a boca Timpin! Tá maluco?! Tá cheio de gente da banda aqui, quer apanhar?

Show cancelado, lá vai os mané de volta pro hotel, com uma breve pausa em um posto de gasolina, onde matei a fissura de cigarro e entornei mais uma latinhas inspiradoras. Passamos o resto da noite coladinhos, Cally Mell e eu, no balcão da recepção do hotel enquanto o sono não vinha, vendo fotos e videos do Orkut dela - ela também faz uns bicos em umas bandas de Swingueira de Salvador (não é uma mulher perfeita?) e luta Jiu-Jitsu (é, não é uma mulher perfeita...)

Fomos dormir quando o dia estava amanhecendo, sob juras e promessas de que nossos caminhos um dia ainda se cruzarão de novo, já que ela iria embora logo que o sol despontasse. Como ela teria ainda precisava arrumar as malas e era expressamente proibido homens entrarem no quarto das dançarinas, tive que me recolher aos meus aposentos.

Dormi mais feliz que minhocão em esterco vaca.

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