terça-feira, 20 de outubro de 2009

Tchê music: prenúncio do fim? (ou a volta dos que não foram?)

Saiu hoje na Zero Hora
Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1§ion=Estilo%20de%20Vida&newsID=a2690557.xml

Cerca de três anos após a polêmica que varreu bailantas Rio Grande afora, os bons filhos à casa tornam. Em 2006, de um lado, estavam os integrantes das chamadas bandas de tchê music, do outro, os tradicionalistas. Agora, nomes até pouco tempo da tchê music, como Luiz Cláudio e a Tribo da Vanera e o grupo Quero-Quero, estão voltando às origens.

Outros, como o Tchê Barbaridade, tentam o meio-termo. Será o início do fim da tchê music? E eles serão aceitos de volta nos CTGs? Pelas palavras do presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (IGTF), Manoelito Savaris, não vai ser tão simples assim.

– Se voltarem a fazer música gaúcha tradicional, tendo a postura adequada, serão contratados. Mas poderão ter dificuldade, pois haverá desconfiança – acredita o tradicionalista.

Quando à orientação repassada aos patrões dos CTGs...

– Quem for contratá-los terá que tomar cuidados. Eles terão que comprovar que voltaram ao tradicionalismo – sustenta Manoelito. – Se quiserem disputar o mercado dos CTGs que venham por inteiro. Existem 900 galpões de CTGs realizando bailes, fandangos, pelo Rio Grande do Sul!

Crítico do radicalismo com que tradicionalistas tratam a questão, o folclorista e pesquisador Paixão Côrtes ressalta:

– Sou contra qualquer medida proibitiva, mas sou a favor de conceituação, da diferenciação dos estilos.

E pondera:

– Todo modismo tem tempo limitado, é circunstancial, consumista.


Luis Claudio e a Tribo da Vanera

O grupo Quero-Quero, um dos mais tradicionais, teve apenas um DVD em estilo tchê music e não quis continuar. Foi em 2005, quando lançou Ave Fandangueira ao Vivo.

– Tentamos passar para um mercado que estava se abrindo. Mas o público mais fiel chiou e com razão. Nossa veia é a música mais tradicional – afirma o vocalista, André Lucena.

Ele ressalta que o grupo nunca deixou de usar toda a vestimenta gaúcha.

– A gente ouvia: “O Quero-Quero tá na tchê music, então não toca mais no nosso CTG”. Mas já estamos recebendo os convites novamente – relata.

Quanto ao motivo da volta, o cantor não poupa palavras:

– Nós somos muito críticos em relação à musicalidade. O que observamos, sem querer depreciar ninguém, é que a as letras da tchê music eram muito pobres!

O retorno do grupo ao tradicionalismo será marcada pelo lançamento de um novo álbum, Quero-Quero 20 anos de História, que deve e star nas lojas em dezembro.

Grupo Quero Quero


“Voltei para ficar”

Em 2006, Luiz Cláudio declarava: “Abandonamos a pilcha para ficar mais perto do público”. Hoje, o líder do grupo Luiz Cláudio e a Tribo da Vanera voltou a usar bombacha e, definitivamente, como gosta de ressaltar.

– O nosso público começou a cobrar músicas tradicionais. Nunca cuspi no prato que comi, apenas segui um caminho que achei conveniente na época. Voltei pra ficar – assegura.

Durante seu tempo de tchê music, os CTGs não o aceitavam. Agora, tem esperança que a situação mude:

– Já pilchado, fiz o encerramento da Semana Farroupilha em Canoas.

Um dos primeiros a saber da mais recente mudança de Luiz Cláudio foi Manoelito, que, em 2006, presidia o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), hoje comandado por Oscar Gress (a reportagem tentou contato, mas Oscar está na China). Recentemente, Luiz Cláudio enviou e-mail ao Manoelito, com a capa do novo CD e a música Se o Rio Grande me Precisa – na “nova” linha tradicionalista.

– Fiz isso para me retratar com ele e comunicar a mudança. Ele respondeu muito bem – conta o músico. Manoelito confirma que gostou da música.

Sem rótulo nem bombacha

“Vamos achar um caminho do meio”

Em busca de “um ponto de equilíbrio entre as vertentes”, como gosta de argumentar, o Tchê Barbaridade lança Cante e Dance com faixas bem mais campeiras como Trancaço, escrita por Mauro Moraes, premiado em festivais nativistas.

– A gente vai tentar achar um caminho do meio para unificar as duas ideias, o tradicional com o novo. Já temos músicas com esta perspectiva – afirma o vocalista e líder do grupo, Marcelo Noms.

Mas, sem bombacha há anos, o Tchê Barbaridade não pretende vesti-la de novo.

– Temos uma cantora (Carmen). Colocá-la vestida de prenda é pedir para andar pra trás – diz Noms.


Tchê Barbaridade

“É uma forma de desespero”

Direto de Itajaí, Santa Catarina, onde Tchê Garotos fez show, o gaiteiro e vocalista Markynhos Ulyian nega o rótulo de tchê music. Mas não dá pra negar que foi justamente quando abandonaram a fase tradicionalista que estes gaúchos começaram a bombar nacionalmente.

– Tchê music não existe no resto do país. Em São Paulo, somos sertanejos. Em novembro, lançamos CD Tchê Garotos – Luau Sertanejo – conta.

Quanto aos grupos que estão voltando para o tradicionalismo, Markynhos é definitivo:

– Acredito que é mais uma forma de desespero, atrás do ganha-pão.


O Galã pozudo Markinhos

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