sábado, 13 de agosto de 2011

Na música brasileira: os Moralistas apresentam suas máscaras

Alguma coisa deve estar acontecendo na sociedade brasileira, cujos efeitos estão se refletindo no música. Não na música em si, mas na maneira como ela é percebida e aceita. Uma onda de moralismo está se esparramando pelo país, atingindo locais os mais inusitados, como por exemplo... este cabaret! Inconscientemente embarcamos nessa, só fui perceber o padrão agora.

Já fazem dez dias que postamos um coleção de singles sertanejos sob o título de "Assim você me mata", apontando os lançamentos recentes mais constrangedores. Era uma brincadeira, pelo eu não levei tão a sério - tanto montei um disco com elas e escuto bastante, mas o post teve uma certa repercussão que revela uma tendência. Um sentimento nostálgico que nem é tanto querer reviver o som do passado, mas sim rever o som passado e com isso qualificar o que se produz na atualidade e com isso criar o som do futuro.

Não é só no sertanejo que está acontecendo isso, no forró também e inclusive já está mais adiantado, um movimento já está organizado. O Movimento Forró das Antigas está em plena ascenção, com apresentações cada vez mais solicitadas encabeçado por três dinossauros do setor: Mastruz com Leite, Limão com Mel e Magníficos. Como no caso do sertanejo, o clima é retrô. Pra se ter uma idéia da dimensão dessa guinada no forró, o movimento conta agora com os reforços Painel de Controle, Cavalo de Pau, Lagosta Bronzeada e Calcinha Preta. Se eles excursionarem todos juntos, que é o que costumam fazer, pode colocar o nome da turnê de Jurassic Park Forró Tour 2011.

Sertanejo e forró movimentam um mercado gigantesco, o moralismo aqui está sendo leve, disfarçado no que poderíamos de chamar de juízo de valor estético. Em mercados mais periféricos, esse juízo de valor é praticado com mais despudor. Nas três maiores capitais da música fora do eixo Rio-São Paulo os moralistas estão mostrando suas garras. Recife, Salvador e Belém.

Na semana passada em Belém do Pará, a banda Gang do Eletro foi impedida de se apresentar em um show do Jota Quest porque a organização achou que o público que estava lá não gostava de eletromelody, por ser música de periferia. Em Salvador a máscara usada pelo moralismo é o feminismo. Uma deputada estadual quer impedir que o governo patrocine eventos em que bandas de Swingueira tocam músicas com letras que denigram ou rebaixem as mulheres.

Já em Recife o bagulho foi mais tenso, a parada foi parar numa de delegacia de polícia. Os MCs Cego & Metal, denunciados pelo Ministério Público, tiveram que prestar esclarecimentos na Delegacia de Proteção da Criança e do Adolescente, quanto ao teor de suas letras. Ocorre que formou-se uma cena local, onde a molecada tá misturando brega com funk e culto às "novinhas" é lugar comum nas letras. Cego & Metal nem são os expoentes máximos do novo gênero, que já consagrou verdadeiros astros locais, como Mc Tróia ou Bobo da Mustardinha.

O número um é o Mc Sheldon e é dele o maior flagrande do BO: "Se eu mato, eu vou preso / se eu roubo, eu vou preso / se é pra pegar novinha / eu vou preso satisfeito / a de quatorze eu tô fora / de quinze é muito nova / dezesseis já tá na hora / dezessete eu vou agora". Cego & Metal foram liberados após declararem que pelo menos em suas composições, as "novinhas" pertencem a uma faixa etária entre 18 e 25 anos.

Como se pode ver, de cabo a rabo de nossa nação varonil, os moralistas apresentam suas armas. Já disse, isso deve ser o reflexo de algo que deve estar acontecendo na sociedade brasileira, mas não vai ser eu e nem vai ser neste post que explicarão que porra está acontecendo. Não foi pra isso que evitei o vestibular de sociologia. Só que sempre gostei de brincar de ligar os pontos e por enquanto é isso que estou fazendo. Quando as linhas formarem um padrão inteligível, podes ter certeza que será aqui no cabaret que vou postar a solução.

3 comentários:

isso tudo é coisa de quem não tem mais o que fazer de útil. e fica querendo atacar a mídia que está em alta pra poder ver se chama a atenção pra si.
embora eu vi um comentário de um cantor no TT esses dias que disse que não canta certas musicas no show porque ele respeita os ouvidos alheios de crianças e mulheres que vão prestigia-lo.. então nem sei mais nem o que pensar viu.. acho hipocrisia pura.

cabare esse fenomeno ja aconteceu com o funk também

Pra mim tem que se ter cuidado com o que se possa transmitir, deve-se ter no minimo bom censo....

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