quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Tecnomelody: Arte ou Crime Ambiental? - Debate entre Timpin e Rejane Bastos

Segue aqui o debate em torno do Tecnomelody do Pará. Legítima manifestação cultural e artística ou pretexto para a baderna e ultrapassagem dos limites do bom senso. Desta vez a palavra é da advogada Rejane Bastos, presidente da Associação Amigos do Silêncio.



Para quem quiser acompanhar a discussão desde o começo, aqui está a parte um, a parte dois e a parte três. Esta é a quarta.

Com a palavra, Rejane Bastos.

Olá Timpas,

Acabo de inventar o instituto jurídico "quatréplica" para dar seguimento ao debate.

Agora sim, sem alfinetadas desnecessárias, vamos para o salutar campo dos argumentos.

Comecemos pela discussão sobre classes. Estas existem desde que o mundo é mundo, é fato inconteste, e até hoje não se pode afirmar com precisão o porque desse fenômeno. Até no mais puro comunismo existiam classes: A Dominante ( com subdivisões hierárquicas dentro dela) e o proletariado. Portanto, assumir que se pertença a uma classe com poder aquisitivo maior não é nenhuma novidade reveladora, isto é evidente. Agora, daí a decretar que a classe quer mandar e desmandar no que é bom ou não em termos culturais, assim como, rotular as "elites" dentro de uma visão discriminatória colocando a todos no mesmo balaio de esteriótipos vai uma distância muito grande, Ate porque, como eu já disse, existe uma infinidade de pessoas ricas que gostam de brega, assim como, uma infinidade de pobres que detestam.

Deixei claro também, que a opinião não era da Presidente dos Amigos do Silêncio, para não misturar as estaçõs, a instituição não atribui classe , ritmo, cor, raça ou credo ao barulho.A opinião sobre o ritmo é da pessoa física Rejane que nunca teve receio de irritar confrarias, adeptos ou simples induzidos pela mídia do que quer que seja com sua opinião. Quase me bateram certa vez quando eu disse que não gostava de João Gilberto, considerado gênio, afinal, não consigo nem ouvir o que ele canta! Que genialidade é esta? Não gosto e pronto. Critiquei certas melodias ridículas da Bossa Nova e fui considerada herege. Mas insisto: "O pato, vinha cantando alegremente..qué...qué...", só com muito álcool para achar isso o máximo.

Tive a ousadia de dizer que "Cats", o musical sensação da época não era lá essas coisas, me olhavam com espanto e desprezo. E assim sigo, não me rendendo aos que querem impor algo como sendo bom, e neste diapasão, o tcnomelody na minha opinião não passa de um ritmo voltado exclusivamente para venda, enjoativo ,com letras vulgares e sem a menor arte. Aliás, tem pré requisitos suficientes realmente para estourar no Brasil e no mundo, quem disse que europeus e americanos não gostam de coisa ruim? Quanto ao resto do Brasil isto ainda é mais fácil, no país do Axé, do Tchan, do Funk, do´"só no sapatinho" ," baba baby", entre tantos outras lástimas da mídia, qualquer coisa tem chance, é questão, repito, de uma Marlene Matos na administração.

Na Europa lhe digo que as chances são grandes, nos EUA as coisas complicam, são mais seletivos e preconceituosos, entretanto, a coisa é assim, ele gostam de curtir a bagunça no quintal dos outros. Vem aqui, fazem farra de todo tipo e voltam para seus países quietinhos e santos mantendo as leis e a normalidade. Quem se atrever a alucinar e colocar som alto em casa ou bares abertos, recebe em cinco minutos a visita da polícia. Certa vez em Daytona Beach, conhecida figura paraense pensou que estava em Salinas e ligou o som do carro, em minutos os robocops que patrulham a praia avisaram, ou desliga ou vai preso e fica sem o carro, simples assim.

A diferença é esta, Europa e EUA chegaram à excelência do cumprimento às normas e respeito ao próximo. Existem atividades para todos os tipos e gostos, entretanto, a regra basilar é não incomodar. Tem boates na Espanha que começam às 6:00 da manhã, porém, na rua não se ouve um ruído sequer e nada de gente na porta ou carro com som alto - ou entra ou sai - e lá dentro é só piração com direito a palco móvel. O sujeito alucina sem incomodar ninguém.

Voltando ao barulho em Belém, é inegável que sempre foi uma capital festeira, porém, não era barulhenta. Esse fenômeno foi recente e começou, justamente, com a onda das aparelhagens. O som era moderado e não incomodava tanto. Eu mesma sou testemunha da evolução do barulho. Morava no último andar de um edifício e na rua ao lado havia um barzinho que nem teto tinha. Ali o dono ligava um "três em um" e a turma se divertia muito. Com o som controlado ninguém precisava gritar para falar e o bar não incomodava ninguém, para se ouvir qualquer coisa tinha que ficar na janela, entrou em casa acabou. O sujeito começou a faturar um pouco , comprou um equipamento mais caro e colocou um teto de sapê, ainda assim, mantinha os decibéis e a frequência aumentava. O tempo passa, eu grávida da minha segunda filha vejo chegar umas caixas de som, mas, não imaginei o que vinha pela frente. Fui ter a criança e na primeira noite do bebê em casa aquele som de estremecer todas as janelas anuncia a desgraça: " Mestreeeeee soooommmmm". Daí para frente foi um inferno. Um dj ensandecido não parava de berrar madrugada à dentro e o ritmo - brega. O volume das vozes aumentou na mesma proporção e o local se tornou a filial do inferno para a vizinhança com direito até a tiros e muita brigalhada.

De fato, existem dois focos de discussão: A qualidade do brega como ritmo e a poluição sonora. Fato é que - inexoravelmente - estas estradas se encontram. O que toca nas festas de aparelhagem? O que toca nestes carros/boates que circulam criminosamente acordando todo mundo de madrugada? O que toca naquele vizinho que insiste em obrigar a toda vizinhança a ouvir o som dele? O que toca nas orlas? Garanto que não é rock, bossa nova, tecno, carimbó etc... é o brega, e às vezes ,um goiano perdido com o sertanejo. Por esta razão o brega chama a atenção para si e causa toda essa celeuma. Se não estivesse ligado umbilicalmente com milhares de reclamações que enchem o CIOP, a DPA e a DEMA de denúncias, talvez nem estivéssemos aqui falando dele. Ocorre que é um ritmo tocado nas alturas que incomoda horrores e que corre o risco de ser tombado como patrimônio, isto sim assusta e provoca a polêmica, pois, daí para termos um carro de som em cada esquina é um passo.

Se hoje o cidadão para conseguir a tutela do Estado quando está sendo vítima de poluição sonora já é uma dificuldade, imagina com o tombamento. A polícia quando chamada - se aparecer - vai dizer: " Mas o senhor está reclamando contra um patrimônio histórico tombado, que absurdo!". Vamos correr o risco de responder ação penal sob a capitulação da Lei 9605/98 se quebrarmos o cd da periquita. Imagina o som ambiente de uma cerimônia oficial de Estado: " vou te comer...vou te comer...vou te comer...

Olha Timpas, vamos falar sério, quem quiser faturar horrores com o ritmo que fature, nada contra, Nós já sobrevivemos à "boquinha da garrafa" , " só as cachorras", "créu" e tantas outras bizarrices. Só nos façam um favor, mantenham dentro dos limites das normas federais determinadas pelo CONAMA aquela vozinha prá lá de chata das interpretes do gênero feminino do brega, é só isso que pedimos, de resto, não existe uma guerra em prol da estigmatização de um ritmo, só uma chamada à realidade e ao bom senso, afinal, só aqui inventaram essa graça de se atribuir status de tombamento a um ritmo musical - me perdoe a franqueza - de gosto para lá de duvidoso como tantos outros que já surgiram.

6 comentários:

Engraçado a dez anos atras antes de surgir o tecnobrega o que ensurdecia os paraenses era o axe, e ninguem falava nada, é triste ver o preconceito social e cultural tao escrachado nas veias de pessoas como esta advogada que estudou e conhece ou deveria conhecer a questao social e cultural de Belem, sou contra o barulho e afavor do bom senso na hora de escutar uma musica seja qual estilo for,porem fico indignada com tanto preconceito.

Engraçado a dez anos atras antes de surgir o tecnobrega o que ensurdecia os paraenses era o axe, e ninguem falava nada, é triste ver o preconceito social e cultural tao escrachado nas veias de pessoas como esta advogada que estudou e conhece ou deveria conhecer a questao social e cultural de Belem, sou contra o barulho e afavor do bom senso na hora de escutar uma musica seja qual estilo for,porem fico indignada com tanto preconceito.

Engraçado a dez anos atras antes de surgir o tecnobrega o que ensurdecia os paraenses era o axe, e ninguem falava nada, é triste ver o preconceito social e cultural tao escrachado nas veias de pessoas como esta advogada que estudou e conhece ou deveria conhecer a questao social e cultural de Belem, sou contra o barulho e afavor do bom senso na hora de escutar uma musica seja qual estilo for,porem fico indignada com tanto preconceito.

"Hu, hu, hu... Que beleza!", como diria o velho Tim Racional Maia. Divergência em alto nível com respeito a individualidade, é assim que tem que ser!!! Parabéns Timpas, parabéns Dra. Rejane.

acho que o ritmo é bom realmente tem uma forte cadencia,uma musica boa pra se dançar,porém nas letras e musicas o que se pode notar é a pouquíssima criatividade,pois geralmente as musicas são versãoes de grandes sucessos nacionais e internacionais,que modificam a letra ridiculamente fazendo com que uma musica originalmente feita
com um grande esforço e inspiração do artista transforme-se numa coisa medíocre,algo que só serva para exaltar o nome do dj ou da aparelhagem,eu ainda me lembro quando faziam musicas que contavam uma história ou uma situação inusitada,geralmente falando de amor mas sobretudo com um grande capricho nos verasos das canções,algo que é impossivel de se ver hj.sinceramente eu me envergonho de ver nossa cultura sendo ridicularizada no brasil inteiro por esse estilo musical,
ja tivemos artistas respeitados no cenário nacional,uma terra onde viveu o grande maestro carlos gomes
infelizmente tratasua músicalidade desta maneira,fazendo versões de músicas estrangeiras e sem criatividade nenhuma.o que eu acho que devo ressaltar éo grande trabalho musical da banda calypso por ter 'ORIGINALIDADE' ,algo que falta a todas essas inumeras banda dque aparecem do dia pra noite fabricam um cd de fundo de quintal horrivel,porém sendo impulsionada pelos camelôs que vendem cds piratas em qualquer esquina da cidade,fazendo com que nem eles fiquem tao conhecidos como o dj
e a aparelhagem.nos ultimos anos essas duas figuras se transformaram em personagens centrais da festa alem de é claro protagonistas de todos os temas de musicas produzidos a partir do ano de 2001. é só reparar como qualque cd a partir desse ano em 99,99% das músicas fala-se no dj e na aparelhagem que ele comanda.a coisa é muito simples osdjs pagam uma quantia de mais ou menos 150 reais pras bandinhas que querem fazer sucesso de qualquer jeito,as bandinhas gravam uma musica (que sempre em todos os casos é uma versão)em um estudio qualquer ja que hj em dia qualquer um pode gravar um cd,a música é claro tem que falar no nome do dj pra divulgar a aparelhagem e todo mundo ir pra festa da mesma,e a banda em contrapartida tem uma oportunidade momentanea de fazer uns showzinhos com a musica que a essa altura estará tocando na cidade toda ou em toda a região,é uma negociação simples e lecrativa para todos.resumidamente é asim que funciona o tecnomelody.isso pk ainda não discutimos o tipo de publico que curte essas festas.

É engraçado ver os defensores da barulheira quererem mudar o foco da discussão para preconceito. É um absurdo alguem, por possuir ou poder alugar uma aparelhagem acha que tem o direito sobre o ouvido e o sossego do vizinho, essa gente é um bando de porcalhões mal educados que não deveriam nem existir.
Costumo dizer que de verdade ninguem gosta de som alto, mesmo os defensores do som alto. Digo isso porque na verdade sempre tem um motivo primário por tras do som alto.
É só parar pra pensar; se um cidadão com um carro com sonzão estivesse em um sitio sem uma viva alma por perto e sem cachaça pra anestesiar o cérebro, ele ficaria ouvindo o som dele no último? A resosta é não, simplesmente por que até ele ficaria incomodado com a barulheira, e sendo assim mostra que o motivo pelo qual alguem mete o volume é por que quer chamar a atenção dos amigos, das menininhas que estão pelo local ou é só pra mostrar que possui um som potente, ou seja, pura vaidade nada mais.
Interessante que vim morar em Belém em 2007, morei no paraná e mato grosso do sul, e se eu disser que isso não acontece lá é mentiva, mas, quando acontece é com aqueles molequinhos infantis de 15 a 25 anos de idade que querem se aparecer pros colegas e os demais motivos que coloquei acima, mas aqui em Belém não,aqui o vovô tá com 60 anos, compra uma caixa aplificada potentissima, coloca na frente da casa dele, VIRA A CAIXA PARA A CASA DOS VIZINHOS, e se entoca la no fundo da casa dele, ou seja, só pra mostrar que tem som. Se isso é cultura, é a pior que eu já vi, chamar de cultura um tipo de movimento totalmente egoista e desrrespeitoso é achovalhar com o cidadão de bem que realmente respeita seu próximo. Pessoas que fazem isso com seus vizinhos ao meu ver são criminosos invasores das residencias alheias, e deveriam como tal ir pra cadeia. A pessoa vitima dessa prática tem uma sensação de impotencia tao ou maior que quando é assaltada. Quem tem que conviver com mal educados como esses, muitas vezes entram num estado de estresse tão grande que começa a brigar até com a esposa e filhos e nem sabem o porque.
Fica aqui meu repúdio a falta de sensibilidade dessas pessoas que ao meu ver são criminosos e deveriam estar na cadeia.
Estou disposto a engajar na campanha da Rejeane, se ler este post favor entrar em contato comigo que tenho algumas idéias interessantes.

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