sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Direito de Resposta - Rejane Bastos expõe seus argumentos

Segue a réplica de Rejane Bastos, presidente da Associação Amigos do Silêncio, de Belém do Pará à coluna que publiquei no jornal O Liberal nesta última terça-feira. Na coluna em questão, questiono o preconceito que a elite cultural paraense alimenta contra o Tecnomelody. A coluna pode ser lida no post anterior ou clicando aqui.

Ela permitiu a publicação e aceitou abrirmos uma série de debates. Portanto, aguardem minha tréplica.


Prezados,

Li com atenção a matéria e, realmente, não tinha tomado conhecimento da mesma. Ali sim, está retratado o verdadeiro preconceito contra supostas "elites". Minha carta ao Elias que nem de longe é um Diogo Mainardi, pelo contrário, é um jornalista bem talentoso, expressa a opinião, não de um segmento social, mas, de uma coletividade que já está de "saco cheio" de ter suas vidas invadidas pelo som histérico do tecnobrega.

Criou-se no Brasil um preconceito contra as supostas "elites", em especial contra os brancos, esse preconceito sim é que é destilado por pessoas que querem por força de decreto impor sua cultura, e democracia não é isto. As besteiras que o Timóteo falou sobre cor de cabelo, viagens, casacos e etc..., demonstram que na falta de argumento só resta o preconceito, o dele.

Com certeza ele desconhece que a maior parte dos cidadãos que procuraram a Associação Amigos do Silêncio pedindo socorro, é composta pessoas de baixa renda, negras, brancas, ruivas, louras, enfim, todos trabalhadores que exaustos ao chegar em seus lares, não podem sequer ver uma televisão porque os Timpins da vida querem impor sua cultura em decibéis criminosos.

Esse é o grande problema dos fãs do ritmo, querem empurrar pela goela da sociedade um ritmo que não é unanimidade, pelo contrário. Não se trata de ricos ou pobres, trata-se de essência, além de interesses puramente econômicos. As letras são ruins, a melodia super enjoativa e sempre tocada em altíssimos decibéis. Conheço uma infinidade de pobres que detestam o ritmo e uma infinidade de ricos que adoram. A diferença não é classe social, é espiritual e cultural.

Não se vê pelas ruas carros com som potente tocando rock clássico, mpb, samba, música clássica, bossa nova etc... O crime ambiental é, invariavelmente, cometido por fãs do brega em todas as suas modalidades. O tal de Timóteo Timpim, que eu nem sei de quem se trata, deve ser um dos maiores interessados no consumo do gênero, razão pela qual se incomodou tanto com as minhas palavras.

Quanto à crítica por tentarem fazer do ritmo um patrimônio cultural, continua de pé. Uma atividade que está sofrendo uma Ação Civil Pública e que registra os maiores índices de violência e que requer esforço dobrado da polícia retrata o esfacelamento social através de letras que só falam de bobagem, quando não incitam ao crime, tal qual o abominável Funk que invadiu o Rio sem dó nem piedade.

Tenho a impressão que na falta de argumento, este Timpim, contrariado pelas críticas que colaboram para uma reflexão por parte dos senhores deputados antes de votar um projeto a três tapas, resolveu dar uma resposta tardia e sem contexto a uma opinião que não é só a minha, é de uma coletividade, composta pelas classes: A, B e C. Além do mais, interesses imensos e obscuros devem estar por trás de tanto empenho em se aprovar o tombamento do ritmo como patrimônio cultural, tanto é assim que as críticas não são aceitas e rebatidas com preconceito e agressividade, como as do Timpim.

E as heresias continuam, comparar o "carimbó" com a "periquita", que viagem....

Lamento que interesses estejam sendo contrariados e continuo dizendo que estão se preocupando demais com que eu acho e digo, alguma coisa tem por trás disso. Uma coisa é certa, minha palavra tem peso, porque é emitida com bom senso, argumento, dados, e em especial, sem nenhum interesse a não ser o social. A Associação nunca tocou em nenhum tostão e sempre teve um trabalho voluntário em prol da sociedade e com reconhecimento nacional. Sou respeitada pelo que digo, porque tenho argumentos, tanto é assim que já me reuni, inclusive, com donos de aparelhagens e conversamos civilizadamente diversas vezes.

O autor da matéria que citou meu nome, sequer sabe interpretar texto, pois, incluiu o nome da Associação em uma questão onde ficou bem claro que não há preconceitos contra ritmo, e sim, contra crime ambiental e contravenção penal através de decibéis altíssimos em uma cidade campeã nacional em poluição sonora. A opinião sobre o ritmo é da Rejane Bastos, pessoa física, que, aliás, continua inalterada. Não gosto das músicas, nem das letras.

Tenho muito orgulho de ser branca, loura natural - aliás, o que mais tem são bregueiras super oxigenadas, elas sim tentam parecer o que não são, portanto, a contradição na crítica quanto aos cabelos é sem nexo - e pertencer a uma classe que, de fato, viaja, usa casaco e vai pegar um friozinho, como é bom ter a oportunidade de conhecer novas culturas e poder trazer isso para cá, e não sei porque isso tanto incomoda ao Timpim , afinal, a beleza do Brasil está nisso: diversidade de etnias que convivem em harmonia, sem preconceitos e sem disputas raciais ou religiosas, aliás, com certeza, ele nunca fez nem um terço do que eu já fiz pela sociedade, atendendo de graça vítimas de poluição sonora e indo a lugares bem pobres para verificar o tormento em que vivem. Ele também não sabe o que é viver em uma casa de madeira que treme toda quando a festa do brega começa.

Enfim, lamento que o Timpim esteja tendo os interesses contrariados e fique tão aborrecido, só isso explica o trabalho que teve de escrever e de me atacar. Já vi o site de vcs, que são super bonitos, charmosos e talentosos, torço pelo seu sucesso, em especial, se também são contra os decibéis criminosos. Desejo-lhes sorte na trajetória, porém, continua não sendo a minha predileção musical. Como vcs são do Amapá com certeza não estão inteirados do problema de poluição sonora que acomete Belém, não é uma briga de conceitos musicais e de classes sociais, é uma luta contra um crime ambiental que, infelizmente, vem em grande parte via ritmo brega.

Grande abraço,

Rejane Bastos

8 comentários:

Continua revcelando seu preconceito de classe! Quando fala que as frequentadoras dos bailes "oxigenam" o cabelo, esquece que o fazem por que esse "padrão" de beleza é IMPOSTO pelas elites que ela mesma representa. Que em todo lugar são assim. Vejam que ela fala em "o abominável Funk que invadiu o Rio sem dó nem piedade.". Veja comentário de leitor do jornal O Globo sobre a matéria "Tabajaras é primeira favela com UPP a ter bailes funk": "Funk é subcultura, não possui valor moral nenhum, não é crítico, não possui base de contestação decente, deveria ser banido da sociedade". Será que todas as músicas da elite se prestam a esse papel? Contestam alguma coisa? O que elas fazem no poder confirma essa tese?

Não tenho problema com a questão estética, pelo contrário, gosto de muita coisa, e não espero pela unanimidade, isso é até desconsiderável, entretanto torno a bater na tecla da qualidade de vida. Não há condição de conviver com o som ensurdecedor em qualquer estilo de música, nem Tecno, nem Tom Jobim, nem Beatles, nem Beethoven. A questão do desrespeito é grave e precisa ser sanada

Utilizei este blog para o artigo "Tecnomelody na Festa de Posse Presidencial"

Uma vez um vizinho da minha mãe resolveu criar porcos no fundo do seu quintal, até aí sem problema, porque os porcos nunca fugiram e foram incomodar lá em casa, mas o cheiro de chiqueiro e as moscas apareceram rápido. É isso que faz alguem que coloca som alto para quem quer e quem não quer ouvir, invade a casa dos outros sem permissão, isso é verdadeiramente um crime e a prova de que grande parte das pessoas ainda não sabem o que significa a palavra respeito...

Estou plenamente de acordo com a Rejane, detesto este ritmo de música e sabe por que? Porque não se diz nada, só baixaria, traz violência, furtos, mortes, drogas e tudo o que é de ruim. São menores participando deste tipo de festa, consumindo bebidas alcóolicas e para a sociedade não se traz nada de bom e positivo. Sou uma dessas pessoas que é obrigada a conviver com festa de aparelhagem com carros de som em volumes altos na porta de sua casa, como se eu estivesse ali no lugar errado e na espera de que o poder público faça alguma coisa e infelizmente não fazem. Voc~e vai para outros estados e ve a diferença e educação, em São Paulo seja interior ou capital se vc estiver com som acima do limite estabelecido em LEI e a policia é acionada, eles vêem e fazem vc abaixar ou até mesmo desligar. É o que faltas aqui em belém, é preciso que lutemos contra esse tipo de aparelhagem, chega de porcaria em nossas vidas....

Sofro frequentemente com o problema de barulho em minha rua . Acho q uma das principais causas é o desmando que ocorre na capital paraense onde a omissão das autoridades é a pricipal responsável deste inferno sonoro que se tornou nossa cidade .
Para se ter uma idéia do tamanho do descaso sempre que ligo pra o 190 a atendente joga o problema para a DEMA , por outro lado a DEMA sequer atende as ligações .E o tecnobrega ? bem , ao meu ver o tecnobrega é apenas a trilha sonora de toda esta mazela que ocorre em nossa cidade .Fica a pergunta, a quem interessa a proliferação dessa cultura de ignorancia de desrespeito com o próximo ?

Sofro frequentemente com o problema de barulho em minha rua . Acho q uma das principais causas é o desmando que ocorre na capital paraense onde a omissão das autoridades é a pricipal responsável deste inferno sonoro que se tornou nossa cidade .
Para se ter uma idéia do tamanho do descaso sempre que ligo pra o 190 a atendente joga o problema para a DEMA , por outro lado a DEMA sequer atende as ligações .E o tecnobrega ? bem , ao meu ver o tecnobrega é apenas a trilha sonora de toda esta mazela que ocorre em nossa cidade .Fica a pergunta, a quem interessa a proliferação dessa cultura de ignorancia de desrespeito com o próximo ?

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