quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A hora e a vez de Gaby Amarantos



Texto publicado originalmente como Coluna do Timpin no jornal paraense O Liberal no dia 16 de agosto de 2009

Gaby Amarantos está por cima da carne seca. No caso, charque com açaí e farofa, que é seu prato predileto. Dos artistas envolvidos no Movimento Tecnomelody, que terá o DVD que foi gravado em dezembro do ano passado lançado pela Som Livre em setembro, Gaby e sua Tecnoshow é o primeiro artista a despontar para o sucesso no sul.

No último dia 10 ela se apresentou no Sesc Pompéia para um público acostumado a atrações por assim dizer, cerebrais. Tratava-se de um desafio e tanto para uma artista que se criou fazendo shows em periferias. Um desafio não só para Gaby como para o movimento tecnomelody em si, que vive o momento de sair do gueto para o sucesso nacional.

O show começou com uma platéia meio que relutante em se entregar por completo ao ritmo contagiante do Ttecnomelody, no entanto após muitas reboladas – com direito a calcinha rasgada – todos estavam dançando, numa demonstração de que aqui no Brasil, existe também um principio de debate semelhante ao que ocorre em torno de Lady Gaga: os limites, se é que existem, entre o cafona e a arte.

É um absurdo o fato desta questão ainda ser debatida. Não resta dúvida que o Tecnomelody é arte no seu estado mais puro. Trata-se de um ritmo eletrônico genuinamente brasileiro, rico em sua genealogia – carimbó, calypso, lambada, guitarradas – e moderníssimo no que tange aos aspectos sociológicos, devido a maneira inédita com que se consolidou enquanto movimento.

O jornalista Danilo Saraiva, do Portal Terra, escreveu em sua coluna que Gaby “serve tanto para a Daslu como para a periferia e que ela é um exemplo do multiculturalismo que uma cidade como São Paulo se gaba de ter”. Aliás, deve-se acrescentar, multiculturalismo que pode-se aplicar ao Brasil inteiro, antropofágico por definição.

A escalada do sucesso de Gaby Amarantos é algo que impressiona. Nos últimos meses a ocorrencia do nome dela em resultados de pesquisa no Google deu um salto significativo, assim como sua presença em programas televisivos. Já apareceu no Video Show, Faustão, Ana Maria Braga e no próximo dia 4 estará no Altas Horas de Serginho Groissman. É a hora e a vez da Gaby.

Trata-se da coroação de uma carreira recheada de percalços, como a expulsão do coral de igreja em que estreou como cantora, por pura inveja ou então a saída de sua primeira banda, a Quero Mais, num típico caso “ou ela ou eu”. No episódio do furto das músicas da Banda Ravelly, por parte dos baianos da Djavú, ela foi uma das mais ferrenhas lutadoras, recebendo inclusive ameaças da produção da banda da Bahia.

Mas isso agora é coisa do passado. Desde que surpreendeu a todos no festival recifense Recbeat – onde atraiu uma platéia de 30 mil pessoas para uma média de 5 mil no festival – e que popularizou na Internet seu hit “Hoje eu tô solteira”, originalmente da Beyoncé, o tempo agora é de paradas de sucesso.

Gaby se apresenta atualmente com sua própria aparelhagem, o valor de seus shows mais do que triplicou, sua agenda está lotadíssima e seu próximo disco está sendo aguardado com ansiedade por todos, pois será produzido por Carlos Eduardo Miranda – popularizado pelo fato de participar do júri do programa Astros, mas que tem uma carreira longa e é considerado um dos maiores produtores do Brasil – mais os descolados Kassin e Berna Ceppas, da Orquestra Imperial.

O disco será lançado no exterior através de um selo independente. Na saída do show no Sesc, Miranda ficou impressionado com a quantidade de hits: “- Pô Gaby, vai ser deficil escolher as músicas do disco, só tem hit!”. Num mundo globalizado onde o inusitado não dá tréguas, a Beyoncé original que se cuide.

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