Um babado forte agitou os bastidores do forró este ano, envolvendo o casal de vocalistas da banda Calcinha Preta. Em plena colheita dos louros do sucesso de "Você não vale nada, mas eu gosto de você", a banda encontrava-se em turnê pelo sul do país, quando - segundo consta na blogosfera marron - o cantor Marlus Viana flagou sua esposa, a também cantora Paulinha Abelha, em plena fornicação com outro homem.
Marlus Viana e sua digníssima esposa Paulinha Bee, ops! Abelha
A traição resultou na saída do cantor, que transferiu-se para a banda Forró GDO. Ocorre que passado pouco tempo os dois se reconciliaram e Paulinha também passou a integrar a GDO. Muita gente ficou sem entender. Tudo não passou de uma encenação, como notícias falsas plantadas na mídia para gerar marqueting para a nova banda? Configura-se o clássico caso de estarmos diante de um corno manso? Ou trata-se novamente do habitual troca-troca de cantores de bandas de forró?
Como este distinto Cabaré ainda não alimenta pretenções de integrar a blogosfera marron, não vamos ficar aqui comentando as infidelidades de Paulinha Abelha. Nem vamos ficar especulando se foi marketing ou não. O mais provável é que tenha sido mesmo mais uma dança da cadeira nos microfones de mais uma banda de forró. É impressionante a frequência com que isso ocorre. É só dar uma zapeada pelos sites de notícias de forró para constatar que mais da metade das notícias é sobre novos cantores ou cantoras.
O que se comenta no meio é que esse trânsito todo se deve a questões salariais, já que quase a totalidade das bandas de forró são propriedade de empresas e os músicos são tratados como meros funcionários. À parte do que a classe trabalhadora possa estar perdendo em termos de renda pessoal, quem perde mesmo com isso é a cena forrozeira como um todo, pois as bandas deixam de possuir uma identidade própria que garantam uma identificação forte com o público.
Fora alguns dinossauros como Mastruz com Leite, Calcinha Preta, Magníficos e Limão com Mel, são pouquíssimas as bandas novas que possuem uma liderança de palco sedimentada na consciência do público.
Batista Lima, vocalista da Limão com Mel, que além de completar 20 anos de carreira, tem uma sorte da desgrama na pescaria.
Por sorte, alguns sinais indicam que este cenário está mudando. O primeiro deles foi a gravação do primeiro DVD decente dos Aviões do Forró em Salvador no último final de semana. Que Xandy Avião e Solange Almeida não sejam figuras reconhecidas por qualquer brasileiro nas ruas - como Joelma e Chimbinha são - é uma das maiores injustiças desse país. Agora com a Som Livre se comprometendo a divulgar a banda, talvez a dupla finalmente conquiste o reconhecimento merecido.
A única coisa a se lamentar no evento foi a infeliz escalação de Dorgival Dantas como participação especial. Nada contra esse talentosíssimo compositor, autor dos maiores hits do forró da última década. A questão é: porquê não chamaram o Forró do Muído para a festa? Simone e Simaria são ícones na acepção do termo. É dar dois cliques nelas que o forrobodó está aberto. E são virtualmente desconhecidas no sul e sudeste. Desperdiçar a oportunidade de apresentá-las ao Brasil é imperdoável.
Outra banda que está conquistando seu espaço graças a um estilo bem particular aliado a figura marcante de seu vocalista é o Arreio de Ouro. Com seu vozeirão rouco e seu forró de vaquejada, o cantor Buscapé é umas das figuras mais folclóricas surgida nos últimos anos. Não se pode dizer que a banda faça um sucesso estrondoso, mas preenche uma lacuna que permanecia vazia a muito tempo, aquela parcela do público que aprecia um forró de raiz.
Por fim temos a estrela em ascenção Wesley Safadão, da banda Garota Safada. Seu mega hit "Tentativas em Vão" foi regravado pelas duplas Bruno & Marrone e Maria Cecilia & Rodolfo, o que pode catalizar o sucesso nacional da banda. Se a estratégia da Som Livre com os Aviões der certo, a Garota Safada tem tudo pra pegar carona nesse bonde.
Wesley Safadão, proprietário da bunda mais cobiçada entre as menininhas fãs de forró
Faz anos que o forró tenta sair do nicho Norte/Nordeste. Para ocorrer, basta os empresários darem um tratamento mais artístico e menos empresarial. Claro que o sul ainda associa muito o ritmo às correntes migratórias da população pobre nordestina, mas o fato de que um estado como o Rio Grande do Sul possuir várias boates forrozeiras, é um sinal de que esta percepção está mudando.
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