O Cantor baiano Tom Black perdeu a final do Ídolos. Mas o que quase ninguém sabe é que quem perdeu mesmo, na verdade, foi um ritmo musical extremamente popular no interior da Bahia e nas periferias das principais capitais do litoral do nordeste: o arrocha.
Na seção Biografia do site oficial do cantor, consta que ele construiu sua carreira tocando soul music nos barzinhos de Salvador. Achei muito estranho. Explico. Sou fã do trabalho de Tom black, mas não foi em barzinho que conheci seu trabalho, mas sim através da comunidade do Orkut Acervo Arrocha. Tom Black era cantor de arrocha.
Não bastasse a omissão deste dado em seu site, o cantor simplesmente nunca se referiu ao arrocha no programa da Record. Porquê isso? Por vergonha? Tá certo que seus arrochas tinham uma forte pegada de soul music - tanto que ele usava o jargão "groove" em suas vinhetas - e era justamente essa mistura que fazia com que eu gostasse de seus discos. Mas mesmo assim eram discos de arrocha.
O arrocha ainda é um gênero muito marginalizado e essa oportunidade perdida de chamar os holofotes para si, foi um fato lamentável em sua história. Mas não foi a primeira. O arrocha já teve outros momentos em que tinha tudo para chamar a atenção da mídia, o que infelizmente não ocorreu.
O primeiro foi a estréia do Bonde do Maluco. A originalidade dos arranjos, a qualidade instrumental, o carisma de seus cantores, a presença de palco nas performances ao vivo aliadas à quantidade absurda de hits do disco - isso para me ater apenas a essas poucas características, existem bem mais - tudo isso seria mais do que suficiente para que a obra fosse aclamada como a mais nova obra prima da música baiana.
Só que não foi assim que as coisas aconterceram. Não só Bonde do Maluco não causou o frisson que deveria ter causado na mídia, como teve suas estréia prejudicada apropriação eticamente duvidosa de suas músicas por parte de uma das maiores bandas de forró da atualidade. Foram tantas as músicas copiadas que numa determidada época os CDs promocionais da banda cearense bem que podia levar o título "Aviões do Forró cantam: Bonde do Maluco".
Sem sombra de dúvidas, para qualquer pessoa com um mínimo senso de justiça foi um escândalo. Só que a imprensa baiana ignorou isso e o Bonde até hoje tem que escutar pessoas dizendo que são eles que fazem covers dos Aviões. Porque a imprensa baiana não defendeu o Bonde do Maluco como deveria? Por vergonha? Por achar que o arrocha é uma música pobre, produzida e consumida por uma população pobre que ela gostaria que não existisse.
O axé hoje em dia rende milhões de Reais em lucros nos carnavais. Se os Aviões copiasse a maioria do repertória de uma banda de axé nova e promissora, a mídia silenciaria como fez com o Bonde? É de se duvidar.
Outra oportunidade perdida pelo arrocha também envolve o Bonde do Maluco. Foi no último Festival de Verão de Salvador. O evento contou com a presença do cantor americano Akon. O maior hit do disco de estréia do Bonde era justamente uma versão em português da música "Don´t Matter" do Akon. Ao saber disso, o americano fez questão de cantar a versão no show.
Colocar Dan Ventura do Bonde do Maluco e Akon no mesmo palco, seria um acontecimento único na história brasileira. Seria a prova dos nove quanto a quem rebola mais. E até mesmo, se permitido fosse que o Bonde tocasse a música com a sua batida e seu suíngue, um teste pra saber quem tem mais groove, o R&B do americanos ou a pisadinha dos brasileiros. Qualquer empresário visionário faria isso.
Mas não foi o que fizeram. O que os empresários do Festival fizeram foi chamar Claudia Leite. Por MSN Dan Ventura fez piada comigo dizendo que a banda não pode ir pro Fesstival de Verão porque tinha que fazer um show no interior do Piauí. A verdade é que nem telefonaram pra saber se banda podia participar.
Hoje em dia o axé gera uma lucratividade de milhões, um forte argumento para que se engula a vergonha. O pagode baiano ainda é um pouco marginalizado, mas o sucesso da "Rebolation" aponta para uma mudança no rumo do vento, mas o arrocha, esse continua sendo a vergonha velada da Bahia.
Tom Black renegou seu passado no arrocha, isso é claro. O que talvez não seja claro pra ele é que quem perdeu uma oportunidade de se destacar fazendo algo diferente foi ele. Ao contrario do que pensa o senso comum intelectual baiano, o arrocha não é um ritmo carente de qualidade. O Bonde do Maluco está aí pra confirmar isso. Apenas é um ritmo em que pouca gente arrisca na qualificação.
E Tom Black estava com a faca e o queijo na mão para conseguir isso. Seus discos eram calcados no romantismo do novo pagode paulista, com um vocal fortemente influenciado pela soul music, algo diferente e empolgante. Bastava a busca por uma batida perfeita, que acentuasse seu groove e casasse melhor com seus metais e estaríamos diante de algo muito bom.
Mas não. Tom Black se envergonha de seu passado de animador de serestas. Prefere inventar um passado fake de cantor de barzinhos.
Isso sim é uma vergonha.
1 comentários:
cara eu concordo com vc eu sou do interior do Ceara de uma cidade chamada crato o bonde do maluco so veio aqui uma vez no natal de 2007 e nunca mais veio aqui eu sou fa mais nunca pudi ir a um show.
gosto deles por o modo dos shows engraçados que eles fazem tenho raiva porque eles não estão no topo nacional eles mereciam mais que muitas bandas coloridas e cantores sertanejos. Eles mereciam ta la em cima pq eles mesmos criam suas musicas e infelizmente são copiados por bandas que não merecias esta onde estão e acabam pagando o pato de copiadores.eles tem que tar no topo porque poucas bandas fazem cds comos os deles.E era pra ter cido o Dan Ventura que era pra ter subido no palco pra cantar com Akon não aquela copia de Ivete
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