A culpa pelo Tecnomelody é do John Lennon

Para os desavisados, esta pode ser uma afirmação absurda. Mas um olhar atento ao cânone de nesso tecnomelody pode dissipar essa impressão. Ou pelo menos explicá-la, mesmo que não a justifique. Tá bom, blogueiros as vezes precisam produzir no leitor uma curiosidade mínima para serem lidos. Admito isso, mas posso ter a chance de me explicar?

tecnomelody, eu?! magine...

Quandos nos anos 60 os Beatles estouraram no primeiro mundo, a dificuldade dos discos chegarem ao Brasil eram imensas, poucos tinham acesso as cópias importadas. O jeito foi improvisar. Foi o que fizeram diversos artista do movimento inaugurado por Roberto Carlos, a jovem Guarda. Renato & Seus Blue Caps, Golden Boys, tentre outros, faziam versão em português das musicas do quarteto de Liverpool, fazendo muito sucesso e popularizando as canções.

Ocorre que na virada dos anos 70 Roberto Carlos reinventou-se como cantor de soul music pasteurizada - para depois tornar-se crooner de romantismo de motel e muitos cantores pelo Brasil sentiram-se órfãos daquele som tocado pelo pessoal da jovem guarda e adaptaram-se, cada um a sua maneira. Foi assim com Reginaldo Rossi em pernambuco, Amado Batista em Goiás e Odair José em São Paulo e o paraense Osavaldo Oliveira, o Vavá da Matinha.

Foi nessa época que a ala politizada da MPB inventou o termo pejorativo brega para rotular aquela música feita para as classes populares, com letras que falavam do cotidiano. Hoje essa visão tacanha da elite já passou por profundas revisões, posto que os cantores bregas eram muito mais censurados do que os de MPB, como atesta o jornalista Paulo César Araújo, em seu livro "Eu não sou cachorro não".

Nos anos 80, após a abertura política, o brega seguiu firme através de artistas como Adelino Nascimento, Almir Rogério, Lindomar Castilho, dentre outros, só que de uma forma mais tímida, pois com a popularização das rádios FMs, eles foram varridos para o underground das rádios AM. Nos anos 90 no entanto, a mesma tecnologia que os relegou a uma espécie de ostracismo, os trouxe de volta à tona. A emergente Revolução Digital que não só barateou a pirataria, como também melhorou a qualidade das reproduções.

O primeiro sucesso em massa da era do CD foi o paraense Roberto Villar, que com seus disco Ator Principal (O Papudinho) estourou em 1996 e trouxe um novo fôlego ao gênero. O guitarrista de sua banda era um jovem de vinte e poucos anos que conquistaria seu lugar ao sol no novo século que se avizinhava: Chimbinha. E foi na virada do século que este rapaz tentou seu sonho, resolveu investir todas as suas economias em seu velho sonho, uma banda para chamar de sua.

O sucesso da banda Calyspso foi tão fulminante que toda a cena brega teve que se readaptar. Ocorre que mantes uma banda de calyspso, com um guitarrista competente, era algo caro, o que levou os aristas a improvisar no teclado. Surgia o tecnobrega, que com a boom da internet, dos mensageiros instantâneos e das redes sociais, não tardou em evoluir rapidamente para o melody, o tecnomelody e mais recentemente o eletro melody.

Por essas e por outras é que o Wanderley Andrade diz que nosso brega é o nosso rock n ´roll. Tudo começou mesmo lá, no Cavern Club de Liverpool, com john, Paul, George e Ringo reinventando o rock americano. Os Beatles reiventaram o rock americano? Nossos bregueiros readaptaram, conservaram, lapidaram e modernizaram e agora temos o tecnomelody, prontinho para ser exportado para a Europa.

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