terça-feira, 25 de outubro de 2011

Banda Calypso em Curitiba - Minha primeira vez

A coincidência é o fio secreto que amarra o mundo, escreveu certa vez o roteirista de quadrinhos Alan Moore. O psicólogo Carl Gustav Jung chamava de Sincronicidade. Eu chamo de Linguagem de Deus. Nos últimos dias as coincidências estavam se multiplicando comigo. Um sinal de que Deus estava querendo me alertar para algo, mas eu não estava conseguindo decifrar. Na sexta-feira, desci do ônibus na chegada ao trabalho e pensei comigo mesmo: "a providência divina está trabalhando a meu favor de novo, alguma coisa legal vai me acontecer. Chegando no trampo, a primeira coisa que meu colega Gilson The Fellow me falou foi: "vais ver a Joelma hoje?" E eu: "O quê?!" E ele: "vai ter show da Calypso hoje em Curitiba". Então era isso! Bingo!

Vocês conhecem aquele galeguinho lindo e de chapéu na esquerda da foto?

Pra completar a magia da coisa, constatei no Twitter que Raphael Acioly, o assessor de imprensa da banda e meu camarada estava vindo também. Perfeição maior que essa somente a música das esferas de Pitágoras. Assim que o mala desembarcou no aeroporto Afonso Pena liguei e anotei o nome do hotel onde a turma se hospedaria. Ele disse que estava de virada e que me ligaria assim que acordasse. No cagaço de dar alguma merda, assim que saí do trampo já me dirigi para o hotel. Até porque, era longe pra cacete e teria que encarar quatro ônibus pra chegar lá. Melhor não arriscar.

Como sou um notório sortudo, acabei por chegar cedo demais e ao mesmo tempo que uma garoa munida de uma frente fria. Com vergonha de ficar esperando na recepção do hotel, esperei o tempo passar num posto de gasolina, passando mais frio que coxa e sobrecoxa de frango em frigorífico da Sadia. Quando a hipotermia nocauteou a vergonha resolvi encarar a recepção do hotel. Obviamente que estavam todos dormindo, segundo a informação da recepcionista. Fui salvo por um Guiness Book of the Records que tinha numa mesinha de centro.

Não demorou muito tempo pra constatar que eu não estava sozinho ali. Uma galerinha sentada numas poltronas eram claramente fãs. Quando uma mina saiu pra fumar um cigarro colei nela e puxei assunto. Eram de um fã-clube de São Paulo e assim como eu, foram supreendidos pela frente fria e estavam tiritando de frio. Perguntei qual o motivo de estarem ali, já que a banda vive tocando em Sampa. A mina me respondeu, como se fosse a coisa mais normal do mundo, que eles iam em todos os shows possíveis, independente da cidade ou do estado. Juro que pensava que era lenda urbana a existência desses malucos. Lêdo engano, eles são bem reais.

Já era quase 10 da noite quando Raphinha Acioly apareceu e se surpreendeu com minha sagacidade de já estar ali. Fomos jantar e atualizar nossas fofocas acerca do mundo do forró e do show business. O cara é simplesmente o assessor de imprensa mais foda do Brasil. Além de extremamente competente, é uma grande figura e profundo conhecedor do assunto. Você nunca sai de mãos abanando depois de uma conversa com o cara.

Como o assédio dos fãs costuma ser tenso, nem me escalei pra ser apresentado a Joelma e Chimbinha no hotel, fiquei na minha e me enfiei no micro-ônibus dos músicos e roadies, deixando pra conhecer o casal lá no Adelson, casa de shows localizada no Sitio Cercado, onde seria a apresentação. Eu já mais ou menos imaginava o nível de adoração que os fãs alimentam pela banda, mas o que vi no backstage superou todas as minhas mais loucas e absurdas expectativas.

Logo de cara flagrei uma maluca de vestidinho e mini-blusa roxo, grávida de sei lá quantos meses, que tinha viajado mais de oito horas para conhecer o casal. Sentada num sofá, aos prantos, pensei cá com meu chapéu, das duas uma, ou ela morre do coração ou perde a criança. Minutos depois ela sobrevive ao camarim e mostra a todos seu troféu, um macacãozinho de bebê cor de rosa com um autógrafo de Joelma. Um doce pra quem acertar o nome da bebezinha em gestação. Esse mesmo!

Depois foi a vez de um menino, parecido que só a porra com Michael Jackson que tremia tanto que de novo pensei, esse morre. O lazarentinho sobreviveu e também saiu do camarim com seu autógrafo amado, idolatrado, salve, salve. E assim foi sucessivamente, com diversas criaturas surtando, entrando no camarim e saindo mais felizes que filhotes de ganso em taipa de açude. Fiquei com medo de contaminação, quando foi minha vez entrei no camarim com o status tenso mode on.

Pra quebrar o gelo (ou seria melhor dizer, apagar a chama?) já cheguei chegando, estando um beijo em Joelma e desabando no sofá ao lado de Chimbinha. Ao invés de uma entrevista formal, ficamos só de bate-papo. Chimbinha cagando na minha cabeça por eu gostar de tecnobrega, alegando que escutar aquilo lá pior que ressaca de vinho doce. Relembramos a época em que a banda teve seu repertório de um disco inteiro roubado. Perguntei por Edilson Moreno, o homem que me deu o chapéu que enfeita minha cabeça a meses e me despedi batendo uma foto com cada um deles. Era a hora do show.

Logo após a introdução com um solo de guitarra de Chimbinha surge ela. A catarse que Joelma causa na platéia ainda precisa de uma palavra nova que possa descrevê-la. Uns pulavam como se estivesse sendo submetidos a impiedosos eletro-choques, outros choravam araguaias de lágrimas e uns terceiros simplesmente entravam em estato de catatonia. Espremido a poucos metros do palco, pensei que ia ficar surdo, não pelo volume do som que saia das caixas, mas sim pelos berros dos fãs urrando todas as letras de cór e salteado em meus ouvido.

Com o seguro de vida vencido a mais de dois meses, achei melhor assistir o resto do show em cima do palco. É impressionante como Joelma canta, pula, dança, saracoteia, assobia, chupa manga, tudo ao mesmo tempo o tempo todo e sem dar trégua. A mulher só para pra trocar de figurino no camarim, enquanto um cantor faz as vezes enquanto ela não volta, sempre linda e deslumbrante. A performance de Chimbinha dispensa comentários. O melhor guirarrista em atividade no país e que só não saiu ainda na capa da revista Guitar Player porque a crítica cultural brasileira é metida a besta e não dá valor a sua cultura popular.

Quando o show acabou a platéia estava tão exausta que não tinha forças nem pra pedir o bis. Ou não, porque quando soou o último acorde uma turba se engalfinhou em direção à porta que dava acesso ao camarim, na esperança tirar uma última casquinha, com mais fotos e mais autógrafos. Impressionante! O tumulto foi tão grande que, por conta de um segurança filho da puta que não me deixou subir no palco, tive que voltar pro camarim dando a volta por fora do salão.

O resto da noite foi só festa. Mais bate papo com Chimbinha na van da banda, enquanto Joelma atendia outros zilhões de fãs no camarim. Zuação com a cara de duas doidas varridas do fã-clube de São Paulo que tinham me pedido para guardar as bolsas delas enquanto curtiam o show e que não queriam me pacar os cinco Reais que eu estava cobrando pelo exercício da função de guarda-volumes. No fim ficamos todos amigos, peguei carona com eles na van e quase faço Joelma se mijar de tanto rir de minhas notórias palhaçadas e tiradinhas sem noção. Na despedida Chimbinha me mandou um abraço me dizendo que entraria no meu blog. Respondi à altura: "Tudo bem, mas entra devagar pra não arrombar muito". Ainda deu tempo de escutar outra gargalhada de Joelma.

Uma das doidas varridas que me devem R$5,00

Enquanto contemplava a van se afastando em direção ao aeroporto fiquei ponderando a possibilidade de ter acabado de assistir ao show da melhor banda de todos os tempos e de todo o Universo. Rapaz, te juro!

12 comentários:

Caro Timpin, acredito como você que coincidências não existem! Espero muito que os "sinais divinos", munidos de muito esforço, também possam me agraciar de alguma forma (claro, se for merecedor). No mais, texto muito bacana! Você joga duro.

Dooooooooooooooooooidoooooooo... Muito foda o texto.

Adorei o texto.... eu estava lá e vi tudo isso que vc escreveu aí,não ví somente como senti tudo que os fãs malucos que somos sentem,
o mais triste depois de um show, é a ansiedade que vem esperando a bendita agenda da banda do próximo mês ser publicada para ver qual será o nosso próximo destino para ver nossa amada e idolatrada Musa.
Sim ela arrebenta, literalmente não apenas nossos corações como tambem nossas contas bancárias, mas vou te dizer, vale cada centavo.

Beijos
Juliana - Francisco Beltrão PR

Timpin amei teu texto... essa questão de coincidências ou sei lá "sinais divinos" que você se referiu, tive a honra de ter sido digamos assim 'contemplada' com um desses também, mas a banda em questão foi o Grupo Tradição, que quando eu achava que tudo já estava perdido, que a chuva não me deixaria assistir ao show bem de pertinho, ou que eu não iria me encontrar com eles, o mundo resolveu conspirar a meu favor!!!

Foi tudo inexplicavelmente incrivel. Você definiu muito bem o que foi o sentimento de estarmos lá(no meu caso, novamente ao lado deles). No mais, Joelma realmente é todo o jogo completo de carisma, ousadia e poder, que tu descrevestes. Parabéns pelo texto e breve, tomara, que vejamos Calypso novamente por aqui.

Perfeição. Definiu detalhadamente um show da calypso... é assim meeeesmo rsrsrsrsrsrs

PS: sou daquelas que grita muito

CaralhoOO meu amigo! Tô passada!! Raramente vejo descrição tão real e PERFEITA de um show da Banda Calypso...a última vez foi na Ed 177 da Revista FFW Mag em 01/2010.(Fã eu!? Jamais! kkkk)Você foi foda nos comentários e tem a partir de hoje toda minha admiração. Achou loucura o show aí!? Venha pra um Show no Nordeste e verás qual é o Cúmulo da histeria. Joelma&Chimbinha são a frente dos nossos olhos a última Coca-Cola do deserto, mesmo que tenhamos bebido dessa coca no dia anterior, eles são um Vício que não diminui, nunca se satisfaz, JAMAIS SE ACABA. BandaCalypso É A MELHOR BANDA QUE A HUMANIDADE CONHECEU E CONHECERÁ... pq assim como vocÊ recebeu "sinais divinos".. Eu recebo-os de Deus me dizendo que Jamais mandará tamanha perfeição à Terra. Então, APROVEITEMOS NOSSA CHANCE!

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk primeiro adooorei o texto realmente me prendeu a atenção sensacional kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk FÃS da Calypso são tudo loooucos mesmo kkkkkkkkkkkkkkk EXEMPLO= EU e milahres espalhados por ai
O mais engraçado mesmo, foi ver a Itu kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ainda devendo 5 conto manow, kkkkkkkkkkkkkkkkkk juro que me acabei de rir na moral kkkkkkkkkkkkkkkkk tinha que ser a doidinha da Itu pra fazer umas coisas dessas kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk aiaiaia Parabens morri de rir sensacional!

a primeira fotoo ali na frente estou eu da pra ve a ponta do boné rsrs eu ameii o show .. pena ki nao consegui tirar fotoo com a joelma
mas ja to me programandoo pra outroo show .. uma hora eu acertoo :D

eu griteiii muitoo chorrei muitoo rii muitoo fiz de tudo pulei griteii
foi muitoo bom ...

Daiane o. Crefaldi

Sem palavras.
Eis aqui uma fã DOIDA pela Banda Calypso que esperou por 6 anos pra conhecer a banda, tirar foto, autografar cd. Não tenho a menor vergonha de dizer que chorei de emoção e quase mijei nas calças.
Sábado passado, dia 29/10, eles estiveram aqui em Natal-RN. E eu estive lá,claro!

Calypsooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo!

Isso que você falou no seu post me ver crer que com certeza foi uma questão divina, e sinais de Deus você ter ido no Sertanejo Play, e conhecer o Villa Baggage, e pra gente um grande orgulho conhecer um figura tão legal e engraçado... Prazerzaço mesmo...
Beijos.

Cara, tu continua o mesmo Foda de sempre. Muito bom teu texto. Muito inteligente. Parabéns!

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