terça-feira, 28 de agosto de 2012

Tradição Sudoeste´s Paraná Tour 2012 - parte 1


Prelúdio

Quatro horas da manhã de uma quinta-feira de agosto de dois mil e doze. Ponto de ônibus do Bairro São Dimas em Colombo, região metropolitana de Curitiba. O frio é cortante e a neblina tocada por uma leve brisa parece esfregar na cara quem manda naquela porra chamada madrugada. Minha mochila preta é a única companheira e toda vez que a olho flagro olhando também pra mim, relembrando-me minha missão: acompanhar o grupo Tradição em sua turnê pelo sudoeste do Estado do Paraná.

A principio não irei sozinho. Uma amiga fará o papel de cinegrafista amadora. Pura frescura. Nada mais que uma jogadinha para não viajar sozinho e de quebra, conseguir algumas fotos com uma gata para postar no Facebook e posar de gostosão nas redes sociais. O nome disso é babaquiçe.

O frio não arrega, mas o ônibus chega. Monte Castelo-Guaraituba. É o primeiro de pelo menos três, para tentar chegar na rodoviária antes das oito da manhã.

Corta para o Terminal Guadalupe.

Introdução

Todos os ônibus chegaram rápido e no vazio do trânsito da madrugada, antes das seis da manhã estava no centro. Como na rodoviária é embaçado sair toda hora pra fumar, optei por matar um tempo no Terminal do Guadalupe. O frio estava cada vez mais filho da puta. Pelo meus cálculos a amiga já deveria estar acordando para se arrumar e chegar antes das oito na rodoviária. Com as mãos trêmulas vasculhei os bolsos atrás do celular para telefonar. Do outro lado da linha uma voz sonolenta me informa que não, o combinado não era antes das oito na rodoviária, mas sim antes das treze.

Desliguei o telefone amaldiçoando todas as espécimes viventes sobre a face da terra, animais e vegetais, mas principalmente e mais especificamente eu mesmo.

Cena 1

Cagar fora do penico é humano, não seriam as pitangas que eu iria chorar. A vida deve ser vivida em toda a sua eterna e imorredoura essência. As seis da manhã de uma quinta-feira o Terminal do Guadalupe fervilha de vida. Bêbados, trabalhadores, loucos, estudantes, vagabundos, putas, pregadores da palavra de Deus, biscateiros, mendigos e um blogueiro.

Pedi uma café, uma Coca-Cola, acendi um cigarro e puxei assunto com uma mulata já na faixa dos quarenta, rosto acabado pelo tempo, corpo conservado pelo alcool e pelo sexo e com uma pinta de ser completamente maluca das idéias. Mas aparentava ter classe, o que é o mais importante. Em dez minutos de Talk Show já tinha levantado a ficha completa da "mina".

Quando jovem tinha sido um espetéculo de mulata. Vivia a vida como ela vinha. Conheceu um grego, casou com ele e teve a primeira filha. Conheceu um argentino, casou com ele e teve a segunda filha. Separada do hermano, de volta ao Brasil, montou uma pousada no litoral paranaense. Até que um dia o pai adoeceu, morreu e ela caiu em depressão e alcoolismo. Entrementes uma vizinha que a anos alimentava um ciúme doentio contra Raquel (esse era o nome da mina) e denuciou ao conselho tutorial que a filha de Raquel estava a dois meses sem ir para a escola.

Raquel perdeu a guarda da segunda filha. Daí o universo de sua vida implodiu e ela passou a viver na rua. Mas repito: sem perder a classe. Do contrário ela não repararia que eu estava tremendo de frio e a um tempão andando de um lado pra outro feito um cão sem dono.

Perguntou de mim, falei por alto que estava meio que perdido no mundo, pelo menos no momento e que, de novo pelo menos no momento, minha maior preocupação era morrer de frio. Daí fomos pra lanchonete, pedi mais um café, ela pediu mais um café (com conhaque) e ficamos nos esfregando, coxas, braços, mãos, dedos, cangotes, na tentativa de ela me aquecer.

Foi assim que eu sobrevivi ao frio da madrugada do Terminal do Guadalupe. As oito horas da manhã haviam chegado e eu peguei o buzum para o trabalho, ao invés da rodoviária e minha ida para o sudoeste do Paraná encontrar o Tradição estava seguramente adiada.

Peguei os contatos de Raquel, trocamos um selinho e piquei a mula para o segundo capítulo da aventura.

1 comentários:

que tragico em timpim.....
anciosa par a ver o resto dos
capitulos,,
sei q naõ vai acabar bem......
a minah histori no começo foi meio parecida coma sua,
e o final igual eheh,,,ferrados..

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