Não existe criatura mais rancorosa do que artista relegado ao ostracismo. Semana passada o cantor - e atual secretário de cultura do estado da Paraíba - causou polêmcia ao afirmar que o governo não pagará por grupos e artistas que “nada têm a ver com a herança da tradição musical nordestina”. E disse mais! Classificou todas as bandas que fazem sucesso comercial na atualidade como "bandas de forró de plástico".
Como assim meu amigo Chico César? Quer dizer que os Aviões do Forró não representam a tradição musical nordestina? A banda Magníficos faz um forró de plástico? Não entrar aqui no mérito do resgate do forró de raiz, qualquer resgate de raizes culturais sempre será algo louvável, isso é óvio. O quero questionar é esse juízo de valor que se faz com a verdadeira música popular brasileira. Música de plástico?
Em fevereio tive o prazer de acompanhar o show da Garota Safada em cima do trio elétrico no evento Abraça Brasil na cidade de Olinda. Pude ver com meus próprios olhos a catarse coletiva que o forro como é tocado atualmente cusa na multidão. Se uma música de plástico tem esse poder, fico imaginando o pandeMônio que causaria uma música de aço.
Chico César é de uma ápoca em que o domínio das gravadoras majors enfiava guela baixo do povo o que a elite achava que ele deveria consumir. Foi a pirataria que fez a balança pender para o lado povo. Foi inclusive na primeira geração pirata - lembram das fitinhas cassete vendidas nos camelôs? - que o forró foi resgatado do esquecimento pela banda Matruz com Leite, criada pelo visionário Emanuel Gurgel. Com o advento do CD e da revolucinária idéia do disco promocional que o empresário Isaias Duarte teve, os Aviões do Forró troxeram mais invovação e popularidade para o gênero.
De plástico é a vida dentro de uma redoma que essas pessoas que se acham de bom gosto e cientes do que é cultura de verdade vivem. É como eu sempre digo, existem dois país dentro do Brasil. Um Brasil que não sabe que o outro existe (quem diabos é Chico César?) e um Brasil que não quer que o outro exista (derrubem este avião do forró!)
6 comentários:
ê timpas, não consegue ver um meio termo na parada, né? essa defesa conservadora da tradição feita pelo chico césar tem um lado importante: bater de frente com máfias de shows (os seus amigos da A3, etc.) ou artistas que não tem a ver com o forró junino (Parangolé, Luan Santana, etc.)
Não é com atitudes assim que se bate de frente com as máfias. Muito pelo contrário, ao deixar tão subentendida assim essa batida de frente, só faz fortalecê-las.
Já a inclusão de artistas que não façam parte do forró junino, isso faz parte da natureza do povo brasileiro de misturar tudo. Se os tropicalista festejam a antropofagia eu celebro a autofagia!
- Se uma música de plástico tem esse poder, fico imaginando o pandeMônio que causaria uma música de aço.
Tu é phodastico mesmo..
timpa, tem que haver um meio termo nisso não podemos também achar que por que o povo gosta é bom, nosso povo não foi educado para saber oque é bom ou ruim , foi educado na base do pão e circo, e apesar de eu ser fã de algumas bandas como finado felipão , garota safada, saia rodada , tb tenho sei que em muitas das suas musicas faz com que as pessoas que nao tem dicermimento se afunde achando que ralar a checa no chão é normal ou dar uma lapada na rachada. ou fazer uma versao de rock internacional , essa é nossa cultura ? temos que tentar mudar isso !achar um meio termo.. grande abraço !
"Chico César é de uma ápoca em que o domínio das gravadoras majors enfiava guela baixo do povo o que a elite achava que ele deveria consumir". Falou tudo.. Rapaz, tudo que é popular ou seja, que o povão gosta eles dizem ser fuleiro, não prestar. E Chico Cesar pra mim é um engodo de artista, não vejo nada de arte nesse homem, cantor?? quantos sucessos?? só me lembro de uma que tocava na novela mas, assim é fácil. Quero ver é ganhar o Brasil como as bandas de forró de plástico como ele diz estão fazendo. E pra encerrar, Chico vai te lascar!
Sinceramente, acho muito interessantes as análises do Timpin. Gosto quando critica o preconceito frente aos gêneros e artistas verdadeiramente populares, que são a música "do povo, pelo povo e para o povo". Mas há questões mais profundas que precisam ser consideradas. A quem se dispuser (e tiverr paciência pra ir até o final) recomendo a leitura do seguinte artigo do clunista James Martins, publicado na coluna Cheio de Arte, do portal Bahia Noticias (o cara foi até o âmago, como diz uma amiga minha): http://www.bahianoticias.com.br/entretenimento/noticias/cheiodearte/2011/04/20/240,chico-cesar-x-forros-de-plastico.html
Destacando alguns trechos:
"Não acredito em tradição estanque, conservada em formol, resguardada em mil preconceitos e medos. A tecnologia faz parte da cultura humana. Se eu fosse contra tocar forró com guitarra e teclado em defesa das sanfonas, teria que ser contra as sanfonas quando estas substituíram as rabecas. E assim regressivamente."
"Não adianta nada enfiar Sivuca na goela da galera em junho, mesmo com licor de jenipapo, se o ano inteiro tudo o que existe é tão distante das barbas brancas e das melodias líricas pungentes do velhinho".
"O mal está na mídia: na Folha de São Paulo, na Rede Globo, na Rádio Metrópole, no Bahia Notícias, que forjam um repertório artístico-cultural reduzidíssimo para a população. A usura dessa gente já virou um aleijão que não será sanado com meros protecionismos de Estado. É preciso criminalizar o jabá [...]".
"se houver uma verba pública para o mercado editorial, você acha que esta deve ser aplicada para publicar um livro do mesmo Haroldo de Campos ou de Paulo Coelho (ou Jorge Amado)? E eu não citei estes nomes pensando em suas literaturas, mas em suas vendagens. É para isto que existe a verba, para dar competitividade a eventos de maior ousadia e menor apelo midiático (ou mediúnico)."
Como diz o outro: sem mais.
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