Eu e Marcão, desde que nos conhecemos - e isso já faz mais de dois bem vividos anos - sempre fomos grandes amigos. Amigos de discordarem um do outro acerca de suas opiniões, discutirem pesadamente e depois voltarem pra casa bêbados e abraçados e rindo de tudo o que aprontaram. Acho que esse é um desses momentos. Certas coisas precisam ser ditas aqui no Cabaret, em resposta a certas coisas que ele disse em seu cafofo Blognejo.
Quando eu e Yago Boufleuer, a quatro meses atrás, denunciamos o Julho Negro da música sertaneja, ele através de evasivas (clique aqui), insinuou que estávamos sendo ortodoxos, chegando ao ponto de afirmar que éramos contra regravações de músicas de bandas de forró, coisa que nunca fizemos, posto que aplaudimos as versões de "Tentativas em Vão" e "Parede de Vidro", que Bruno & Marrone fizeram, respectivamente, de Garota Safada e Saia Rodada. Nossa bronca era com "Assim você me mata" de Michel Teló, que Marcão insistia em aplaudir.
E foi com "Assim você me mata" que Marcão chegou ao ápice na falta de um norte em sua argumentação, quando usou a metáfora mais infeliz da história da crítica da música sertaneja na blogosfera nacional, a fábula do Patinho Feio. No referido texto, argumentou que no principio todos pensavam que a música era feia e que seria um fracasso, mas que no entanto transformou-se num cisne de êxito que fez o Brasil se ajoelhar perante sua beleza.
Só que o ponto não é esse. O ponto nunca foi esse. A minha bronca nunca foi com a música, tanto é que ela está presente na minha coletânea das melhores músicas de forró estouradas no São João do nordeste, em sua versão original com a Cangaia de Jegue. A minha bronca foi com relação às decisões artísticas que Michel Teló tomou para conduzir sua carreira. A escolha dele foi pelo sucesso fácil, pela estética descartável que se insuflou em seu ego após ver o Brasil ecoar seu "Ôôôô!" da abertura de sua "Fugidinha".
O ponto é - e volto a martelar nele, pra ver ser alguém me ouve - Michel Teló está jogando no ralo a grande chance de se tornar um crooner da música romântica brasileira, ou pelo menos de uma música sertaneja que mereça entrar nos anais da história. Ele está perdendo a oportunidade de prosseguir de onde Daniel parou, por pura falta de fôlego ou excesso de dinheiro. E está deixando vazia esta vaga. E esta vaga a qualquer momento pode ser preenchida por um Luan Santana, um Gusttavo Lima ou outro moleque mais esperto e mais talentoso ainda, que é o que não falta nesse momento: gente talentosa querendo mostrar seu potencial.
A música "Ai se eu te pego", retirada de seu contexto malediscente do forró e jogada no sertanejo com uma mega campanha de marketing em cima, em nada a faz superior a uma versão de "Sou Foda", que em seu favor tem pelo menos o mérito de não ter sido retirada de seu contexto, mas sim recontextualizada. Uma música que já era sucesso em forró em versões de diversas bandas ser regravada é uma coisa, um funk totalmente tosco, restrito a um gueto, que foi transformado em sucesso nacional em sertanejo e forró é bem outra coisa, é ruptura!
Tanto é ruptura, que incomou a ala reacionária dos leitores do Blognejo, que não se furtaram em aplaudir o post "Um ano foda para a música sertaneja", um mero genérico tardio e parcial de nosso Julho Negro. Com o agravante de algumas generalizações perigosas, do tipo insinuar que música nordestina seja algo de uma baixa qualidade intrísceca. Isso é sinal de ignorância. Até porque o termo "música nordestina" é muito amplo. Não bastassem a existência de forró, arrocha, brega, pagode e outras variantes na música nordestina, o próprio forró tem várias subdivisões internas.
Além do estilo "risca-faca", que o blogueiro demonstra ser único a conhecer, ainda existe o forró romântico de ícones do naipe de Limão com Mel, Magníficos, Mastruz com Leite, que em termos de qualidade de letra e melodia, na maioria das vezes supera o melhor da produção sertaneja, ainda tem mais. Tem o pessoal da pegada pé de serra, que vai de Amor Real, Boca a Boca, Deixe de Brincadeira, Forró di Taipa e que tem no Forró do Muído seu representante mais pop. E também tem o chamam de "Forró de Vaquejada" cujo maior baluarte é o Arreio de Ouro, com seu carismático cantor Buscapé.
Mas o deslize de Marcão com o forró é o de menos, diante da bronca com o funk. Apesar de ele se reafirmar como "nada contra a putaria", essa reafirmação é contradita com o teor do texto inteiro, que culmina na confissão de um rancor de que o funk seja considerado "manifestação cultural" pela intelectualidade e o sertanejo não. Isso pode até ser verdade, mas não é com um chororô ressentido na pior hora possível que vai se resolver isso. O pessoal do forró poderia choramingar a mesma mágoa com relação ao tecnobrega, os motivos seriam os mesmos. Essa questão é válida? É, mas tudo tem sua hora certa, seu momento certo e seu contexto certo.
Muita porcaria sertaneja foi lançada neste ano, pelo menos isso parece ser um consenso, mas não é um reclamando do forró e outro reclamando do funk, que vai se resolver isso. É louvável que todas essas culturas estejam interagindo entre si, mas precisamos criticar apenas os passos em falso, os deslizes e os desvios de conduta, não a interação, que em si é saudável. Olhem de novo nosso troféu "Assim Você me Mata", tem de tudo lá! Desde regravações, duetos infelizes e até músicas originais, como o caso Fernando & Sorocaba, que ficaram com a medalha de prata, por conta da "Pega eu".
Mas o mais importante do que falarmos merda em nossos blogs - eu mesmo falei ao colocar Henrique & Diego com a "Canudinho" (ficou massa, ora xongas!) na lista negra - é que esse debate esteja sendo realizado e essas coisas sendo ditas. Está mais do que na hora da música sertaneja se repensar não apenas em termos comerciais, mas agora em termos artísticos, para aí sim, ela fazer a elite cultural se ajoelhar diante de uma manifestação cultural autêntica.
Falo isso na condição de amigo da musica verdadeiramente popular brasileira. E amigo, como falei no começo do texto, fala as verdades na cara, briga, dá pití e dá xilique e depois sai de boa. Um forte abraço para o Marcão e que ele continue fazendo seu belíssimo e pioneiro trabalho no Blognejo.
6 comentários:
e eu nunca achei essa musica do michel
uma coisa linda.. ela e ridicula
o Michel parece que so sabe canta esse tipo de musica!
fala serio! quando se trata de LS e GL o michel
não representa nenhum perigo pra eles!
agr o Marcão sem comentarios ele so diz oque lhe convém
e claro! ele eee um puxa saco daquele povinho la ..
Dudu borges, michel télo e e etc! ele nao ia se queimar com eles falano a realidade
porra eu não sei o q o esse povo tem contra o michel cara.não adianta querer mudar isso hoje o maior artista do brasil é o MICHEL TELÓ .
assino em baixo!
Conclusão:
Eu acertei a profecia acerca do Apocalipse Sertanejo (que apenas começa)... ?
Só um problema: Há bem mais por vir ainda... é o começo, e não o fundo, aguardem...
Eu avisei.
Digo o mesmo!!
Anônimo says:
23 de novembro de 2011 04:14 Reply
e eu nunca achei essa musica do michel
uma coisa linda.. ela e ridicula
o Michel parece que so sabe canta esse tipo de musica!
fala serio! quando se trata de LS e GL o michel
não representa nenhum perigo pra eles!
agr o Marcão sem comentarios ele so diz oque lhe convém
e claro! ele eee um puxa saco daquele povinho la ..
Dudu borges, michel télo e e etc! ele nao ia se queimar com eles falano a realidade
lixo, vc tem inveja do mito
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